Os determinantes sociais da saúde, como raça, escolaridade, renda, cargo e tipo de exposição, influenciam diretamente as taxas de infecção pela Covid-19 em trabalhadores da saúde. O dado, publicado na Revista The Lancet Regional Health – Americas, edição de março de 2022, é fruto do trabalho de doutorado de Roberta Fernandes Correia, no Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher da Fiocruz, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). De acordo com o estudo, afora a alta prevalência de infecção entre trabalhadores da saúde, verificou-se que os trabalhadores não brancos, de menor renda e escolaridade e usuários de transporte coletivo foram os mais acometidos. Além disso, os profissionais de apoio hospitalar, sobretudo os agentes da limpeza, apresentaram taxas de soroprevalência mais elevadas do que os profissionais de saúde.
Confira mais detalhes sobre o desenvolvimento da pesquisa na matéria:
Pesquisa do IFF/Fiocruz revela quem são os trabalhadores da saúde mais expostos à Covid-19
* por Everton Lima (IFF/Fiocruz)
O artigo “Desigualdades sociais impactam negativamente a soroprevalência de SARS-CoV-2 em diferentes subgrupos de trabalhadores da saúde no Rio de Janeiro”, publicado recentemente na renomada revista científica The Lancet Regional Health – Americas, investigou os fatores que influenciaram a contaminação pela COVID-19 entre os trabalhadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O estudo identificou que a contaminação pelo SARS-CoV-2 (causador da COVID-19) em trabalhadores da saúde do Instituto foi influenciada pela desigualdade social.
Essa pesquisa é resultado do inquérito sorológico com 1.154 trabalhadores da saúde, realizado entre junho e julho de 2020, nos primeiros meses da pandemia no Brasil. “Para a análise dos dados, foram avaliadas a associação entre os resultados dos testes sorológicos para detecção de anticorpos IgG para SARS-CoV-2 e as características socioeconômicas, ocupacionais e meios de transporte utilizados pelos trabalhadores no deslocamento casa-trabalho, além de métodos para a correlação entre as variáveis analisadas”, conta a primeira autora do artigo, a aluna de doutorado e fisioterapeuta do IFF/Fiocruz, Roberta Fernandes Correia.
O artigo, que é o primeiro entre as teses e dissertações que estão utilizando os dados, é fruto do projeto “Imunidade, Inflamação e Coagulação na COVID-19: estudo em coorte de trabalhadores da Fiocruz”, contemplado com verba de edital do Programa Inova COVID-19 da Fiocruz, que investe em projetos de pesquisa em áreas estratégicas com foco na pandemia.
Resultados
Os resultados mostraram as iniquidades da pandemia de COVID-19 em relação aos determinantes sociais na população brasileira, abrangendo até mesmo os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados apontaram uma alta prevalência sérica (no sangue) do vírus de 30% nos trabalhadores da saúde, muito maior do que as taxas de contaminação na população em geral, de 3% a 5% no mesmo período. Entretanto, ao analisar a contaminação entre os trabalhadores do Instituto, observou-se determinados grupos em maior risco e vulnerabilidade.
Quanto à raça, 37,1% dos não brancos tiveram resultado positivo em comparação com 23,1% dos brancos. O nível de escolaridade esteve inversamente associado à soropositividade para SARS-CoV-2, assim como a renda. Quanto aos cargos, surpreendentemente, enquanto 40,4% dos trabalhadores de apoio (cargos administrativos, recepcionistas, guardas, agentes de limpeza, entre outros) apresentaram resultados positivos, apenas 25,0% dos profissionais de saúde na assistência (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, entre outros) revelaram soropositividade. Dos trabalhadores de apoio, os agentes de limpeza tiveram a maior taxa de contaminação (47,5%) entre o grupo.
