O Sextas de Poesia traz o poema de Conceição Evaristo "Vozes-mulheres", em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. A iniciativa nasceu em 1992, ano do 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana, que, além de propor a união entre essas mulheres, visava também denunciar o racismo.
Que sejamos vozes de vida-liberdade!
#ParaTodosVerem Banner colorido, no topo a imagem gráfica de uma mão nas cores rosa e azul, na parte inferior do banner desenhos de mulheres negras, no centro o poema 'Vozes-Mulheres', de Conceição Evaristo:
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as
nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas
caladas
engasgadas nas
gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem - o hoje-
o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a
ressonância
o eco da vida-
liberdade.
Nosso escritor e poeta homenageado desta semana é o moçambicano Mia Couto, aniversariante, nascido em 5 de julho de 1955, na cidade de Beira. Com o poema "Idade", ele nos convida a sentir o tempo, e sua imensidão: "a idade que tenho só se mede por infinitos".
Mia Couto mostra sempre uma narrativa emotiva e afetuosa para resgatar a luta, a resistência e a construção de novas vidas, humanizadas. Dentre os muitos prêmios literários com os quais foi contemplado, está o Prêmio Neustadt, em 2014, tido como o Nobel Americano, e o Prêmio Camões, que venceu em 2013. Neste ano, o poeta também foi homenageado com a criação do Prêmio Literário Mia Couto, pela Cornelder de Moçambique e a Associação Kulemba. A iniciativa, que está em sua primeira edição, pretende estimular a produção literária de qualidade em Moçambique, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente no país.
#ParaTodosVerem Foto de uma criança negra sorrindo, ela segura o desenho de uma câmera laranja posicionado sobre os seus olhos. No lado esquerdo da foto o poema “Idade” de Mia Couto
O "Sextas de poesia" faz sua homenagem ao poeta português Daniel Faria, que nasceu em Baltar, pequena vila portuguesa, em 1971. Estudou Teologia na Universidade Católica, licenciando-se mais tarde em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Após os estudos, optou pela vida monástica e ingressou no Mosteiro Beneditino de Singeverga, onde iniciou seu noviciado. Um poeta com curta passagem pela vida, morreu aos 28 anos, em junho de 1999. De uma personalidade estóica, deixou vários livros, belos poemas, com uma pesquisa interessante das possibilidades, no fim do século, de uma lírica pura, pesquisa que liga sua poesia à linhagem dos primeiros modernistas.
No poema escolhido para este Sextas, ele nos convida a "guardar a manhã...", texto publicado na obra O Livro do Joaquim.
#ParaTodosVerem Banner com a foto de uma árvore com poucas folhas, do lado esquerdo da árvore está de noite com a lua no céu, desse mesmo lado está o início do poema de Daniel Faria, onde está escrito: "Guarda a manhã para a tua noite" do lado direito está amanhecendo com o sol entre nuvens, com a outra parte do poema: "Para que possas sempre adormecer."
O Sextas de Poesia de hoje apresenta o poema de um escritor nórdico, Kjell Heggelund, nascido em Hamar, Noruega. Foi um grande pesquisador da literatura, editor, poeta, tradutor e crítico literário norueguês. Ganhou vários prêmios e escreveu diversos livros ao longo de sua carreira.
O poema escolhido para esta semana é "Expectativas", um lindo texto que, entre a noite e o dia, nos fala sobre colher o "doce fruto da manhã".
#ParaTodosVerem Foto de um cavalinho de balanço de madeira, atrás dele há uma janela onde entra a luz do sol com vista para uma área arborizada. No centro da foto, o poema de Kjell Heggelund.
O Sextas de Poesia faz sua homenagem a Rita Lee, e a todas as mães que, como ela, querem ser amadas, querem ser felizes!
Rita Lee é uma das maiores cantoras e compositoras da história da música nacional. Ela viveu até 75 anos e, durante seis décadas de carreira, foi referência de criatividade e independência feminina, sem nunca perder a liberdade e a irreverência. Sempre moderna, Rita recebeu o título de “rainha do rock brasileiro” quase naturalmente, mas ela achava “cafona” - preferia “padroeira da liberdade”. Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, e faleceu em 8 de maio de 2023. Sua história de amor de 47 anos com o instrumentista Roberto de Carvalho originou três filhos e dois netos.
Nesta edição de Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, 14 de maio, o Sextas traz trechos de diferentes músicas de Rita Lee que falam sobre o amor materno.
