O Sextas de Poesia faz sua homenagem ao grande poeta Gilberto Gil, aniversariante da próxima semana, dia 26/6. A letra de "Drão" transforma a dor da separação numa das mais lindas canções de amor: "o verdadeiro amor é vão. Estende-se infinito, imenso monolito".
Gilberto Gil, que nasceu em 1942, é um dos mais célebres músicos brasileiros. Ele é cantor, compositor e instrumentista, e foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos de 1960. É autor de músicas consagradas como “Procissão”, “Domingo no Parque” e “Aquele Abraço”.
Gilberto Gil também foi Ministro da Cultura entre os anos 2003 e 2008, e, em abril de 2022, tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL). Eleito para a cadeira de número 20, tornou-se "imortal" como o primeiro representante da música popular brasileira a tomar posse na ABL.
#ParaTodosVerem Foto de um vasto campo de trigo, o foco da foto está em dois pares de pernas e pés que estão levantados para cima, utilizam all star verde e vermelho, enquanto os corpos estão afundados no trigo. Na parte inferior da foto está escrito o poema de Gilberto Gil, em “Drão”:
Quem poderá fazer
aquele amor morrer,
se o amor é como um grão?
Morre e nasce trigo,
vive e morre pão
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) realiza, nos dias 14 e 15 de junho, a Semana do Meio Ambiente Ensp 2023. Com o tema ‘Crises Ambiental e Climática: O caminho dos povos originários, movimentos sociais, da ciência e das políticas públicas’, a programação traz diversas atividades, como o Centro de Estudos sobre crises ambientais e climáticas; Rodas de Conversa sobre ‘ambiente, saúde e emancipação social’; e ‘contaminação ambiental e impacto na saúde’; Oficinas de Alimentação Viva do Projeto Terrapia; apresentação cultural com a banda Ciência e Poesia; além do Espaço Aberto, com atividades e ações que envolvem cuidado, cultura e convívio. A data é uma comemoração em referência ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado pela 50ª vez no último dia 5 de junho. Haverá atividades presenciais e remotas.
A Semana do Meio Ambiente Ensp é organizada pela direção da Escola em parceria com a Vice-Direção de Desenvolvimento Institucional e Gestão (VDDIG) e com apoio do Serviço de Gestão do Trabalho (SGT), do Serviço de Gestão da Sustentabilidade (SGS), do Grupo de Trabalho Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (GT PICS), e da Coordenação de Comunicação Institucional da Enspo (CCI).
Confira abaixo a programação e como participar!
Ceensp, Espaço Aberto e Oficinas de Alimentação Viva
O Espaço Aberto marcará presença nos dois dias de atividades, 14 e 15 de junho, no pátio da Ensp. Nele, serão promovidas diferentes atividades e expressões da relação entre sociedade, saúde e meio ambiente. No dia 14 de junho, o Espaço Aberto oferecerá aulas de yoga laboral às 10h, meditaçãoàs 12h e auriculoterapia às 12h30. No dia 15 de junho, será realizada a Feira Agroecológica Josué de Castro Saberes e Sabores; ação do Projeto Livro em Movimento; Oficina do Imaginário; duas Rodas de Conversa; Exposição e venda de livros e revistas; Exposição de fotos; Ecoponto; entre outras ações.
Na quarta-feira, 14 de junho, às 14h, acontecerá o Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcelos (Ceensp) com o tema “A questão ambiental no contexto político brasileiro”, com transmissão ao vivo pelo canal da Ensp no Youtube e presencialmente na sala 410 da Escola.
No dia 15 de junho, quinta-feira, a programação se estenderá ao longo do dia. O Projeto Terrapia, vinculado ao Serviço de Gestão da Sustentabilidade da Ensp, promoverá duas Oficinas de Alimentação Viva. Uma das 9 às 11h30, com a preparação do tradicional Suco de Clorofila, e uma das 13h às 16h, na qual será preparada a Torta Viva. Os interessados em participar devem realizar inscrição prévia pelos links abaixo. As Oficinas acontecerão no Espaço de Alimentação da Ensp, localizado no andar térreo.
Inscreva-se aqui para a Oficina Alimentação Viva Suco de clorofila
Inscreva-se aqui para a Oficina Alimentação Viva Torta Viva
A alimentação viva proposta pelo Projeto Terrapia tem como base a ingestão de sementes germinadas e alimentos crus de origem vegetal, visando valorizar a vitalidade contida nos mesmos na perspectiva da promoção da saúde e da agroecologia.
Rodas de Conversa e Intervenção Cultural
No dia 15 de junho, quinta-feira, às 10h, a Roda de Conversa ‘Ambiente, saúde e emancipação social em periferias urbanas: experiências em favelas e ocupações no Rio e Salvador’ debaterá as experiências e aprendizados da pesquisa ‘Conexões entre agroecologia, moradia digna e cuidado na construção de territórios urbanos sustentáveis e saudáveis em tempos de Covid-19’, realizada pelo Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes/Cesteh/Ensp/Fiocruz), coordenado pelo pesquisador da Escola, Marcelo Firpo, que participará da atividade junto com outros convidados.
