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Publicado em 06/12/2024

Sextas retrata a subjetividade do que é belo

Autor(a): 
Ana Furniel

O Sextas de Poesia desta semana traz Michaela Schmaedel com 'Aproximação'. Poeta brasileira, que nasceu e mora em São Paulo, ela é também editora de cultura. Participou do Curso Livre de Preparação de Escritores (Clipe), na Casa das Rosas, além de oficinas de escrita com diversos poetas brasileiros. É autora do livro Coração Cansado (Penalux, 2020), Quênia – poemas de viagem (Cas’a edições, 2021) e Paisagens inclinadas (editora 7letras, 2022). Ela integra a antologia 'As mulheres poetas na literatura brasileira' (Arribaçã, 2021), na coleção de plaquetes Petits furts, de Josep Domènech Ponsatí, e ainda na antologia lusófona 'A boca no ouvido de alguém' (Através das letras, 2023). Michaela escreve resenhas sobre literatura para jornais e revistas e é editora do podcast Poesia pros Ouvidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#ParaTodosVerem Foto de uma montanha, no pico da montanha há camadas de neve, ao fundo, o céu azul com poucas nuvens. No centro da foto, o poema 'Aproximação', de Michaela Schmaedel:

Da visão do monte
reparo nisto:
a pouca
neve do topo
a falta de árvores
você na penumbra.

A beleza pode
ser isto:
a visão daquilo
que não se tem.

Publicado em 29/11/2024

Sextas reflete que os pequenos sonhos podem ter a imensidão do mar

Autor(a): 
Ana Furniel

O Sextas de Poesia traz o poeta François Rossel, que nasceu em 1955 em Lausanne, na Suíça. Dirigiu as Éditions Empreintes, sua obra poética valeu-lhe o Prêmio Pierre Boulanger em 1984 e, em 1989, o Prêmio Jovens Criadores da Fundação Vaudoise para a Cultura. Faleceu em novembro de 2015.

O poema escolhido foi "Uma gota de água", que faz acreditar que um sonhador pode ter em suas mãos a imensidão do mar.

 

#ParaTodosVerem foto de um mar com o  pôr do sol ao fundo e o céu em cores azul e amarela, e o poema "Uma gota de água".

"Uma gota de água

é suficiente para que o sonhador

-que a tem na sua mão-

acredite que possui

todo o mar.

Ela é suficiente,

ele afoga-se."

François Rossel

 

Publicado em 22/11/2024

Sextas celebra Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra

Autor(a): 
Ana Furniel

Hoje, a história sabe, ou admite, que as origens do Brasil são indígenas, e, apesar da invasão dos portugueses estar nos registros oficiais como "descoberta do país", nosso chão foi forjado por eles e, depois da colonização, em 1500, também pelo sangue dos negros, que foram trazidos como escravos ao Brasil. Após 524 anos da "descoberta do Brasil", o racismo, o preconceito e a discriminação racial em suas diversas formas e instâncias ainda são desafios no país que, segundo o Censo 2022 do IBGE, têm 45% de sua população parda. 

O Sextas desta semana faz alusão ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, com um trecho do samba-enredo “História para Ninar Gente Grande”. A música, que levou a Estação Primeira de Mangueira ao título de 2019, apresenta uma grande reinterpretação da história oficial brasileira apresentada nos livros e valoriza lideranças populares negligenciadas e questiona heróis oficiais. 

Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Este samba foi usado como texto de apoio na redação da maior prova educacional do Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujo tema de 2024 foi "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil", articulando, assim, a história, a ancestralidade e a educação, promovendo o debate de temas relevantes entre os personagens mais capazes de mudar os rumos da história de nosso país, o jovens.

O samba-enredo “História para Ninar Gente Grande” é de autoria de Luiz Carlos Máximo, Silvio Moreira Filho, Danilo De Oliveira Firmino, Deivid Domenico Ferreira Lima, Manuela Trindade Oiticica, Marcio Antonio Salviano, Ronie De Oliveira Machado e Tomaz Disitzer Carvalho De Miranda. 

