Estão abertas as inscrições para os cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), fruto de parceria entre a Fiocruz, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). As inscrições terminam às 10h do dia 30 de abril e devem ser feitas exclusivamente por meio do e-mail ppgbiosselecao@nubea.ufrj.br.
Serão oferecidas 21 vagas para o mestrado e 28 para o doutorado. O período letivo vai começar em agosto de 2024.
Confira o edital para o mestrado
Confira o edital para o doutorado
Sobre o PPGBIOS
O PPGBIOS começou em 2010, como o terceiro programa de pós-graduação em bioética a se constituir no Brasil, o segundo com doutorado, tendo como objetivo o desenvolvimento do campo, que inclui a formação de professores/pesquisadores, a pesquisa científica e a inserção social e profissional dos seus egressos. O programa reúne um conjunto de atividades e disciplinas marcados pela pluralidade de abordagens teóricas e perspectivas metodológicas, além de acolher diversas preocupações morais que se inscrevem nos mais diferentes âmbitos de produção da vida, desde questões relativas ao cuidado individual e à justiça social até problemas ligados às políticas e intervenções ambientais.
A Fiocruz dará início à 3ª Pesquisa dos Egressos a partir de maio de 2024, voltada para egressos dos programas de pós-graduação stricto e lato sensu - especialização, residência, mestrado e doutorado - formados a partir de 1º de agosto de 2020 até 30 de abril de 2024. Os ex-estudantes receberão, por e-mail, um link com um questionário sobre o período posterior à formação na Fiocruz.
A Fundação busca, com mais este levantamento, alimentar o sistema de acompanhamento de egressos, de caráter contínuo, e integrado ao sistema de gestão acadêmica da instituição. Com ele, cada unidade pode acompanhar a trajetória de seus alunos, desde o processo seletivo até o final do curso, incluindo diferentes intervalos de tempo após a conclusão.
Para mais informações, entre em contato com o e-mail egressos.fiocruz@fiocruz.br.
*Com informações de Isabela Schincariol
*Lucas Leal é estagiário sob supervisão de Isabela Schincariol
Desde 2021, a instituição reserva vagas para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas, permitindo o acesso à qualificação em alto nível e produção de conhecimento com representatividade
A enfermeira colombiana Yuri Consuelo Rodrígues Rodrígues nasceu em Mitú, cidade do estado de Vaupés, que faz fronteira com o Amazonas, no Brasil. É a segunda filha de uma mulher indígena analfabeta que se desdobrou atuando em casas de família para pagar os estudos dos filhos. Em 2005, ela concluiu o ensino médio. Foi bolsista na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, onde realizou sua graduação de 2006 a 2010. Recentemente, Yuri foi a primeira indígena a concluir o curso de mestrado do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), oferecido pela Fiocruz, apresentando a dissertação “Vigilancia Comunitaria en Salud y Resistencia Decolonial en la Comunidad Indígena Yararaca de Vaupés-Colombia Frontera con Brasil”.
A produção científica de Yuri irá se somar, em breve, aos conhecimentos produzidos por Hamyla Elizabeth da Silva Trindade e Luiz Carlos Ferreira Penha, doutorandos do mesmo programa. Juntos, eles formam o trio de alunos indígenas selecionados por meio da política institucional de ações afirmativas e inclusivas da Fundação Oswaldo Cruz. Em 20 de setembro de 2021, em um movimento pioneiro na pós-graduação, a Fundação instituiu a Portaria 491, que orienta a reserva de 30% da totalidade de suas vagas nos processos seletivos lato e stricto sensu para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas. Um passo importante rumo à equidade e fortalecimento da saúde dos povos originários brasileiros.
A política de reserva de vagas para indígenas tem como objetivo promover a inclusão e a representatividade na saúde pública brasileira, especialmente em áreas como a saúde coletiva, a vigilância em saúde e a saúde indígena. “Acho que é uma ação positiva e que é preciso ter esse percentual e representatividade acadêmica que nos permite continuar com as nossas lutas e reivindicações, ajudar-nos mutuamente no território e contribuir para a melhoria da saúde local e fronteiriça”, declarou Yuri.
A ação afirmativa tem o potencial de promover a inclusão, a representatividade e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, contribuindo para a redução das desigualdades e o fortalecimento da saúde indígena no país. “O impacto dessa política é significativo, pois permite que os indígenas tenham acesso a oportunidades de formação, o que contribui para a diversificação e a qualificação dos profissionais que trabalham com saúde indígena. A presença de profissionais indígenas nesses setores pode facilitar a comunicação e a compreensão das necessidades e demandas específicas das comunidades indígenas, promovendo uma abordagem mais adequada e culturalmente sensível”, explicou Andréa Sobral, coordenadora Acadêmica do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz.
É exatamente o que pensa a enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA) e doutoranda do VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Para ela, é fundamental poder contar com a política afirmativa, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências históricas de séculos de injustiça social. “É um meio que o próprio Estado tem de reparar as injustiças sofridas pelos Povos Indígenas, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ainda ocorrem diariamente. Enquanto aluna do doutorado, também quero apresentar essas iniquidades que vivemos e lutar a favor dos meus que ainda se encontram no território, para que eles possam ter a mesma oportunidade que eu tive de fazer uma graduação, um curso de mestrado e doutorado. A educação ofertada em uma comunidade indígena, se comparada à de uma escola numa capital, é diferente. Então é preciso que o acesso dessas pessoas à educação e qualificação em outros níveis também seja diferenciada”, declarou.
