Saúde pública; ciências biológicas e biomédicas em saúde; ciências clínicas; ciências sociais e humanas em saúde são os quatro eixos temáticos que a editora Fiocruz vem trabalhando desde 1993 com a intenção de cobrir o vasto campo da saúde e seus múltiplos aspectos. Em um ano repleto de desafios causados pela pandemia de Covid-19, a Editora Fiocruz manteve, em consonância com as muitas respostas da Fiocruz à emergência sanitária, sua principal missão: difundir e ampliar o acesso ao conhecimento científico nas diversas áreas da saúde. Atualmente, a Editora disponibiliza 212 livros gratuitos para download, em acesso aberto, na rede Scielo Livros.
Diante da necessidade de textos que façam a interface com outras áreas do conhecimento, a Editora se organizou também em coleções – Antropologia e Saúde; Criança, Mulher e Saúde; História e Saúde; Loucura & Civilização; Saúde dos Povos Indígenas; Temas em Saúde – e em séries – EpidemioLógica, Trabalho e Formação em Saúde.
Foram 18 publicações ao longo de 2020, incluindo quatro coedições, três coletâneas, uma reedição e uma tradução. O ano também apresentou uma novidade, que confirma a vocação da Editora para favorecer o acesso do público a obras acadêmicas: foi a primeira vez que todos os lançamentos foram disponibilizados também em formato digital.
Os e-books foram publicados na rede SciELO Livros, que, além de obras em acesso aberto, oferece títulos comerciais da Editora com valores mais acessíveis.
Clique aqui para acessar a lista completa de lançamentos e reimpressões da Editora Fiocruz em 2020.
"O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas..." Sempre atual, Carlos Drummond de Andrade ilustra o Sextas de Poesia com o poema "Sentimento do mundo".
Para orientar e informar os cuidadores de idosos no contexto da pandemia da Covid-19, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) lançou nesse mês três novas cartilhas de apoio para esses profissionais. As publicações abordam os temas: luto e solidão, atividades físicas e direitos das pessoas cuidadoras de idosos, e integram o projeto Cuidando de quem cuida, vinculado ao programa Inova Fiocruz, que reúne, ao todo, seis vídeo-aulas e seis cartilhas sobre o assunto. “Tudo foi elaborado em linguagem simples e acessível, algumas com ilustrações, voltado tanto para as pessoas cuidadoras de idosos que são da família, como também as contratadas que atuam de forma remunerada”, ressalta o professor-pesquisador da EPSJV Daniel Groisman, coordenador do projeto e um dos responsáveis pela elaboração do material.
Além de Groisman e de outros pesquisadores da Fiocruz, as cartilhas foram elaboradas com apoio de especialistas convidados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Associação dos Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro (Acierj).
Segundo Groisman, ainda que a vacinação no país tenha sido iniciada em janeiro de 2021, a pandemia ainda deve se manter por algum tempo, dada as dificuldades e o tempo necessário para se imunizar a população brasileira. "A importância desse material se justifica porque nele discutimos questões que se fazem presentes tanto durante a pandemia quanto nos desafios do cuidado no pós-pandemia”, aponta.
Direito das pessoas cuidadoras
Informações sobre os principais direitos das pessoas cuidadoras de idosos durante a pandemia de Covid-19 e como fazer para acessá-los estão reunidas na cartilha Diretos das pessoas cuidadoras de idosos na pandemia de Covid-19. Segundo a publicação, os direitos das pessoas idosas são garantidos por legislações específicas, como a Constituição Federal e o Estatuto do Idoso. “Mas e quanto à pessoa que cuida? Quais são seus direitos?”, questiona a cartilha.
Dentre os principais direitos das pessoas cuidadoras remuneradas e familiares, o documento destaca os direitos à saúde, assistência social, previdência social e justiça. De acordo com Groisman, os direitos estão dispersos em diferentes políticas, setores e portarias e, no material, estão reunidos de maneira fácil. “Ainda que a gente não tenha no Brasil um direito ao cuidado, a exemplo de outros países que têm políticas de cuidado mais avançadas, existem direitos sociais que podem ser acessados pelas pessoas cuidadoras e é importante informar esse público sobre isso”, afirma.