Fatores como renda, escolaridade e modalidade de trabalho apareceram como preditores negativos, ou seja, quanto maior a renda e a escolaridade do profissional, e sendo profissional da saúde, menor risco ele tinha de ser contaminado. Na forma de deslocamento da residência para o trabalho, os trabalhadores que usaram transporte coletivo (trem, metrô e ônibus) apresentaram resultados de teste positivos significativamente maiores do que aqueles que utilizaram deslocamento de menor densidade (caminhada, carro, motocicleta e táxi).
Para Roberta, a desigualdade é o “vírus” mais letal do mundo. “Os achados deste trabalho não divergem da desigual contaminação da população brasileira e países afins, em especial os da América Latina. Apesar do IFF/Fiocruz ser uma instituição pública de vanguarda na atenção à saúde da população, também sofre inevitavelmente os reflexos da economia de seu país, o que afeta na contaminação pelo SARS-CoV-2 entre seus trabalhadores. É provável que a solidariedade seja o antídoto e precise urgentemente ser incorporada às políticas sociais, econômicas, de saúde, educação, ambientais e de afeto”, ressalta.
Papel da ciência
No Instituto, a testagem sorológica contribuiu para a análise da contaminação pela COVID-19 entre os trabalhadores da saúde e os mecanismos de proteção de determinados grupos. “A devolutiva deste trabalho é um compromisso institucional com os trabalhadores da unidade e revela um cenário que desconhecíamos e que a ciência cumpre seu papel de iluminar. Portanto, fica a orientação para o enfrentamento de possíveis novas variantes ou pandemias virais, de que esses grupos, frente a escassez de imunizantes, devem ser vacinados com prioridade”, esclarece Roberta.
Orientadora do doutorado de Roberta, a professora e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e do IFF/Fiocruz, Elizabeth Artmann, fala sobre a importância do estudo. “Nosso estudo reforça que os determinantes sociais da saúde influenciam as taxas de contaminação em trabalhadores da saúde. Em um país com tanta desigualdade como o nosso, estes resultados são muito relevantes e mostram a importância de pesquisas que possam ancorar a tomada de decisões, neste caso, a priorização dos grupos mais vulneráveis. Fundamental na área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde. Uma característica importante deste trabalho e que valorizo muito é a sua abordagem interdisciplinar, pois a Saúde Coletiva, mas também a Saúde como grande área de conhecimento, necessita de vários olhares e cadeias explicativas que tragam um conhecimento aprofundado da situação. A pandemia de COVID-19 reforça esta questão. O estudo, embora baseado no IFF/Fiocruz, articula duas outras unidades da Fiocruz, a Ensp e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), um bom exemplo de produção coletiva do conhecimento”.
O coorientador, vice-coordenador do Programa Inova COVID-19 da Fiocruz e coordenador de Educação do IFF/Fiocruz, Zilton Farias Meira de Vasconcelos, que atuou junto com Roberta no período de testagem e início da imunização no Instituto, comemora a publicação do artigo na renomada revista científica internacional The Lancet Regional Health – Americas. “Esse trabalho traz três elementos que, na minha opinião, merecem destaque: primeiramente é fruto de um projeto guarda-chuva multiunidades da Fiocruz (IFF e IOC), com apoio financeiro do Programa Inova COVID. Em segundo lugar, conta com a participação de todos os trabalhadores da nossa unidade. E, finalmente, inicia a produção científica atrelada aos programas de pós-graduação da Fiocruz, que contam com 3 alunos de mestrado e 10 alunos de doutorado. Todos esses elementos juntos permitiram que o nosso trabalho identificasse fatores sociais que impactam diretamente na exposição ao SARS-CoV-2, mesmo em uma população que já apresenta maiores índices de infecção inerentes às atividades profissionais”.
A coordenadora do projeto, financiado pelo Inova COVID-19 da Fiocruz, pesquisadora do IOC/Fiocruz e coautora do artigo, Adriana Bonomo, reflete sobre a necessidade de apoiar produtos científicos com contribuições para a saúde pública brasileira. “Este trabalho usa perfis da resposta imunitária e mostra o padrão social da pandemia. Ou seja, usando dados laboratoriais de resposta imune conseguimos traçar um paralelo entre as desigualdades sociais e as populações mais frequentemente infectadas. Estudos como este ajudam a traçar políticas públicas dirigidas às populações mais vulneráveis e otimizar as medidas preventivas”.