Segundo Luiz Penha, biólogo, doutorando do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e também egresso PPGVIDA da Fiocruz Amazônia, o incentivo à participação de indígenas nos programas de pós-graduação também contribui para a ampliação do conhecimento institucional relativo às complexidades e especificidades da saúde indígena. “Com a nossa participação e a política afirmativa, a instituição consegue ampliar a visão e buscar compreender temáticas sob o olhar do indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que há. Todos ganham. É importante que os programas tenham esse tipo de diversidade para contribuir para a construção de políticas públicas de atenção à saúde específicas", comentou.
Com a qualificação em nível de pós-graduação, os profissionais indígenas podem atuar como mediadores entre as comunidades e os serviços de saúde, facilitando o diálogo e a construção de políticas e práticas mais adequadas às necessidades locais. Essa participação pode contribuir para a redução das desigualdades de acesso e qualidade dos serviços de saúde enfrentados por essas populações, especialmente os não aldeados. A formação em alto nível também os capacita para serem formadores de novos profissionais, assim como para atuar na produção de conhecimentos científicos com representatividade.
Na vigilância em saúde, foco do Programa VigiFronteiras-Brasil, a presença de profissionais indígenas vai fortalecer a capacidade de monitoramento e controle de doenças e agravos específicos das populações indígenas, como malária, tuberculose, doenças respiratórias e outras enfermidades endêmicas. Essa participação pode contribuir, ainda, para uma melhor organização do sistema de atenção à saúde da população indígena brasileira, com implementação de estratégias de prevenção mais efetivas que levem em consideração as particularidades culturais, sociais e ambientais de cada nação indígena, além de fortalecer a autonomia e a autogestão das comunidades indígenas na gestão e promover a valorização dos conhecimentos tradicionais e a interculturalidade na atenção à saúde.
O Programa VigiFronteiras-Brasil é uma iniciativa da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério das Saúde e com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
MESTRADO INÉDITO
Em agosto de 2023, a Fiocruz Amazônia, que participa do consórcio para oferta do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz com o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), lançou o primeiro curso de mestrado em Saúde Coletiva voltado exclusivamente para formação de profissionais, docentes e pesquisadores indígenas do Alto Solimões, como forma de diminuir a desigualdade nas regiões mais remotas do país. Foram 52 candidatos de diferentes etnias e municípios da região que se submeteram ao processo seletivo do curso, resultando no preenchimento das 15 vagas oferecidas para sanitaristas indígenas. As vagas foram preenchidas por tikunas, kambebas, kaikanas, marubos, kokamas e kanamaris, dos municipios de Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Amaturá e Santo Antônio do Içá. A iniciativa da Fiocruz Amazônia conta com apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de projeto aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Confira, a seguir, entrevistas com Yuri Rodrígues, Hamyla Trindade e Luiz Penha. Eles compartilharam conosco um pouco de trajetórias profissionais e acadêmicas.
Fiocruz oferece opções de cursos livres a distância com foco na saúde indígena
O Campus Virtual Fiocruz (CVF) é uma rede de conhecimento e aprendizagem voltada à educação em saúde. Além de reunir informações sobre os 50 programas de pós-graduação stricto sensu, cursos de especialização, programas de residência e educação de nível técnica oferecidos pela Fiocruz, o CVF também oferece cursos próprios – remotos e presenciais – e de várias unidades da instituição sobre temas diversos, incluindo a saúde indígena. Confira:
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ENTREVISTA
Formato do VigiFronteiras-Brasil permitiu participação de indígena da Amazônia Colombiana
A enfermeira colombiana Yuri Rodrígues foi a primeira indígena do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz a concluir o curso. Nascida em Mitú, um dos municípios do estado de Vaupés na Amazônia Colombiana, que faz fronteira com o Brasil, tem 35 anos e é indígena do povo Cubeo. O seu trabalho do mestrado foi focado na comunidade indígena Yararaca, de Vaupés, na Colômbia. Entrevistamos a ex-aluna para saber um pouco da sua experiência com a qualificação e os desafios que precisou superar para concluí-la, como a falta de infraestrutura para assistir as aulas e a adaptação ao idioma.
- ¿Dónde vives actualmente y dónde trabaja o trabajó?
Yuri Rodrígues - Actualmente vivo en mi tierra natal, en Mitú. En mi amado terruño me he desempeñado en apoyar, o en algunos casos en la coordinación de diferentes programas de salud pública tanto de la secretaria de salud municipal como departamental, en programas como: vida saludable y condiciones no transmisibles, en el Programa Ampliado de Inmunizaciones, en el Plan de Intervenciones Colectivas y en Vigilancia Basada en Comunidad.
Mi función en los diferentes programas en los que me han contratado ha sido la de liderar localmente la implementación de las políticas, programas o estrategias definidas por el Ministerio de salud y protección Social de Colombia.
- ¿Cómo se enteró del proceso de selección del programa y por qué decidiste hacer tu maestría?
YR - Fue a través de un gran amigo (William Iván López Cárdenas), quien también realizó su maestría en la Fiocruz en Río de Janeiro, y fue quien me compartió el video de la convocatoria, recuerdo que fue en febrero de 2021. Mi pregrado es en enfermería y lo desarrolle con la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá.
Por el poder de convencimiento de mi amigo que me envío la convocatoria; por ser una maestría gratuita; por ser semipresencial y por la bondad que tiene estudiar, la de ampliar el pensamiento, el conocimiento y nuevas formas de reproducir el cuidado de la vida en lugares vulnerabilizados por el mismo estado.
- ¿Puedes describir tu carrera académica? ¿A qué edad empezaste a estudiar y a qué edad empezaste la carrera?