Promoção da saúde física das pessoas idosas
As restrições causadas pelo necessário isolamento social impactaram no nível de atividade física das pessoas idosas, podendo trazer consequências para a sua saúde e para a sua funcionalidade. Pensando nisso, a cartilha Como estimular a pessoa idosa a continuar fisicamente ativa durante a pandemia de Covid-19? foi elaborada com o objetivo de passar orientações gerais para as pessoas cuidadoras sobre a questão das atividades físicas para os idosos. “Nesse cenário pandêmico, tivemos uma diminuição das atividades sociais, das saídas de muitas pessoas idosas, que ficaram dentro de suas casas. Isso traz impactos para a capacidade física ou funcional. A ideia é promover uma rotina mais ativa e de estimulação da funcionalidade e da saúde física”, alerta Groisman.
Como lidar com a solidão e o luto durante a pandemia
A cartilha Como lidar com a solidão e o luto durante a pandemia de Covid-19? foi criada com o propósito de auxiliar aos cuidadores de pessoas idosas a lidarem com a solidão e com sentimentos ligados à morte de parentes, amigos e pessoas com quem mantinham relações de cuidado, sobretudo idosos, ocorridas na pandemia. Groisman destaca que, a princípio, esse tema não seria abordado em uma cartilha, mas que o fato foi reconsiderado tendo em vista o enorme índice de mortes, em sua maioria, de idosos. “A gente achou que era muito importante dar algum acolhimento a essas famílias e demais pessoas cuidadoras que sofreram perdas nesse período. Como o nosso projeto se propõe a olhar para quem cuida, a gente também tem que olhar para quem estava cuidando e perdeu uma pessoa querida nessa pandemia, que vitimou tantas pessoas da população brasileira”, ressalta.
Nesta quarta-feira, 27/1, na Câmara Técnica de Educação, a Coordenadora-Geral de Educação, Cristina Guilam, vai anunciar a criação do grupo de acompanhamento do Plano de Desenvolvimento Institucional da Educação da Fiocruz (PDIE). Seu objetivo é apoiar a implementação das iniciativas estratégicas propostas no documento, aprovado em dezembro de 2020. O Plano é um documento de análise situacional e de orientação das atividades para as áreas educacionais da Fundação. Ele busca o debate e o aprimoramento contínuos do processo de construção democrática das políticas institucionais, expresso em suas instâncias colegiadas e participativas.
Cabe à Coordenação-Geral de Educação, ligada à Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (CGE-Vpeic), a responsabilidade de coordenar a implementação do PDIE por todas as áreas educacionais da Fiocruz. Para tanto, foi proposta a constituição do Grupo de Apoio ao Desenvolvimento Institucional da Educação (Gadie), composto de servidores de diversas unidades, que atuarão para garantir o sucesso do engajamento de toda a instituição nas grandes linhas de atuação definidas pelo PDIE.
Os primeiros convidados a compor o novo coletivo foram aqueles que atuaram, ao longo de 2020, na elaboração do PDIE 2021-2025, num trabalho conjunto muito efetivo que teve como ponto alto a aprovação do documento pelo Conselho Deliberativo, em 10 de dezembro de 2020. O GT-PDIE, coordenado pela CGE, agora é a base inicial para a constituição desse grupo de acompanhamento, que poderá também receber novos participantes, à medida que o trabalho for se desenvolvendo. Assim será aproveitado o acúmulo de conhecimentos adquirido durante o processo de construção do PDIE.
A ideia é que o Grupo de Acompanhamento contribua com a CGE no trabalho de orientar, acompanhar e dar suporte às unidades e escritórios da Fiocruz na implementação das iniciativas estratégicas definidas no Plano. “Será um grande esforço de toda a Fundação para avançar na integração do planejamento educacional, de modo coordenado, respeitando as especificidades e necessidades de cada unidade ou escritório”, detalhou Paulo Carvalho, assessor da CGE, que coordenou a elaboração do PDIE.
A coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, enfatizou que o Gadie terá importante papel de apoio à CGE no complexo trabalho de articular e dinamizar o planejamento estratégico educacional a ser desenvolvido de modo integrado por todas as áreas educacionais da Fundação, tendo o Plano como documento orientador. “Nesse processo de planejamento contínuo, o PDIE será mais bem apropriado coletivamente, podendo ser futuramente aperfeiçoado, nessa rica teia de construção democrática das políticas institucionais que caracteriza nossa instituição”, detalhou Cristina.
O PDIE 2021-2025
A Fiocruz oferece atualmente 48 programas de pós-graduação stricto sensu isoladamente ou em parceria, 45 cursos de especialização anuais, 31 programas de residência, além de inúmeros cursos de qualificação, educação profissional técnica e especialização técnica. Portanto, o PDIE surgiu da necessidade de compreender e acompanhar essa natureza tão diversa e complexa.
Ele é um instrumento de gestão essencial para a avaliação externa, autoavaliação institucional e planejamento dos programas de pós-graduação stricto sensu para o atendimento às orientações da Capes, de 2019; busca contribuir para avançar os consensos sobre a política de educação da instituição; e expressa o movimento de ampliação dos debates e participação na definição de prioridades e estratégias educacionais.
O PDIE 2021-2025, em comparação à versão anterior do documento (PDI 2016-2020), se diferencia por amplificar a abordagem para as diversas modalidades e níveis educacionais da Fiocruz, ressaltar a sua interface com outras políticas institucionais e também por expressar, de forma inicial, aprendizados obtidos em razão da pandemia, que impôs novos desafios ao campo da Educação.
Além disso, o Plano visa atender as orientações do VIII Congresso Interno por maior integração da educação, englobando a visibilidade à diversidade do campo (stricto sensu, especializações, residências, educação técnica profissional, cursos de qualificação e outros) e o fortalecimento do processo de integração com base na “unidade na diversidade”.
O Plano de Desenvolvimento Institucional da Educação foi concebido em seis capítulos, que abordam o perfil institucional da Fundação; as políticas institucionais e de gestão; o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da Fiocruz; suas políticas acadêmicas; a infraestrutura física dos campi da Fundação; e a avaliação e acompanhamento do desenvolvimento institucional.
Leia, na íntegra, o Plano de Desenvolvimento Institucional da Educação (PDIE).
Com quase dois mil inscritos, o curso Bem-Viver: Saúde Mental Indígena prorrogou as inscrições até 25 de fevereiro. A formação, online, gratuita e autoinstrucional, tem como objetivo construir uma rede de apoio psicossocial voltada para essas populações vulnerabilizadas. Para tanto, busca formar diferentes profissionais ligados à saúde, educação, sistemas de proteção social (conselheiros tutelares, professores), assistência social e outros diretamente envolvidos na assistência das populações indígenas. O conteúdo já está disponível aos inscritos!
A formação é composta de cinco módulos, com carga horária de 60h, e trata de aspectos relacionados à saúde mental e fatores psicossociais que já eram enfrentados pelas populações, mas que se intensificaram no período da Covid-19.
Leia +: Fiocruz lança nova formação online voltada à saúde mental indígena no contexto da Covid-19
O curso foi desenvolvido pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), que vem buscando implementar ações que ajudem a mitigar tais efeitos. Ele integra o projeto “Juntos contra a Covid-19 e na proteção de crianças e adolescentes indígenas na Amazônia Brasileira”, do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), do qual participam a Fiocruz e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Além da formação, uma série de outras ações integra essa articulação maior que tem o objetivo de oferecer apoio aos Povos Indígenas da Amazônia brasileira na prevenção e mitigação dos impactos da Covid-19. Ele é financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e prevê que mais de 27 mil famílias indígenas sejam beneficiadas.