Vale ressaltar ainda que em 2024 o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra tornou-se feriado nacional. Em sessão especial do Senado para comemorar a conquista, em 19/11/2024, o senador Paulo Paim, que foi relator do projeto de lei, afirmou que foi alta a expectativa pela nacionalização do feriado, por meio da Lei 14.759, de 2023. Ele lembrou que a data remete ao dia da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, importante comunidade de resistência de escravizados durante o Brasil Colonial. Na ocasião da sessão, Paim apontou que seu desejo é que o feriado do dia 20 sirva para a sociedade refletir sobre como pode melhorar a vida de todos os brasileiros, especialmente dos mais vulneráveis. Segundo ele, garantir o exercício pleno da cidadania também é combater o racismo e a exclusão, reduzindo as desigualdades. Ele defendeu a manutenção de políticas inclusivas de educação, a exemplo da instituição das cotas nas universidades públicas e no serviço público, Previdência Social justa, emprego digno, salário decente, bem como a presença da história e do estudo da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas brasileiras.

A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, homenageada com o samba da Mangueira de 2018, sofreu um atentado, junto com seu motorista Anderson Gomes, em 2018. O caso de homicídio teve sua sentença definida também em 2024, quando, em 31 de outubro, seus assassinos confessos foram condenados a mais de 70 anos de prisão. O crime político que chocou o país e teve grande repercussão internacional, tentou calar a socióloga e mestre em Administração Pública, Marielle Franco, que atuava como presidente da Comissão da Mulher na Câmara. Ela iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré, onde nasceu e cresceu. A vereadora se apresentava como "mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré".

 

 

 

 

#ParaTodosVerem Montagem com várias fotos de pessoas negras, à frente delas há um contorno do Brasil em branco, com o trecho do samba-enredo “História para Ninar Gente Grande”:

Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Publicado em 15/11/2024

Sextas de Poesia homenageia Manoel de Barros

Autor(a): 
Ana Furniel

Foi em 13 de novembro de 2014, na cidade de Campo Grande (MS), que o poeta das desimportâncias partiu. O Sextas de poesia faz sua homenagem a Manoel de Barros, aquele que fala das desimportâncias ou do nada. Muitos dizem que com sua poesia, ele tenta “descoisificar a realidade”. Manoel de Barros tem na palavra o sentido da existência. O trecho escolhido para esta semana é parte do poema 'O apanhador de desperdícios': "Meu quintal é maior do que o mundo...só uso a palavra para compor meus silêncios".

Publicado em 08/11/2024

Sextas retrata o tempo e a vida em homenagem a Cecília Meireles

Autor(a): 
Ana Furniel

Nesta semana, o Sextas de Poesia homenageia Cecília Meireles. Em 9 de novembro de 2024, completam-se 60 anos de sua morte.

O poema escolhido, Interludio, fala sobre seus temas recorrentes: a efemeridade do tempo e a transitoriedade da vida, e sua poesia atemporal. Cecília Meireles foi escritora, jornalista, professora e pintora, considerada uma das mais importantes poetas do Brasil. Sua obra de caráter intimista, destacou-se na segunda fase do Modernismo no Brasil, no grupo de poetas que consolidaram a "Poesia de 30". Ela ganhou vários prêmios, entre eles o Machado de Assis e o Jabuti.

 

 

#ParaTodosVerem Banner com fundo em tom marrom e símbolos de notas musicais no canto esquerdo do banner, as notas estão na cor preta. No canto direito do banner, o poema de Cecília Meireles:

Interlúdio  

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente -- claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.

Publicado em 01/11/2024

Sextas homenageia o poeta argentino Roberto Juarroz

Autor(a): 
Ana Furniel

Nesta semana, o Sextas traz o poeta argentino Roberto Juarroz, que foi ensaísta e crítico. "Poesia vertical” é a sua principal obra, dividida em quatorze volumes, publicados de 1958 a 1997.

A palavra é o que há de mais próprio do homem. Juarroz encontrava na escrita a salvação "o vazio e a vida. E é ali, somente ali, onde descobrimos a salvação pelo vazio". Ele nasceu na Argentina em 9 de março de 1925 e faleceu em 31 de março de 1995.

Publicado em 25/10/2024

Sextas de Poesia homenageia o poeta Antonio Cicero

Autor(a): 
Ana Furniel

O Sextas de Poesia faz sua homenagem ao escritor, crítico literário e poeta Antonio Cicero, que morreu na manhã desta quarta-feira, 23/10, na Suíça.

Autor de várias canções da MPB que se tornaram sucessos e que levaram o poeta a ser cantado, dançado, além de embalar sonhos e noites de toda uma geração.
Cicero fazia da poesia uma letra, ou ao contrário, não importa.
"Meu mundo você é quem faz. Música, letra e dança.
Tudo em você é fulgás..."

Viva Antônio Cícero!