#ParaTodosVerem Banner com uma foto de Rita Lee com seu filho ao fundo, uma mulher branca de franja e cabelos curtos ruivos com um menino de cabelo castanho nos braços, por cima da foto um filtro laranja e letras de música da Rita Lee:
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz…
Rita Lee - Todas as mulheres do mundo, 1993
Estou no colo da mãe natureza
Ela toma conta da minha cabeça…
Rita Lee - Mãe natureza, 1974
Sou representante de uma porção de perguntas, respostas, dúvidas… não há mensagem, apenas procuro ficar junto com eles.
Rita Lee - FSP, 1978
Hilda Hilst foi poeta, cronista, dramaturga e ficcionista brasileira. Ela fez parte da “Geração de 45”, que buscava a reabilitação de regras mais rígidas para a composição do verso. Foi considerada uma das maiores escritoras do século XX. Homenageada na Flip em 2018, a escritora, que em abril de 2023 completaria 93 anos, tem um de seus poemas no Sextas de Poesia dessa semana, com leveza "no caminho do vento".
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: aos trabalhadores, em comemoração ao dia 1° de maio; e ao nosso compositor, escritor e poeta Chico Buarque, com a sua composição "Construção". Em 2019, Chico foi o vencedor da 31ª edição do Prêmio Luiz Vaz de Camões de Literatura, mas o ato de entrega não foi assinado pelo então presidente Bolsonaro. Agora, após quatro anos, ele finalmente recebeu o Prêmio, que foi assinado pelo presidente Lula. A premiação é entregue pelos governos de Portugal e do Brasil, e é a mais importante condecoração da língua portuguesa.
"Por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço o gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como gajo [moço] que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e o cheirinho de alecrim”.
Na ocasião da entrega, realizada 24 de abril de 2023, Lula destacou que Chico Buarque conseguiu, em suas obras, transformar o cotidiano das pessoas em poesias extraordinárias. “Ele conseguiu sintetizar as paixões e os desejos de tantas Joanas e Joões, de tantas Teresas e Josés Costas, de tantas Genis e Pedros pedreiros, de tantos guris e mambembes de nossa gente”, disse.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras! Viva o poeta Chico!
#ParaTodosVerem No fundo do banner tem uma foto de um muro em construção, no topo da imagem há diversos registros detalhados de olhos, bocas e pernas de pessoas.
No centro da imagem um poema de Chico Buarque com o nome Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima..
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe paque..
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
O Sextas de poesia chegou na quarta-feira para homenagear os povos indígenas, neste dia de luta que se tornou o 19 de abril. O texto "A mãe do Brasil é indigena" de Myrian Krexu - primeira cirurgiã cardiovascular indígena do Brasil -, mostra essa força ancestral e a diversidade. "Ele não está apenas na aldeia tentando sobreviver, ele está na cidade, na universidade, no mercado de trabalho, na arte, na televisão, porque o Brasil todo é terra indígena".
Myrian, nascida no município de Xanxerê, no interior de Santa Catarina, viveu os primeiros anos de vida na Terra Indígena Rio das Cobras, maior aldeia em tamanho e população do estado do Paraná, e pertencente à etnia Guarani Mbyá, localizada à margem esquerda do Rio Guarani.
Na voz de Maria Bethânia, a poesia repercutiu com enorme força comunicativa e se transformou em memória viva da nossa história. Aumente o som e viva os povos indígenas. A mãe do Brasil é indígena!
O Sextas de Poesia desta semana apresenta Paulo Mendes Campos, grande poeta e um dos maiores cronistas do Brasil. O poema escolhido para hoje, "Três coisas", fala sobre o que, na verdade, ele não pode entender: o tempo, a morte e o olhar da amada. Ele nos fala do tempo e da eternidade, onde o instante é tudo.
Em 1937, Paulo Mendes Campos, conheceu o adolescente de mesma idade Otto Lara Resende, em São João del-Rei, Minas Gerais, que seria seu amigo de toda a vida. No ano seguinte, em Belo Horizonte, onde passou a morar, os dois rapazes juntaram-se a Fernando Sabino e Hélio Pellegrino. Aí formava-se o lendário quarteto que Otto batizaria de “Os quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse”.
Esta semana, o Sextas recebe a visita de Miguel Torga, importante poeta da literatura portuguesa. Seus poemas mostram o aspecto humanista da obra de um dos principais representantes do Presencismo,
movimento artístico literário que marca a segunda fase do modernismo português.
Com o poema "Bucólica", ele nos traz a vida como uma folha branca, cheia de nadas, que se constrói nos movimentos e nas paradas. De casas, moradias e memórias. Pai, mãe e ninhos. Recomeços e renascimento.
Boa Páscoa!