Temas abordados na formação:
* Grace Soares é jornalista e consultora da Fiocruz no projeto do curso Bem-Viver: Saúde Mental Indígena
** matéria publicada em 26/1/2021 e atualizada em 22/2/2021
Na terça-feira, 26 de janeiro, a partir das 18h, o Campus Virtual Fiocruz realizará migração e aumento da capacidade de seus servidores. A atualização deixará o portal, o ambiente Moodle, a plataforma Latíssimo e demais serviços do CVF fora do ar durante 4 horas (tempo estimado).
O Campus Virtual Fiocruz está com um crescente número de alunos e cursos e o procedimento visa a melhoria dos nossos serviços. A nova infraestrutura será mais eficiente, permitindo o redimensionamento simplificado da capacidade dos serviços do CVF para atender cursos em larga escala.
Imagem matriz: Freepik
Falta pouco para a realização do 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde, que acontecerá de 23 a 26 de março, totalmente online. O 4º CBPPGS tem como tema “O SUS e o projeto civilizatório: cenário, alternativas e propostas”, e pretende ser um espaço de discussões e desenvolvimento de propostas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Pensar em saúde – pública, gratuita e universal – é ainda mais urgente diante da pandemia de coronavírus.
As inscrições de participantes estão abertas!
O país está diante de grandes desafios científicos, políticos, sociais e econômicos que surgiram com a pandemia de Covid-19 ou que foram por ela agravados. Da mesma forma, os demais desafios sanitários enfrentados pelo Brasil continuam a demandar esforços para seu enfrentamento. Por isso, a realização do 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde tornou-se ainda mais pertinente.
A organização do evento espera acolher todas e todos, mesmo virtualmente, fazendo deste congresso um marco diante do contexto tão desafiador. Além disso, reitera o respeito à dignidade e aos direitos humanos e manifesta apoio aos gestores do SUS e aos profissionais de saúde.
Registrem a nova data em suas agendas e programem-se para participar do principal encontro brasileiro de quem constrói cotidianamente o Sistema Único de Saúde.
O Sextas de poesia desta semana traz "Renga da noite", de autoria de Alice Ruiz.
Já está mais do que provado que a internacionalização da pesquisa científica acelera o seu desenvolvimento. Um grande exemplo é a busca pela vacina da Covid-19, que mostrou a importância do trabalho em conjunto entre pesquisadores de diferentes partes do mundo. Estamos todos vivendo essa espera como uma Copa do Mundo, acompanhando lance a lance, descoberta a descoberta, ansiosos pelo gol, independente do país. Visando a aprimorar a qualidade da produção acadêmica vinculada à Pós-graduação, a Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação, por meio da Coordenação Geral de Educação (CGE/Vpeic), torna pública a chamada interna relativa à concessão de auxílio financeiro para a publicação de artigos científicos de autoria de docentes permanentes ou conjunta de docentes e discentes dos Programas de Pós-graduação inseridos no PrInt Fiocruz-Capes.
A Chamada fica aberta em fluxo contínuo até 15 de dezembro de 2021 ou até esgotarem-se os recursos a ela destinados. Para 2021, a chamada sofreu pequenas alterações no que tange aos critérios de solicitação do pedido. Todos os detalhes estão disponíveis no documento e devem ser lidos de forma criteriosa pelos interessados.
Vale ressaltar que o pagamento contemplará apenas publicações em periódicos científicos que atendam à política de acesso aberto ao conhecimento da Fiocruz. Além disso, somente serão financiados artigos científicos já aceitos para publicação em revista científica com avaliação igual ou superior a Qualis B1 na área da Capes em que o Programa de Pós estiver inserido e cujos resultados da pesquisa estejam vinculados a uma ou mais Redes do Programa PrInt Fiocruz-Capes: Ricei, Ricroni, Rides.
O apoio à publicação será concedido somente aos artigos publicados em inglês em revistas internacionais ou nacionais. No caso de periódicos científicos nacionais, somente serão aceitas publicações nas quais haja pelo menos um coautor afiliado à instituição no exterior.