YR - Iniciaré por contar que soy la segunda hija de una mujer indígena analfabeta, por las pocas oportunidades que tuvo, sin embargo mi madre realizó todos los esfuerzos que estuvieron a su alcance para que estudiáramos, inclusive salirse de su comunidad en el caño Cuduyarí para trabajar en casas de familia en el casco urbano y poder pagar nuestros estudios. Inicié mi vida académica a los 5 años de edad en la Escuela Inayá, que luego paso a ser colegio, y allí terminé el bachillerato a los 17 años de edad en el año 2005.
Por mi madrina pude presentarme a la convocatoria de admisión a la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá, donde inicié mi pregrado en enfermería en el año 2006 hasta el 2010, por ser indígena estudie con beca para el sostenimiento, mi trabajo de grado fue en la modalidad pasantía, la cual desarrollé en la Universidad Nacional Autónoma de México, durante el primer semestre del año 2010. En el año 2021, supe de la convocatoria del Programa Vigifronteiras y tuve la oportunidad de presentarme y ser admitida, e iniciar clases en noviembre de ese mismo año.
- ¿Cómo te ayudará la participación en el curso en tu vida profesional? ¿Cuáles son tus expectativas?
YR - Los aportes y aprendizajes de la maestría en mi vida son incalculables. En lo que respecta a la vida profesional, creería que puedo aportar en el desarrollo de investigaciones de salud de tipo social y étnicos acá en el territorio, y continuar trabajando por la dignificación de la vida y de la salud del indígena de la selva amazónica y fronteriza con Brasil.
- ¿Qué importancia, en su opinión, tienen programas como VigiFronteiras-Brasil para la vigilancia sanitaria en las fronteras?
YR - VigiFronteiras es un programa muy importante para territorios fronterizos y vulnerabilizados como el Vaupés, al ser de las pocas o la única oportunidad que tienen los profesionales tanto locales como foráneos de formarse en posgraduación en salud de manera gratuita y con gran calidad humana, académica y científica. VigiFronteiras ha sido un programa muy generoso con sus países vecinos y muy estratégico al fortalecer la vigilancia fronteriza como una necesidad apremiante y actual reto que enfrentan los países.
- ¿Cuál es su opinión sobre los cursos que reservan plazas específicas para los pueblos indígenas? ¿Qué impacto tiene esto en la vida de los indígenas y, en este caso, en la Salud Pública (brasileña y colombiana)?
Pienso que es una acción afirmativa con los pueblos indígenas y que es necesario contar con este porcentaje y representatividad académica, sin embargo podría ser mayor, pues tenemos derecho a formarnos como cualquier otro ciudadano del mundo. El impacto es que nos permite seguir con nuestras luchas y reivindicaciones, ayudarnos en territorio y aportar en mejorar la salud local y de frontera.
- ¿Hay muchas personas de su etnia con la misma formación académica que usted?
En Vaupés pocos logramos formarnos como profesionales debido a que las Universidades se encuentran por fuera y en ciudades grandes, y eso implica altos costos económicos, que pocas familias con grandes esfuerzos lo logran, además la educación superior no es gratuita en su totalidad, entonces estudiar por fuera implica gastos de desplazamientos aéreos ( un solo trayecto puede estar costando alrededor de 500 reales), gastos de hospedaje y manutención, así como gastos de la universidad: pago del semestre acadêmico, fotocopias, compra de libros y elementos que solicita la misma carrera. En todo el departamento contamos con alrededor de 10 indígenas enfermeros.
- ¿Qué le diría a otros candidatos indígenas que deseen realizar un curso como el que ofrece el programa?
Que se presenten, que es una oportunidad única y muy buena, que están en la capacidad de desarrollar y concluir estudios de posgraduación con dedicación y disciplina, que soy un testimonio y que los voy apoyar en la medida de mis posibilidades en las etapas de postulación y en el desarrollo de la maestría, que la forma en que concibe y se vive la vida va a transformarse de manera positiva.
ENTREVISTA
Ações afirmativas: um caminho para a justiça social
A enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), da Fiocruz Amazônia, nasceu e estudou até os 17 anos no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira com a Venezuela e a Colômbia, considerado um dos município mais indígenas do Brasil. Doutoranda do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e colaboradora da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, ela conta como descobriu o processo seletivo para o doutorado e enfatiza que as ações afirmativas são fundamentais para reparar as injustiças sofridas pelos povos indígenas e oferecer oportunidades de acesso à educação de qualidade.
Como ficou sabendo do processo seletivo do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz?
Hamyla Trindade - Eu já estava tentando ingressar no doutorado. Por ser egressa do mestrado da Fiocruz Amazônia, recebemos comunicados sobre editais em aberto. Também tenho o hábito de olhar o site da Fiocruz em busca de informações. Assim eu vi o edital do programa e a oportunidade de me inscrever. O edital também trazia vagas por cota. Vi que haveria mais facilidade de acessar o doutorado pelas duas vagas que estavam sendo ofertadas para indígenas. Não pude perder a oportunidade.
O que achou de o processo seletivo ter um quantitativo de vagas para destinada a pessoas de origem indígena?
HT - É fundamental ter vagas afirmativas, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências da histórica injustiça social. É um meio que o próprio Estado tem de reparar, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ocorre diariamente. Eu não posso dizer que um indígena tem a mesma capacidade de acesso a uma universidade do que uma pessoa que estudou a vida inteira em um colégio de boa qualidade.
O processo de ingresso em um curso superior ou numa pós-graduação não é diferente para o indígena e para o não indígena. Se eu vou disputar com alguém que teve um melhor ensino durante a vida, com certeza eu vou ficar para trás porque, com o ensino da população indígena, a depender de onde se vive e quais condições de acesso a políticas públicas de educação, não é possível ter o mesmo acesso à universidade como alguém que teve o acesso a um ensino melhor durante a sua vida inteira. Então eu preciso que o acesso dessas pessoas seja diferenciado. Considero que as cotas são fundamentais. Elas não diminuem a nossa vulnerabilidade e nem a justiça social será feita, mas ela dá a oportunidade para que a gente consiga ter um mínimo de acesso a esses outros meios e níveis de educação e qualificação.