Na quinta-feira, às 12h, a Banda Ciência e Poesia entrará em cena para uma intervenção cultural. A banda é um projeto transdisciplinar e intercultural, coordenado pelo pesquisador da Ensp, Paulo Basta, que também é médico, compositor e produtor cultural. Segundo ele, resultados de pesquisas dedicadas à valorização cultural e à promoção da saúde e dos direitos dos povos originários do Brasil se fundem com ritmos e batidas nativas, revelando por meio de canções temáticas, videoclipes e performances artísticas o quê há de mais autêntico na cultura brasileira.
+ Saiba mais sobre a banda Ciência e Poesia.
Ainda no dia 15 de junho, à tarde, a partir das 14h, será realizada uma Roda de Conversa com o tema ‘Contaminação das múltiplas matrizes ambientais e seus impactos na saúde’, que contará com a participação do pesquisador da Ensp, Paulo Basta, entre outros convidados.
#ParaTodosVerem Imagem 1 Banner com quatro fotos, no topo está escrito: Dia Mundial do Meio Ambiente, crises ambiental e climática: O caminho dos povos originários, movimentos sociais, da ciência e das políticas públicas; abaixo informações sobre dia e local do evento. Na primeira foto há um homem e uma mulher vestidos com adereços indígenas, pinturas e um cocar, no fundo da foto um mapa do Brasil. Na segunda foto, ao lado da primeira, há diversas pessoas indígenas com pinturas no corpo, colares e cocar, um deles segura um papel com a bandeira do Brasil. Na terceira foto, abaixo da primeira, o foco da foto é uma mão com luva segurando um pequeno tubo de plástico e há um desenho do DNA. Na quarta foto uma pessoa segura um cartaz escrito: "Queremos políticas climáticas".
#ParaTodosVerem Imagem 2 Banner com duas fotos no topo, na primeira foto há um homem e uma mulher vestidos com adereços indígenas, pinturas e um cocar, no fundo da foto um mapa do Brasil. Na segunda foto, ao lado da primeira, há diversas pessoas indígenas com pinturas no corpo, colares e cocar, um deles segura um papel com a bandeira do Brasil. Abaixo a programação das ações do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Sextas de Poesia desta semana homenageia Ana Cristina Cesar, que faria 73 anos hoje. Poeta de privilegiada consciência crítica, para quem a literatura e a vida eram indissociáveis. Ana Cristina destacou-se na década de 1970 com uma poesia intimista marcada pela coloquialidade e com seu talento para vertentes diversas da atividade intelectual.
Sua poética – tal como a sua existência – foi tecida em trânsito e, como nos disse ela mesma em seu poema Recuperação da adolescência: é sempre mais difícil ancorar um navio no espaço.
Leia mais sobre a autora em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/257/ana-cristina-cesar--vida-curta--longa-travessia
#ParaTodosVerem Pintura de um casal, estão com os rostos próximos um ao outro, a mulher coloca a mão no rosto do homem, ele usa terno azul, blusa branca e gravata azul. Ao lado direito da pintura, o poema de Ana Cristina César:
Apaixonada
saquei
minha arma
minha alma,
minha calma,
só você não
sacou nada.
O Sextas de Poesia faz sua homenagem a Olga Savary, poeta que completaria 90 anos no dia 21 de maio, e, lamentavelmente, nos deixou em 15 de maio de 2020, vítima da Covid-19. O poema escolhido foi, "Pitúna-Ára", ou noite-di em Tupi guarani, no qual a poeta de tantas palavras parece se despedir: "Deixo o mel e ordenho o cacto: cresço a favor da manhã"
Pioneira, avançada, culta e belíssima, Olga também ficou conhecida por ter sido a primeira mulher brasileira a lançar um livro de poemas eróticos. No Brasil, foi a segunda pessoa a publicar haikais*, o primeiro foi um homem. Olga era poeta, e não “poetisa”, termo que ela não gostava.
#ParaTodosVerem Foto de dois pés descalços no chão com piso de taco (de madeira), na foto o poema de Olga Savary, Pitúna-Ára.
Exilada das manhãs,
de noite é que me visto.
Caminho só pela casa
e o viajar na casa escura
faz soar meus passos mudos
como em floresta dormida.
Me vêem, eu que não me vejo,
as coisas — de corpo inteiro.
Aonde me levam estes passos
que não soam e que não vão:
às armadilhas do vôo
como a paisagem no espelho
espatifado no chão?
O escuro é tanque de limo
para minha sombra escolhida
pela memória do dia.
Deixo o mel e ordenho o cacto:
cresço a favor da manhã.
Rio, 1972
In: SAVARY, Olga. Sumidouro. Pref. Nelly Novaes Coelho. Il. Aldemir Martins. São Paulo: Massao Ohno: J. Farkas, 1977.