A chamada 01/2020 do PrInt para auxílio à publicação de artigos ocorre desde o lançamento do Programa Institucional de Internacionalização, em 2019, e busca fortalecer o alcance internacional das pesquisas realizadas por estudantes e docentes da Fiocruz.
A pandemia causada pelo novo coronavírus colocou a ciência sob os holofotes. Nunca se buscou tanta informação científica. Em contrapartida, a polarização de ideias, o negacionismo, a descrença nas evidências e as fake news pipocam nas redes sociais e aparecem até em alguns discursos políticos. Nesta conjuntura em que crenças pessoais parecem superar fatos, a Fiocruz acaba de aprovar sua Política de Divulgação Científica. O objetivo é fortalecer os laços entre a ciência e o cidadão, por meio da informação e do engajamento do público no debate político da ciência e das questões científicas. Ela busca contribuir para o cumprimento de seus objetivos estratégicos, em especial os compromissos com a sociedade, o fortalecimento do SUS e de ciência e tecnologia como políticas de Estado. A Política foi aprovada pelo Conselho Deliberativo (CD) da Fundação em dezembro de 2020.
A missão da Fiocruz é fundamentada na defesa da equidade e da cidadania plena e sua relação com a sociedade está prevista em seu estatuto, que estabelece a preservação, a valorização e a divulgação do seu patrimônio histórico, cultural e científico como finalidades. Nesse sentido, desde o IV Congresso Interno, em 2002, a Fundação defende que a “divulgação científica integra o fazer científico e é responsabilidade social da instituição”. Portanto, é parte da sua função social atuar na construção de ambientes e instrumentos que permitam à população brasileira participar de forma mais democrática e cidadã nos debates que envolvem a ciência e a tecnologia, em particular no campo da saúde.
A nova política busca estabelecer princípios, diretrizes, orientações e responsabilidades na construção de uma divulgação científica democrática, dialógica, aberta e participativa, que reconhece a especificidade do campo da saúde, de modo a contribuir para o cumprimento da missão da instituição e para seus objetivos estratégicos, sobretudo os compromissos com a sociedade, o fortalecimento do SUS e de ciência e tecnologia como políticas de Estado. Ela está baseada em cinco princípios que devem estruturar as práticas do campo na instituição: Ciência e democracia; Ciência como parte integrante dos direitos humanos; Ciência e desenvolvimento sustentável; Solidariedade como princípio de funcionamento da ciência; e Diálogo e compartilhamento do conhecimento.
A sua proposta de elaboração faz parte do planejamento estratégico da Fundação desde 2010 e visa ampliar, criar sinergias e novas possibilidades para o diálogo entre o conhecimento produzido na Fiocruz e a sociedade, além de superar internamente a fragmentação das ações nesse campo. A cientista social Cristina Araripe, coordenadora da Política de Divulgação Científica da Fiocruz, ressaltou que o desafio de reestruturar a área no âmbito da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação teve início em 2017 e, segundo ela, "foi fundamental para fortalecer um conjunto de iniciativas que a instituição vem desenvolvendo ao longo de mais de três décadas, de ampliação constante de ações e projetos estratégicos voltados para a popularização da ciência e o estabelecimento de diálogos cada vez mais potentes entre cientistas e sociedade”.
O diretor do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná), Bruno Dallagiovanna, que foi relator do documento na reunião do Conselho Deliberativo, apontou o caráter dialógico com a sociedade como um ponto essencial da política proposta. Para ele, "a divulgação cientifica não deve ser unidirecional, repetindo e, às vezes inadvertidamente, consolidando uma posição de superioridade do sistema científico. Portanto, assim, essa política coloca-se como parte da construção de um diálogo enriquecedor, democrático e de aprendizado para ambas as partes".
Divulgação científica na Fiocruz: um campo polissêmico
Divulgação científica, popularização da ciência, vulgarização científica, disseminação científica, comunicação pública da ciência e tecnologia, apropriação social do conhecimento e engajamento público na ciência são alguns dos termos mais utilizados em documentos, ações e iniciativas desenvolvidas pela Fiocruz. A Política nova não pretende resolver as diferenças conceituais entre definições e termos e, para tal, adotou “divulgação científica” com o objetivo de manter uma denominação ampla, inclusiva e que seja compreendida por um conjunto diversificado de perfis profissionais, dentro e fora da Fiocruz, que trabalham nesse campo.