O imunologista, pesquisador do IOC/Fiocruz e coautor do artigo, Wilson Savino, analisa o impacto dos resultados para as políticas públicas de saúde. “Este trabalho traz para o centro dos debates da pandemia a questão das desigualdades sociais, inclusive nos trabalhadores da saúde. Mostra que há questões de políticas públicas em saúde que implicam em transformações sociais, incluindo a redução de pobreza com convergência estrutural visando minimizar as desigualdades”.
O coordenador de pesquisa do IFF/Fiocruz e coautor do artigo, Saint Clair Gomes Junior, informa quais os benefícios dos resultados desse estudo para o enfrentamento da COVID-19 no Instituto. “O trabalho traz uma importante contribuição ao entendimento dos fatores que favorecem ao aumento do risco de infecção pelo novo coronavírus. Os resultados confirmam a percepção empírica de que os trabalhadores em situação social de maior vulnerabilidade (profissionais de apoio, negros, com menor escolaridade e renda e usuários de transporte de massa) têm uma chance aumentada de exposição e infecção. Apesar dos resultados serem direcionados a trabalhadores da saúde, muito provavelmente esse mesmo padrão de vulnerabilidade ocorre na população geral. Desta forma, os dados observados podem contribuir de forma decisiva como suporte para a elaboração de reforço de medidas protetivas e de vacinação direcionadas para aqueles cidadãos em maior risco”.
A pediatra, pesquisadora principal do estudo no IFF/Fiocruz e coautora do artigo, Daniella Moore, destaca sobre o papel da ciência, principalmente em tempos complexos de pandemia. “De nada adiantará termos avanços científico-tecnológicos se não formos capazes de comunicar de forma clara e compreensível o que significam os dados da ciência na prática para todos, independentemente de sua classe social, grau de escolaridade ou qualquer outra vulnerabilidade social. A pandemia já deu sinais claros de que o caminho da saída envolve vencer as iniquidades sociais não somente no Brasil, como em todo mundo”. Nesse contexto, Daniella faz um alerta. “Gestores de saúde precisam ficar atentos que garantir a força de trabalho da saúde ativa significa proteger o trabalhador da saúde não somente no seu ambiente de trabalho, mas também extra muros, criando uma mentalidade de saúde e pensando juntos como transpor dificuldades que os mais vulneráveis passam para se proteger”.
*Imagem: Fernanda Canalonga Calçada (Design Gráfico do IFF/Fiocruz)
Oferecido por consórcio entre os Programas de Mestrado Profissional em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o mestrado profissional em Epidemiologia Aplicada à Saúde da Mulher e da Criança está com inscrições abertas até 24 de fevereiro.
O curso tem como objetivo formar quadros estratégicos para atuação no âmbito da saúde da mulher e da criança no sistema de saúde brasileiro da região Amazônica, considerando a missão institucional da Fiocruz de “Promover a saúde de mulheres, crianças e o SUS”. Este objetivo se fundamenta em uma das funções essenciais da Saúde Pública, que é a garantia e melhoria da qualidade das ações de saúde individuais e coletivas na perspectiva de seus resultados e dos determinantes sociais em saúde.
O mestrado profissional é voltado para profissionais que atuam na saúde pública, inseridos nos diferentes níveis de serviços. O conteúdo programático é dirigido às necessidades do seu cotidiano, com a produção de conhecimento voltada para a sua realidade, visando contribuir para a consolidação do SUS. Seu caráter implica no desenvolvimento de métodos pedagógicos apropriados e na definição de produtos rapidamente aplicáveis à gestão e aos serviços.
O público-alvo do programa são técnicos de nível superior, que atuem na área da saúde da mulher e/ou da criança, incluindo a Vigilância em Saúde, das três esferas do SUS nos estados do Amazonas, Roraima e Rondônia.