 

 

 

 

 

 

#ParaTodosVerem Fotografia vista de cima de uma paisagem, com campos e lagos, o sol está no horizonte, no céu há diversas nuvens, através das nuvens passam raios solares. No canto inferior direito da foto, o poema de Antonio Cicero:

Vida, valeu.
Não te repetirei jamais.

Publicado em 27/09/2024

Esperançar é a reflexão do Sextas de Poesia, em homenagem a Paulo Freire

Autor(a): 
Ana Furniel

Paulo Freire, que completaria 103 anos em 19 de setembro de 2024, é o autor homenageado esta semana no Sextas de Poesia. O trecho escolhido foi da obra “Pedagogia da esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido”, de 1992, onde o autor faz uma reflexão sobre a Pedagogia do oprimido, um reencontro com ela, com suas vivências em décadas nos mais diferentes cantos do mundo: “esperançar é não desistir... esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”.

Educador e filósofo brasileiro, é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da educação, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira e um dos autores mais lidos no mundo. A Pedagogia do Oprimido é até hoje um livro obrigatório e referência, um livro radical, sobre solidariedade, possibilidades infinitas de diálogo e mudança.

No abraço às possibilidades de Paulo Freire, o Sextas de Poesia celebra mais de 200 edições publicadas. Criado durante a pandemia, o projeto busca compartilhar afetos e acolhimento e nos lembra que educação, cultura e arte andam juntas. Na data de hoje, 27 de setembro, celebramos também 8 anos de lançamento do Campus Virtual Fiocruz na luta pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), através da formação de profissionais de saúde.

+Saiba mais: Campus Virtual Fiocruz: 8 anos apoiando a formação para o SUS

 

Viva Paulo Freire e seu esperançar!

 

Publicado em 20/09/2024

Sextas homenageia a força dos povos indígenas com poema "Silêncio Guerreiro"

Autor(a): 
Ana Furniel

Esta semana o Sextas de Poesia traz o poema "Silêncio Guerreiro", de autoria de Márcia Wayna Kambeba, da etnia Omágua Kambeba, do Amazonas. Geógrafa por formação, ela também é poeta, cantora e compositora. Em sua luta na literatura e na música, aborda, sobretudo, a identidade dos povos indígenas, territorialidade e a questão da mulher nas aldeias. Em 2013, lançou o livro Ay Kakyri Tama, que reúne textos poéticos e fotografias das vivências do seu povo.

No poema, a autora é transparente e adota uma linguagem referencial, direta, com tom testemunhal e de denúncia sobre as agressões à terra, a floresta e aos povos indígenas: "É preciso silenciar
Para pensar na solução
De frear o homem branco
E defender o nosso lar". 

Mais atual, impossível! Assistimos à destruição das florestas, queimada a perplexidade com olhos de fumaça!

 

 

 

 

 

 

#ParaTodosVerem Foto de um indígena com cocar e um arco na mão, ele está de costas e na sua frente uma flecha está no ar, o céu está em tons avermelhados com um pôr do sol. Na foto está um trecho do poema "Silêncio Guerreiro", de Márcia Kambeba:

No silêncio da minha flecha
Resisti, não fui vencido
Fiz do silêncio a minha arma
Pra lutar contra o inimigo.

Silêncio é preciso,
Para ouvir o coração,
A voz da natureza
o choro do nosso chão.

Publicado em 13/09/2024

Sextas de Poesia homenageia Ferreira Gular com poema sobre a dualidade do ser

Autor(a): 
Ana Furniel*

Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, que nasceu em 1930 e faleceu em 2016, celebraria seu aniversário no dia 10 de setembro. Gullar, que foi um dos fundadores do neoconcretismo, procurou sempre apontar em sua obra a problemática da vida política e social do homem brasileiro.

O Sextas de Poesia faz sua homenagem com o poema 'Traduzir-se' do poeta, onde enxergar o outro como dualidade é nos vermos também como seres duais que somos: “uma parte de mim pesa e pondera/outra delira”, num processo de construção contínua de aperfeiçoamento, até o retorno ao nosso centro: “uma parte de mim é multidão/outra parte estranheza e solidão”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*Com informações do portal Domingo com Poesia

#ParaTodosVerem Duas fotos, na primeira foto uma mulher preta com cabelo black power, ela está de costas e veste uma blusa colorida, na sua frente há um muro, o mar e o outro lado da cidade. Na segunda foto há apenas o recorte da silhueta do corpo da mulher, preenchida pela paisagem que estava de fundo na primeira imagem. Embaixo das duas fotos, um trecho do poema "Traduzir-se" de Ferreira Gullar:
Uma parte de mim 
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão 
de vida ou morte-
será arte?

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