- Você pode nos contar um pouco sobre a sua trajetória e relação com a sua comunidade?
HT - A minha trajetória profissional não foi por acaso. A minha mãe é técnica de enfermagem. Pelo fato dela trabalhar com a saúde – ela também é indígena assim como meu pai, ambos da etnia Baré, do Alto Rio Negro - fomos orientados a querer nos formar na área. Quando eu terminei o ensino médio aos 17 anos, em São Gabriel da Cachoeira, minha mãe viu uma oportunidade de a gente estudar mais para melhorarmos de vida. Fui para Manaus com 18 anos, para fazer cursinho, uma vez que eu não consegui passar no primeiro vestibular devido ao ensino, no município, ter muitas diferenças em relação à capital.
Eu fiz cursinho um ano e meio e, aos 19 anos, eu consegui passar com vaga de cota na Universidade do Estado do Amazonas. Eu comecei a minha graduação em Enfermagem. Foram cinco anos difíceis. Foi um processo difícil e disputado. Eu me formei em 2012 e voltei para São José da Cachoeira. Fiquei trabalhando no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) com povos indígenas até 2016, quando eu senti a necessidade e vi a oportunidade de continuar me qualificando profissionalmente para que a gente pudesse melhorar o serviço de saúde na minha região.
Em 2016, fui aprovada na seleção do PPGVida na Fiocruz Amazônia. Estudei o período teórico de um ano e retornei para São Gabriel da Cachoeira em 2018 e fiquei lá até o ano de 2021, quando passei na seleção do Programa VigiFronteiras-Brasil. Pelo fato de ser um doutorado híbrido, que precisava de acesso à internet e na minha região o sinal era precário, tive que sair de São Gabriel e vim para o DSEI-Manaus, ainda trabalhando com saúde dos povos indígenas. Atuei no setor de novembro de 2021 até janeiro de 2023, quando já no doutorado, fui convidada para atuar na Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, em Brasília.
Hoje eu moro na capital Federal e atuo na secretaria levando a experiência que tive nesses 10 anos, tanto de formação quanto de atuação na saúde indígena para que a gente consiga realizar planejamentos que sejam exequíveis, que garantam a equidade, que de fato façam uma atenção diferenciada aos povos indígenas.
ENTREVISTA
Indígenas e academia: diversidade e inclusão em políticas públicas e produção científica
O biólogo e mestre em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia, Luiz Penha, é natural de São Gabriel da Cachoeira (AM), município amazonense que concentra o segundo maior número de indígenas do país, segundo o Censo de 2022. Desde 2021, ele é um dos três alunos indígenas do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Em conversa conosco, ele compartilhou um pouco de sua história e da contribuição que pretende levar para o serviço de saúde onde atua.
- Pode nos contar um pouco sobre sua trajetória? Onde você nasceu e estudou?
Luiz Penha - Sou da etnia Tucano, natural de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, onde resido. Iniciei meus estudos no próprio município. Tive a oportunidade de me formar em biologia na Universidade de Brasília (UNB), onde fui aprovado por meio da política de cotas para indígenas. Ao concluir, voltei para trabalhar no município, com saúde indígena. Em 2015, participei do processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDa) da Fiocruz Amazônia, também pela política de cotas. Desde então, temos seguido há mais de 10 anos trabalhando com a saúde indígena, com epidemiologia de malária e da dengue.
- Como ficou sabendo da seleção para o programa e o que você acha dele ter ofertado vagas específicas para pessoas de origem indígena?
LP - O certame foi público. Ficamos sabendo por outros colegas que trabalham na saúde indígena, que compartilharam a divulgação do edital e a gente acabou tendo acesso. Acreditamos que incentivos como esse da própria Fiocruz, de trabalhar essa questão de equidade e diversidade dentro dos seus programas, têm dois lados positivos: do próprio aluno indígena ter a oportunidade de ingressar, e da própria instituição, que consegue ampliar os conhecimentos e buscar compreender temáticas sob o olhar indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que existe. Todos ganham. É importante esse programa ter diversidade e esse incentivo.
- Qual a sua expectativa com o doutorado e com o desenvolvimento da tua tese?
LP - Nossa expectativa como aluno indígena, não só deste programa, mas de outros no Brasil, é tentar contribuir ao máximo, o melhor possível, para as políticas públicas de saúde indígena e para os direitos dos povos indígenas. Nós vimos isso no mestrado, quanto no caminho agora do doutorado, da oportunidade de conversar com outros doutores, com pessoas que são importantes dentro da construção do SUS. Neste caso, que é um programa voltado também à saúde indígena, acreditamos que a formação de doutores indígenas também possa contribuir para o aperfeiçoamento do SUS. Entendemos que é preciso discutir a saúde indígena, que há uma necessidade de ampliar a visão da necessidade de acesso dos povos indígenas ao SUS, mas não apenas dentro do subsistema de saúde indígena, mas do SUS universal, das populações indígenas de contexto urbano, dos aldeados. A ideia é que a gente possa contribuir também na formação de novos alunos. Tem também um lado mais coletivo, de poder ser uma pessoa que pode incentivar outros indígenas a ingressarem na graduação, na pós-graduação.
- Na sua família e na sua etnia você é o primeiro a chegar a esse nível de formação acadêmica?