O curso terá duração mínima de 18 meses e máxima de 24 meses. Serão oferecidas no mínimo 15 e máximo 22 vagas. São reservadas 30% de vagas para Ações Afirmativas, sendo divididas em quatro vagas aos candidatos que se autodeclararem negros e pardos, duas vagas para pessoas com deficiência (PcD) e duas vagas para candidatos indígenas.
Alguns cursos de residência em saúde oferecidos pela Fiocruz tiveram suas inscrições prorrogadas. As oportunidades são voltadas a médicos, enfermeiros, além de profissionais de Farmácia, Fisioterapia e Nutrição. Os cursos visam desenvolver habilidades técnicas por meio de prática intensa e formação em serviço. Confira as novas datas e inscreva-se! Os programas são oferecidos pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
Programa de Residência Multiprofissional em Doenças Infecciosas e Parasitárias em Saúde - inscrições prorrogadas até 12/11:
O edital de visa ao preenchimento de quatro vagas distribuídas em quatro áreas: Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Nutrição, de acordo com as Normas e Resoluções emanadas pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde (CNRMS). O objetivo do curso é especializar profissionais, por meio da formação em serviço, com conhecimentos técnico-científicos, raciocínio crítico-reflexivo, visão integral, ampliada e humanizada dos processos de saúde e doença, orientação para segurança do paciente e habilidades de atuação em equipes interdisciplinares de alto grau de responsabilização e excelência no campo das doenças infecciosas e parasitárias para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS), em seus diferentes níveis de complexidade (promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação dos agravos à saúde).
Programas de Residência Médica - Inscrições prorrogadas até 19/11:
O edital único de convocação para os programas de Residência Médica visam o preenchimento de 29 vagas de R1 e 19 vagas de R4, de acordo com as Normas e Resoluções emanadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
A Fundação Oswaldo Cruz está com inscrições abertas para dois cursos de especialização: Enfermagem Neonatal e Vigilância em Saúde na Atenção Primária. Ambos são voltados a profissionais portadores de diploma de graduação. Confira os detalhes das chamadas e inscreva-se.
Especialização em Vigilância em Saúde na Atenção Primária
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) está com inscrições abertas para o curso de especialização em Vigilância em Saúde na Atenção Primária 2021. A formação visa capacitar profissionais para atuar, de forma crítica e reflexiva, no desenvolvimento de ações de vigilância em saúde, contribuindo assim para a promoção da saúde da população.
Ao todo, estão disponíveis 15 vagas para profissionais de nível superior que estejam atuando na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Com carga horária total de 520 horas, o curso ocorrerá a partir de outubro de 2021 e, devido à pandemia de Covid-19, as aulas se darão, inicialmente, na modalidade remota emergencial. Caso seja possível, as aulas presenciais serão retomadas no Pavilhão de Ensino do INI ou em outro local do campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Inscrições: até 30 de agosto
Confira o edital completo e inscreva-se.
Especialização em Enfermagem Neonatal
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz) abriu processo seletivo para ingresso no curso de especialização em Enfermagem Neonatal 2021. Ele está inserido no contexto das ações nacionais do IFF/Fiocruz e tem como público-alvo enfermeiros que atuam em Unidades Neonatais das maternidades prioritárias da Qualineo, em regime parcial, modalidade à distância com atividades práticas presenciais.
A Qualineo, iniciativa do Ministério da Saúde que tem o IFF como instituição executante, desenvolve, desde 2018, um conjunto de ações voltadas para a qualificação de práticas clínicas em maternidades situadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Seu objetivo é a melhoria do cuidado e da rede de atenção e redução da mortalidade neonatal no Brasil.
Serão oferecidas 166 vagas, sendo 17 delas reservadas às ações afirmativas. O curso tem duração mínima de 585h e há a exigência de entrega de trabalho de conclusão de curso (TCC) até o seu término.