De acordo com o texto, Divulgação Científica é “um processo social, intencional e estratégico, parte integrante do fazer científico. Articulado com outros processos, constrói sentidos e conhecimentos colocando atores de diferentes origens e saberes em diálogo. Assim, torna-se um aprendizado entre todos os participantes e um enriquecimento das realidades locais. Essas ações podem ser voltadas para diferentes públicos, buscando construir, dentro dessas realidades locais, novos sentidos. Em muitos casos, tem o sentido de construção de políticas públicas, atuando junto a tomadores de decisão. Em outros, busca colaborar com debates públicos, junto a movimentos sociais e grupos sociais específicos. Em comum, entende-se que se caracteriza pela compreensão da ciência como um direito de todos, um direito a sua compreensão e construção social, mas também a usufruir de seus benefícios de forma igualitária”.
A política aprovada ocupa um lugar de intersecção de campos do conhecimento dentro da Fiocruz. Para a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Vieira Machado, o documento é transversal a todas as atuais vice-presidências da Fiocruz, assim como suas respectivas câmaras técnicas, além de estar presente nas ações de todas as suas unidades e escritórios. Segundo Cristiani, “ela apresenta vários pontos de convergência com a Política de Comunicação, como esperado, com as políticas de Preservação dos Acervos Científicos e Culturais, de Inovação, de Memória Institucional, com a de Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, e também exprime interface com o Programa Institucional de Territórios Sustentáveis e Saudáveis e as estratégias de promoção de Equidade de Gênero e Raça”.
O desenho da política de Divulgação Científica na Fiocruz
A Fiocruz possui uma longa e expressiva atuação em Divulgação Científica. A partir de 2017, a Vpeic e a Câmara Técnica de Informação e Comunicação fortaleceram o processo de planejamento e coordenação das ações nessa área por meio da criação de grupos de trabalho (GT) e de uma instância colegiada capaz de reunir e consolidar as iniciativas da Fiocruz em divulgação científica. No primeiro semestre de 2018, foi criado o Fórum de Divulgação Científica.
Já desenhando a Política, em novembro de 2019, foi instituído formalmente, por meio de Portaria da Presidência (N° 6.396/2019), um GT para definir princípios, diretrizes e objetivos de orientação das ações de divulgação científica na Fiocruz, visando à integração e o fortalecimento das estratégias institucionais voltadas para o acesso à informação em ciência e tecnologia (C&T), a popularização, a comunicação pública da ciência e o engajamento do público no debate sobre C&T.
Tal processo contou com a participação de um número significativo de profissionais vinculados aos diferentes setores, unidades e escritórios regionais que atuam diretamente na área e culminou na construção de um documento-base da Política de Divulgação Científica na Fiocruz – que após ser submetido, em versões preliminares, ao Fórum de Divulgação Científica, passou, de setembro a outubro de 2020, por Consulta Pública Interna na Fundação e recebeu dezenas de contribuições da comunidade Fiocruz. A versão revista do documento foi apreciada pelos membros da Câmara Técnica de Informação e Comunicação e submetida ao Conselho Deliberativo da Fiocruz.
Cristina Araripe destacou que Fórum de Divulgação Científica foi decisivo para a organização do GT, que aprofundou a discussão em torno de uma Política de Divulgação Científica para a Fiocruz alinhada aos desafios do século XXI. “Todos os membros do Fórum e do GT trabalharam na construção de um processo coletivo de expressiva qualidade tanto em termos de seu conteúdo, conceitos e diretrizes, como do seu alcance político. Desejo que o texto final da Política reflita essa força institucional que a Fiocruz possui e, sobretudo, a riqueza inesgotável de suas ações no campo da divulgação científica”.
Acesse o texto da Política na íntegra.
*Imagem: Freepik