LP - Dentro da família eu serei o primeiro a estar como um doutorado. Sou o primeiro doutorando. Mas eu vejo que, depois que me graduei e fiz o mestrado, outros primos também se propuseram nesse caminhar também. Alguns estão na pós-graduação, outros se graduaram na saúde. Vemos hoje outros colegas de São Gabriel estudando em outros municípios. A gente brinca que alguns aonde você for no Brasil, vai ter um indígena Gabrielense porque ele está procurando se graduar, não só na área da saúde hoje em dia. Em São Gabriel hoje nós temos uma peculiaridade: temos doutores indígenas em linguística e mestres em outras áreas da educação.
Por isso as políticas de quotas para o acesso as universidades são importantes. E também discutir políticas para apoiar os estudantes dentro desses níveis, tanto na graduação quanto na pós-graduação, porque há um espelhamento de parentes e de outros povos de também buscar o conhecimento. Entendemos que vai ser e tem um retorno de estar contribuindo na forma de construção de políticas públicas, de uma luta e construção dos direitos dos povos indígenas.
- Na sua opinião, que diferença faz ter outro indígena construindo essa política pública, tendo esse olhar diferenciado sobre a saúde?
LP - A importância de vários indígenas estarem atuando dentro dos programas é pela diversidade e representatividade. Nós temos mais de 180 povos, línguas diferentes e realidades diferentes. Entendemos que quanto mais acessibilidade tivermos, vamos poder estar discutindo de fato o que cada povo entende, o que é o sistema de saúde indígena na concepção de cada um deles. Ainda estamos muito distantes de entender a realidade do que é a concepção de saúde no povo Tucano, no povo Munduruku, no Caiapó, do Yanomami. A gente tem a concepção de saúde da OMS. E os anciões? Há um grande universo ainda que não está contemplado. Pode ser eu ou outro indígena que vai entrar em colaboração com um não indígena dentro da academia. A diversidade tem que estar dentro dessas fundações, dentro dos programas, para que isso seja visto e essa diversidade precisa ser contemplada, precisa ter essas peças fazendo parte dessa construção do conhecimento.
Com o propósito de fortalecer e expandir as atividades de pesquisa em Roraima, uma turma inédita de doutorado foi iniciada pelo Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade Federal de Roraima (UFRR).
A iniciativa é viabilizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) através do Programa de Doutorado Interinstitucional (Dinter), que contribui para a formação de doutores fora das regiões com redes de ensino e pesquisa já consolidadas.
“Nosso objetivo é formar doutores em Medicina Tropical em Roraima para que o estado se torne autossuficiente na formação de recursos humanos qualificados nesse campo, impulsionando a pesquisa na região”, destaca Vanessa de Paula, coordenadora da Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC.
Ao todo, 13 profissionais da área de saúde foram selecionados e matriculados no curso, incluindo médicos, enfermeiros, biólogos, biomédicos e educadores físicos.
A cerimônia de abertura ocorreu em março, no auditório da UFRR, em Boa Vista. Representando o IOC, estavam o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação, Paulo D'Andrea, e os coordenadores da Pós-graduação em Medicina Tropical, Vanessa de Paula e Marco Horta.
Da UFRR, estavam presentes o reitor José Geraldo Ticianeli; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Ana Lúcia de Souza; o diretor do Centro de Ciências da Saúde, Júlio César Fraulop Aquino; e a coordenadora do Dinter pela Universidade, Maria Fantinatti Fernandes da Silva.
Além da aula inaugural, foi realizada reunião de alinhamento entre os coordenadores da Pós do IOC e o reitor da UFRR. Os coordenadores também participaram de atividades de campo com os alunos, visitas técnicas e assistiram a disciplinas já em andamento.
Foi realizada, ainda, uma roda de conversa com alunos de graduação da UFRR, na qual foram abordados temas como as pesquisas conduzidas no Instituto Oswaldo Cruz e as modalidades de pós-graduação oferecidas pelo IOC.
Anteriormente, o IOC e a UFRR já haviam formalizado um curso em Dinter por meio do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Biologia Parasitária do Instituto, iniciado em 2015. O programa formou seis doutores, com teses sobre parasitas, vetores e hospedeiros a partir de perspectivas bioquímicas, moleculares, de ecologia e genética (incluindo a milésima tese defendida no Programa).
A proposta de estabelecer um doutorado temporário em Medicina Tropical partiu dos docentes da UFRR, que observaram um interesse de profissionais da região nesse campo de pesquisa.
“É uma parceria bastante promissora por unir expertises de pesquisadores do IOC e de professores da UFRR na orientação desses alunos, que apresentaram linhas de pesquisa extremamente relevantes para a localidade”, afirma Vanessa.
Estão sendo desenvolvidos trabalhos em arboviroses, arenaviroses, doenças transmitidas sexualmente e pelo sangue, hanseníase, hepatites virais, malária, toxoplasmose, entre outros.
“Tenho a certeza de que, ao final dessa colaboração, estaremos com a pesquisa em Medicina Tropical fortalecida em Roraima e manteremos a colaboração de pesquisador para pesquisador com esses novos doutores”, reitera Vanessa.
Ao longo dos anos, os cursos de mestrado e doutorado da Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, que possui conceito 6 na Capes, tem impactado alunos de vários estados brasileiros.
Em 2023, foi celebrado o décimo ano do Dinter entre a Pós-graduação e a Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Foi uma parceria de muito sucesso. Depois de formados, esses doutores já formaram outras turmas de doutorado. Além disso, alguns desses profissionais continuam em colaboração conosco em diversas pesquisas”, relata Vanessa.
No Piauí, mais de 40 mestres foram formados, com estudos de alto impacto e relevância para a saúde local, por meio da parceria com o escritório regional da Fiocruz no estado.