Inscrições: até 5 de setembro
A Fiocruz acaba de lançar uma nova versão, atualizada e ampliada, do documento que publicou em março sobre um conjunto de orientações e recomendações a respeito das atividades escolares em um cenário que ainda é de pandemia. Com o título "Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid-19", o material é baseado em evidências e informações científicas e sanitárias, nacionais e internacionais, sobre o retorno às atividades escolares. Esta nova edição traz como elementos questões como a vacinação de crianças e adolescentes, a transmissão aérea da Covid-19, os possíveis riscos em ambientes fechados e como enfrentá-los, entre outros temas.
Acesse aqui o documento: Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid-19
O documento foi desenvolvido por um grupo de trabalho que é coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (Vpaaps/Fiocruz) e conta com a participação da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSVJ), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) e do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF).
Vacinação para adolescentes está entre os novos apontamentos
O documento da Fiocruz aponta que a vacinação de jovens de 12 a 18 anos pode significar um retorno mais rápido à prática de esportes e outras atividades e a uma socialização mais completa, incluindo o fortalecimento das relações intergeracionais na família e na comunidade. A implementação da vacinação para adolescentes pode reduzir significativamente o fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem. O documento, tendo como base estudos internacionais, lembra que a vacinação de adolescentes em situação de vulnerabilidade clínica ou necessidade educacional especial pode ajudar a garantir a segurança e a oportunidade de acesso à escola e à educação.
“O risco de afastamento dos menores de 18 anos de suas atividades normais como escola e eventos sociais pode se revelar um problema maior do que o da própria Sars-CoV-2 para eles. Não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a Covid-19 em adolescentes como são em adultos e, em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras, propiciem um retorno às aulas ainda mais seguro”, comenta a coordenadora do grupo de trabalho (GT) da Fiocruz e assessora da Vpaaps, Patrícia Canto.
Prioridade para medidas protetivas
O GT Fiocruz ressalta que em um cenário de alta transmissão comunitária do Sars-CoV-2, ainda com uma cobertura vacinal completa (esquema de duas doses ou uma dose para vacina de dose única) inferior a 30% da população, no Brasil o funcionamento das escolas com atividades presenciais precisa estar associado à manutenção das medidas não farmacológicas de controle da transmissão. O documento informa que os protocolos para o retorno seguro passaram a considerar, sobretudo nos ambientes escolares, a seguinte composição de prioridade para as medidas protetivas: adaptação para ventilação e melhoria da qualidade do ar dos ambientes; uso de máscaras com comprovada eficácia; definição de estratégia para rastreamento e monitoramento de casos e contatos na escola, além de medidas para suspensão de atividades presenciais; manutenção do distanciamento físico de, pelo menos, 1,5 metro; assim como orientações sobre higienização contínua das mãos.
Além disso, a publicação avalia que escolas podem fechar, na dependência de transmissão elevada ou aumento de casos, e devem atender a todas as medidas indicadas pelas autoridades sanitárias que garantam a maior segurança nas atividades presenciais. A decisão sobre o melhor momento para a reabertura deve seguir as orientações dos indicadores epidemiológicos, sem que se esqueça dos grandes malefícios do afastamento prolongado das atividades presenciais na saúde de crianças, jovens e adultos, bem como dos prejuízos para a educação e a formação de toda uma geração. Para a maior segurança de toda comunidade escolar, as pessoas com sintomas respiratórios não devem sair de suas casas, exceto para procurar serviços de saúde, devem evitar utilizar transportes públicos e não devem frequentar aulas ou o local de trabalho.
Plano de retorno às atividades presenciais deve ser aprovado após ampla discussão com comunidade escolar e continuamente atualizado
O GT responsável pela publicação deixa claro, no entanto, que o plano de retorno às atividades presenciais de ensino deve ser aprovado após ampla discussão com a comunidade escolar e continuamente atualizado. E que é importante o envolvimento dos alunos, crianças, adolescentes ou adultos, na tomada de decisões. O documento traz ainda indicações para medidas de suspensão de atividades presenciais mediante o rastreamento de casos e contatos nas escolas. E aborda a ventilação e outros parâmetros que influenciam o risco de infecção aérea da Covid-19.