NOTA: Pitúna-Ára (tupi) = noite-di
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: aos trabalhadores, em comemoração ao dia 1° de maio; e ao nosso compositor, escritor e poeta Chico Buarque, com a sua composição "Construção". Em 2019, Chico foi o vencedor da 31ª edição do Prêmio Luiz Vaz de Camões de Literatura, mas o ato de entrega não foi assinado pelo então presidente Bolsonaro. Agora, após quatro anos, ele finalmente recebeu o Prêmio, que foi assinado pelo presidente Lula. A premiação é entregue pelos governos de Portugal e do Brasil, e é a mais importante condecoração da língua portuguesa.
"Por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço o gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como gajo [moço] que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e o cheirinho de alecrim”.
Na ocasião da entrega, realizada 24 de abril de 2023, Lula destacou que Chico Buarque conseguiu, em suas obras, transformar o cotidiano das pessoas em poesias extraordinárias. “Ele conseguiu sintetizar as paixões e os desejos de tantas Joanas e Joões, de tantas Teresas e Josés Costas, de tantas Genis e Pedros pedreiros, de tantos guris e mambembes de nossa gente”, disse.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras! Viva o poeta Chico!
#ParaTodosVerem No fundo do banner tem uma foto de um muro em construção, no topo da imagem há diversos registros detalhados de olhos, bocas e pernas de pessoas.
No centro da imagem um poema de Chico Buarque com o nome Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima..
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe paque..
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
O Sextas desta semana celebra o Dia Mundial da Poesia. A data é comemorada por ser a forma mais antiga de arte com as palavras, já que toda a Literatura começou por meio da tradição oral, precursora da poesia que temos hoje. A primeira forma de produção “literária” consistia em versos orais, geralmente acompanhados de uma lira (instrumento musical).
Comemorado em 21 de março, o dia foi instituído pela Unesco em 1999, e busca reconhecer os movimentos poéticos e a tradição literária, incentivar a leitura, promover a diversidade linguística e celebrar essa forma de arte, entre diversos outros objetivos.
Viva a poesia! Escrever um poema é, como já dizia Drummond, “penetrar surdamente no reino das palavras”.
Esta semana, o Sextas de Poesia traz José Eduardo Agualusa com o poema "Acalanto de um rio", que integra o livro "O vendedor de passados", uma de suas obras mais premiadas. Nele o autor faz uma reflexão sobre a construção da memória e os seus equívocos, "nada passa, nada expira. O passado é um rio que dorme..."
José Eduardo Agualusa é um dos mais importantes escritores em língua portuguesa da atualidade. Nascido em Angola, mudou-se ainda jovem para Portugal para estudar agronomia e silvicultura, mas acabou alterando a sua carreira para o jornalismo. Sua obra foi traduzida para mais de 25 idiomas.
O Sextas de Poesia homenageia os 100 anos de nascimento de Eugénio de Andrade, um dos maiores poetas portugueses contemporâneos. Tem obras publicadas em várias línguas, tendo recebido o Prêmio Camões em 2001.
É dele o poema "Sê tu a palavra", no qual os silêncios e as palavras duelam, superação e liberdade, ausência de palavras e medo de amar.
Eugénio de Andrade, pseudônimo de José Frontinhas Neto, nasceu em Póvoa de Atalaia, pequena aldeia da Beira Baixa, em Portugal, no dia 19 de janeiro de 1923.
Para os Yanomami, "urihi", a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica (o que chamamos de “natureza”). Trata-se de uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e não humanos. Como tal, se encontra hoje ameaçada pela predação de invasores, garimpeiros e madeireiros, resultado da conivência e incentivo do então governo brasileiro. As cenas dos Yanomamis doentes, em que pelo menos 570 crianças foram mortas pela contaminação de mercúrio ou desnutrição grave é chocante.
Com isso, o Sextas de Poesia faz uma homenagem esta semana ao povo Yanomami, com a música de Milton Nascimento e Fernando Brant “Yanomani e Nós”, que é um canto de dor, um lamento e também uma esperança: “A dor vai nos unir, O fim da dor começa é assim”. Que o amor chegue pra ficar e as casas-família voltem a sorrir.
Em 13 de dezembro de 1968, dia em que a ditadura brasileira instituiu o AI5, o poeta Vinícius de Moraes estava em Lisboa. Do palco, comunica ao público sua tristeza com a situação do Brasil e lê seu poema “Pátria Minha”. Quando sai do hotel, o Poeta se vê cercado por salazaristas revoltados com seu discurso contra a ditadura. É aconselhado a usar uma porta alternativa. Recusa-se. Sai e olha os manifestantes raivosos.
Então, ergue a voz e recita o poema escolhido para o Sextas de Poesia desta semana, “Poética”, onde termina reafirmando:
“Eu morro ontem, Nasço amanhã
Ando onde há espaço: – Meu tempo é quando”.
A obra que ilustra esta edição é de Frans Krajcberg, Galhos e Sombras, que foi vandalizada no Palácio do Planalto, junto a outras tão caras ao patrimônio cultural e artístico brasileiro, como Di Cavalcanti e Bruno Giorgi.
A poesia é subversiva, como a “flor que brota do asfalto”, de Carlos Drummond – que disse sobre Vinícius: Não esquecer que o amor é uma força revolucionária avassaladora, a mais temida por toda forma de opressão.
*com informações do blog Brasil e Desenvolvimento.