Em Rondônia, a Pós-graduação participa de um consórcio formalizado pela cooperação entre o IOC e Fiocruz Rondônia, onde foi implantado o Programa de Doutorado em Ciências.
O Dinter faz parte dos Projetos de Cooperação entre Instituições para Qualificação de Profissionais de Nível Superior (PCI) da Capes.
Seu objetivo central é facilitar a formação de doutores para integrarem o corpo docente permanente de instituições distantes dos grandes centros de ensino e pesquisa, visando reduzir as atuais disparidades.
Além disso, a iniciativa busca incentivar a produção acadêmica e fortalecer, nas instituições beneficiadas, linhas de pesquisas que abordem as demandas ligadas ao desenvolvimento local e regional. Saiba mais, clicando aqui.
Edição: Vinicius Ferreira
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
#ParaTodosVerem: Foto da mesa de abertura da cerimônia com os participantes do evento.
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recebe inscrições para mestrado acadêmico e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. O Programa tem como objetivo formar mestres e doutores capazes de atuar em pesquisa-ensino-produção da saúde com ênfase nas áreas de Biologia Celular e Molecular e Farmacologia e Imunologia.
Serão oferecidas até 16 vagas para cada modalidade.
As inscrições deverão ser realizadas até 18 de abril.
Interessados no mestrado acadêmico podem conferir aqui o Edital e se inscreverem pelo Campus Virtual Fiocruz.
Interessados no doutorado podem conferir aqui o Edital e se inscreverem pelo Campus Virtual Fiocruz.
Para mais informações, acesse as Chamadas de Seleção.
As inscrições para a primeira turma do Doutorado Profissional em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) estão abertas. Os interessados devem se inscrever até 30 de abril pelo Campus Virtual Fiocruz. São disponibilizadas 25 vagas, sendo 30% delas reservadas para Ações Afirmativas. As aulas serão presenciais, com início previsto para 2 de agosto.
Aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) em 2023, o curso é destinado a trabalhadores que atuam na área de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (CT&I) e na Atenção Primária à Saúde (APS). O objetivo é formar profissionais e gestores com aprofundamento epistemológico, metodológico e técnico-científico em Saúde Coletiva para que possam desenvolver soluções avançadas, inovadoras e transformadoras dos processos de trabalho, atendendo às demandas sociais, econômicas e organizacionais dos diversos setores da sociedade.
Para a coordenadora do Doutorado Profissional, Elyne Engstrom, o curso pioneiro da Ensp é essencial para enfrentar os grandes desafios existentes no SUS e no sistema de CT&I. “O Doutorado Profissional é uma grande conquista porque faz justiça a um processo de amadurecimento e de qualificação do Programa Profissional de Saúde Pública, que existia apenas na modalidade de mestrado." O projeto foi submetido à Capes em janeiro de 2022 e aprovado com nota máxima após um ano e meio.
Ao se inscrever, são necessários os seguintes documentos: diploma de graduação e mestrado; documento de identificação com foto; Currículo Lattes atualizado e salvo em PDF; projeto de investigação; carta de liberação; e comprovante de proficiência em língua inglesa. Para os candidatos que não possuem comprovante de proficiência, é obrigatória a realização da prova de inglês no dia 14 de maio, que tem caráter eliminatório na primeira etapa do processo seletivo.
A seleção terá outras três fases eliminatórias e classificatórias: prova de conhecimentos específicos, análise documental do Currículo e do projeto de pesquisa, além de entrevista. Em caso de dúvidas, envie e-mail para pseletivoss.ensp@fiocruz.br.
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A Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), por meio da Coordenação-Geral de Educação (CGE), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), torna pública a chamada interna destinada a candidaturas para bolsas no exterior na modalidade Doutorado Sanduíche no âmbito do Edital nº 6/2024 da Capes. A Coordenação-Geral de Educação (CGE) será responsável pela coordenação do processo de seleção e divulgação do resultado, segundo as regras do edital. Os Programas de Pós-graduação devem selecionar os candidatos de acordo com a Chamada e as Secretarias dos Programas deverão enviar as propostas pré-selecionadas até o dia 21 de abril de 2024 pelo Formulário de Inscrição.
As bolsas são destinadas aos(as) alunos(as) regularmente matriculados(as) em curso de doutorado de Programas de Pós-Graduação, com nota igual ou superior a 4 (quatro) na última Avaliação Quadrienal da Capes e vinculado à Fiocruz. A bolsa permitirá a realização de parte do curso em instituição no exterior, com a obrigação de retornar ao Brasil após a finalização da bolsa, para integralização de créditos e a defesa da tese. As bolsas são de, no mínimo, três meses e de, no máximo, seis meses e as atividades no exterior devem ter início no período de Setembro a Novembro de 2024.
Atenção! Os Programas de Pós-graduação participantes do Programa Capes-PrInt/Fiocruz poderão indicar estudantes para o PDSE.
A publicação do resultado final no Campus Virtual Fiocruz e formalização por emails aos PPGs está prevista para 30 de abril e poderá ser conferida na página da Chamada.
Acesse a página da Chamada para conferir o Edital e inscreva-se até 21 de abril de 2024!
Com cerca de 50 estudantes provenientes de diferentes estados brasileiros, países da América Latina e África, aconteceu, na manhã do dia 2 de abril, a 10ª edição do Fiocruz Acolhe. O já tradicional encontro promove a integração entre os estudantes ingressantes nos programas de pós-graduação dos campi do Rio de Janeiro e busca proporcionar um ambiente acolhedor, facilitando a adaptação dos recém-chegados à instituição e à cidade. Além dos presentes no RJ, a atividade reuniu alunos de outros estados, que participaram de maneira remota, juntamente com integrantes da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Coordenação-Geral de Educação (CGE), Centro de Apoio ao Discente (CAD), Associação dos Pós-Graduandos (APG), Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa), o Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), o Campus Virtual Fiocruz (CVF) e a Editora Fiocruz, que participaram de uma roda de conversa e dinâmicas de integração. O vídeo do Fiocruz Acolhe 2024 está disponível no canal do CVF no Youtube!
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A mesa de abertura foi formada pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, a coordenadora-geral de Educação, Cristina Guilam, a assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde, Helena Distelfeld, o coordenador da Educação Internacional, Vinícius Cotta, a coordenadora da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas, Hilda Gomes, e o representante da Associação de Pós-Graduandos (APG-Fiocruz/RJ), Matheus Rodrigues da Silva. Todos deram boas-vindas aos estudantes, trazendo, cada um, suas perspectivas sobre o novo momento dos estudantes dentro da Fiocruz, ressaltando as orientações essenciais para a melhor jornada acadêmica possível.
A vice-presidente Cristiani Machado agradeceu a confiança e aposta dos estudantes na Fiocruz para realizarem sua pós-graduação. “Não é simples sair da sua cidade para estudar. Isso denota compromisso, dedicação e também representa um grande investimento na vida pessoal e profissional de cada um”, comentou ela lembrando ainda que o Fiocruz Acolhe foi criado exatamente para auxiliar os estudantes nesse momento que é tão desafiador. “Vocês podem contar conosco, com os coordenadores de cursos, seus orientadores, colegas, e também com o Centro de Apoio ao Discente (CAD) para fazer esse tipo de acolhida e acompanhamento aos estudantes, a Associação dos Pós-Graduandos (APG), a Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa) e o Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris). A Fiocruz é muito grande e diversificada, com inúmeros programas, mas também um conjunto de atividades que vocês terão a oportunidade de vivenciar durante suas formações, além do desenvolvimento de projeto específico de cada um. Que a Fiocruz seja um espaço de acolhimento e vivências positivas. Sejam bem-vindos e sintam-se abraçados!”.
Centro de Apoio ao Discente (CAD)
O Centro de Apoio ao Discente (CAD) é uma instância de diálogo e acolhimento da Fiocruz com todos os seus estudantes, vinculado à Vice-Presidência de Educação Informação e Comunicação (VPEIC), responsável por propor e realizar ações que favoreçam o bem-estar e a integração entre estudantes e apoio em situações que possam interferir no desempenho acadêmico e profissional dos alunos. Destacam-se ações como orientação de alunos e docentes para a resolução de problemas, escuta qualificada e encaminhamento para suporte psicológico e/ou social, participação no Grupo de Acolhimento a estudantes estrangeiros e brasileiros de fora do Rio de Janeiro, realização de pesquisas sobre expectativas e satisfação dos alunos em relação às necessidades acadêmicas, comunicação ativa com estudantes por meio de debates, rodas de conversa, redes sociais e outras estratégias, entre outras muitas ações.
"O auxílio permanência é uma grana que, durante 12 meses, é oferecida a alunos que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica e colabora com a permanência do estudante na instituição, porque entrar muitas vezes é fácil, ficar muitas vezes é difícil. Alojamento, curso de inglês, atendimento educacional, psicológico, a Política de Apoio ao Estudante. O CAD tem um trabalho de inclusão da pessoa com todo tipo de deficiência. Para isso a gente tem uma equipe, um trabalho de comunicação muito intenso”, pontua a coordenadora do CAD, Etinete Nascimento.
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Internacionalização do ensino na Fiocruz
Após a mesa de abertura, deu-se início a uma roda de conversa sobre as políticas de internacionalização do ensino da Fiocruz, que contou com a participação de representantes do CAD, da APG e do Cris, sob moderação da coordenadora adjunta de Educação, Eduarda Cesse. Foram abordadas questões legais, como emissão de vistos para estrangeiros e o papel do Cris enquanto auxiliador nesse processo, e as iniciativas da Fundação visando à internacionalização, seja de estudantes brasileiros ou estrangeiros, como a oferta de curso de inglês, justamente para capacitação da língua inglesa, buscando esse processo de internacionalização da cultura. Para a representante da área de Mobilidade e Convênios Internacionais do Cris, Liliane Menezes, esse é um dos grandes objetivos da Fiocruz. "A gente trabalha em parceria com a VPEIC com iniciativas de internacionalização. O que a gente mais quer é ver estudantes saindo do país e encher a Fiocruz de estrangeiros porque essa diversidade cultural só tem a enriquecer".
Ingressar em uma pós-graduação em outro estado ou até mesmo outro país, como é o caso de diversos estudantes de pós-graduação da Fiocruz, há um receio de como se adaptar a uma nova realidade e como passar por tudo praticamente sozinho, sem a presença de um familiar, por exemplo. A coordenadora-geral da APG-Rio e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (PPGHCS/COC/Fiocruz), Gutiele Gonçalves, ressalta a importância do Fiocruz Acolhe: “é muito importante ter uma rede de pessoas que já passaram por aqui, de professores que incentivam, de ter essa acolhida quando a gente chega, de saber que a gente realmente não está aqui sozinha”, afirma.
A Fiocruz é uma instituição com muitas oportunidades que trabalha para a redução das desigualdades, e o Fiocruz Acolhe é um momento que vai além do acolhimento acadêmico e administrativo. “O sentido é também um abraço, um zelo por quem está fora da sua casa, do seu país. É abrir as portas para a diversidade. Então, cada um de vocês aqui é um militante dessa redução das desigualdades e da inclusão da busca pela diversidade”, pontuou a coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam. “O Fiocruz Acolhe está na sua décima edição e sempre vem buscando incentivar a integração entre alunas, alunos e alunes, além de oferecer as orientações necessárias para os estudantes da fundação. Sintam-se todos, todas e todes muito bem-vindos”, completou Cesse.
Compartilhar, criar redes e se fortalecer
Traçando uma enorme teia, a dinâmica chamada "Eu Compartilho", orientada pela Coordenadora do CAD, Etinete Nascimento, e pela psicóloga do CAD, Mariana Araújo, teve como objetivo dar a oportunidade dos estudantes se apresentarem e compartilharem características da cidade, do estado ou do país de origem, ou algo que faça lembrar, como uma música, um poema, um gosto, para que todos pudessem compartilhar das raízes culturais uns dos outros, levantar questões para aprenderem juntos e que todos os recém-chegados pudessem ser ouvidos, mostrando que as relações criadas entre os estudantes neste momento de desafio - e também de vulnerabilidade para muitos deles -, com seus próprios colegas e também com as estrutura de apoio oferecida pela Fiocruz permitirá que eles sigam mais fortes durante suas trajetórias dentro da Fundação.
O encontro, realizado na Biblioteca de Manguinhos, teve início com um café de boas-vindas e encerrou com uma visita guiada ao Castelo, depois da foto oficial do grupo na escadaria centenária.
Confira abaixo a 10ª edição do Fiocruz Acolhe 2024:
A seleção para o curso de doutorado 2024 da Pós-graduação Stricto sensu em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (PPGMT/IOC/Fiocruz), está com inscrições abertas. São ofertadas até 8 vagas. Candidatos interessados em participar do processo de seleção e concorrer a uma vaga podem se inscrever até 26 de março.
Doutorado em Medicina Tropical
O programa tem como finalidade formar pesquisadores e docentes de nível superior, qualificando-os para o desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas no campo da Medicina Tropical, proporcionando a identificação, manejo de questões associadas a aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e integrar tecnologias estabelecidas e inovadoras para pesquisa na área biomédica para o reconhecimento dos determinantes socioambientais das doenças transmissíveis.
A PGMT tem concentração nas áreas de Diagnóstico, Epidemiologia e Controle (DEC) e Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP).
O público-alvo é formado por profissionais da área de saúde e correlatas portadores de diploma ou ata da defesa do mestrado no ato da matricula, com graduação em Ciências Biológicas, Biomedicina, Medicina, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Medicina Veterinária, Microbiologia, Biotecnologia, Saúde Coletiva e áreas afins, com produção científica expressiva e/ou experiência comprovada, compatíveis com título de mestre, na área de ensino e/ou pesquisa em doenças infecciosas e parasitárias/medicina tropical.
Confira o edital e inscreva-se!
#ParaTodosVerem Banner com a imagem de um inseto no lado superior direito, e o restante separados em formas geométricas azuis e brancas, com as informações do curso. Pós-graduação em Medicina Tropical, doutorado, 2024. Inscrições 11 a 26/3/2024. Serão oferecidas até 8 vagas.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui parceria científica com o Instituto Pasteur de Lille e a Universidade de Lille, da França, e com o objetivo de apoiar o intercâmbio de estudantes e doutorandos, bem como de docentes e pesquisadores, incentivar fortemente as teses de doutoramento em cotutela e responder conjuntamente a chamadas de projetos lançadas por vários órgãos de financiamento, como a Comissão Europeia, a Agence Nationale de la Recherche (França), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Brasil) e muitos outros instrumentos binacionais e internacionais, e continuar construindo mais parcerias científicas com grupos de pesquisa da Universidade de Lille e do Instituto Pasteur de Lille, o grupo de trabalho sobre o tema “Doenças Infecciosas” convida a comunidade Fiocruz-Universidade de Lille-Institut Pasteur de Lille para participar de duas mesas-redondas em formato de webinário nos dias 26 de março e 2 de abril.
As mesas-redondas estão divididas nos seguintes grupos temáticos:
Palestrantes: Fernando Real, Institut Pasteur de Lille; Sabrina Marion, Institut Pasteur de Lille; Dumith Chequer Bou-Habib, Fiocruz; Juliana Perrone Bezerra de Menezes, Fiocruz; Daniela Parada Pavoni, Fiocruz; Augusto Savio Peixoto Ramos, Fiocruz; Flávia Lima Ribeiro Gomes, Fiocruz; Soraya Torres Gaze Jangola, Fiocruz; Patricia Veras, Fiocruz; Mathieu Gissot, Institut Pasteur de Lille; Olivier Robineau, Université de Lille; Luciano Kalabric Silva, Fiocruz; Rubem Figueiredo Sadok Menna Barreto, Fiocruz; Guilherme de Sousa Ribeiro, Fiocruz; e Sheila Cristina Nardelli; Fiocruz.
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Palestrantes: Francois Trottein, Institut Pasteur de Lille; Sylviane Pied, Institut Pasteur de Lille; Theolis Costa Barbosa Bessa, Fiocruz; Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Fiocruz; Tatiana Maron-Gutierrez, Fiocruz; Alessandra Ferreira Dales Nava, Fiocruz; Rafael Mariante, Fiocruz; Jérôme Vicogne, Institut Pasteur de Lille; Marina Mourão, Fiocruz; Roberto Dias Lins Neto, Fiocruz; Cristina Toscano Fonseca, Fiocruz; Andre Daher, Fiocruz; David William Provance Jr., Fiocruz; Yara Maria Traub Cseko, Fiocruz; e Diogo Rodrigo de Magalhães Moreira, Fiocruz.
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As mesas redondas terão duração de 2 horas, compostas por apresentações de 6 minutos de cada palestrante, seguidas de perguntas e discussões livres sobre os temas e a parceria. Os membros das comunidades são convidados a participar destas discussões.