O Grupo valoriza a ampliação do acesso da vacinação dos educadores, aliada a estratégias de monitoramento e vigilância permanente, para a melhor gestão do plano a ser estabelecido pela comunidade escolar. “Temos como expectativa que as autoridades sanitárias consigam apoiar a produção de informações sobre esse monitoramento epidemiológico, com vistas a ampliar a análise dos dados das bases oficiais. É importante ressaltar que esta edição é a nossa terceira atualização do documento original e mais uma vez reforça a necessidade do uso de máscaras, da higiene das mãos e do distanciamento social como medidas indispensáveis ao controle da pandemia, associadas à progressão da vacinação”, ressalta Patrícia. Segundo ela, o aprendizado sobre a pandemia é diário e tem sido apresentado em grande velocidade, por isso o documento precisa ser entendido no contexto na data de elaboração e estará sujeito a revisões e atualizações sempre que necessárias.
O GT Fiocruz
O documento foi produzido pelo GT da Fiocruz que se dedica ao tema há mais de um ano, com o intuito de pesquisar, discutir e trocar experiências com outras iniciativas da sociedade. A publicação apresenta aspectos de análises epidemiológicas, informações clínicas sobre o adoecimento e transmissibilidade, testes, vacinação, ventilação entre outros. Para o GT, o objetivo central do documento é reafirmar a valorização da proteção da comunidade escolar, para evitar a disseminação do Sars-CoV-2 em um contexto de retomada das atividades presenciais nas escolas. Desde o primeiro documento (de setembro de 2020), o grupo vem destacando a importância da escola como promotora da saúde por meio de recomendações que contribuam para a segurança do retorno e a manutenção das atividades planejadas, com a máxima redução de riscos possível.
O grupo é coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (Vpaaps/Fiocruz) e conta com a participação da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSVJ), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) e do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF).
Lançados os editais dos processos seletivos para os Programas de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher e Saúde da Criança e da Mulher para os cursos de mestrado e doutorado 2021, ambos oferecidos pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). As inscrições terão início em 14 de junho e vão até o dia 20 do mesmo mês. Acesse os editais e conheça as normas e detalhes de participação na seleção.
Programa de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher
Ao todo, estão sendo oferecidas 39 vagas, sendo 18 para o mestrado e 21 para o doutorado.
O público-alvo do programa são profissionais de nível superior interessados em realizar pesquisas na área de Medicina, nas seguintes linhas: saúde perinatal; genética médica aplicada à saúde da criança e adolescente; aspectos ambientais, epidemiológicos, clínicos na promoção da saúde e prevenção da morbimortalidade da criança e do adolescente; fisiopatologia de doenças de crianças em maior risco; e pesquisa clínica aplicada à saúde da mulher. O Programa de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher é avaliado com nota quatro pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Dúvidas podem ser sanadas por meio do e-mail: processoseletivopgpascm@iff.fiocruz.br.
Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher
Ao todo, estão sendo oferecidas 33 vagas, sendo 18 para o mestrado e 15 para o doutorado.
O público-alvo do programa são profissionais de nível superior interessados em realizar pesquisas na área de Saúde Coletiva, nas seguintes linhas: Situações de saúde marcadas pela cronicidade e deficiências; Saúde materna e perinatal; Gênero, sexualidade, reprodução e saúde; e Violência e Saúde. O Programa de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher é avaliado com nota cinco pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Dúvidas podem ser sanadas por meio do e-mail: processoseletivopgscm@iff.fiocruz.br.
Saiba mais em www.iff.fiocruz.br > Cursos e Processos Seletivos
Extraordinariamente, por conta da pandemia de Covid-19, todas as etapas previstas em ambas as chamada serão realizadas remotamente, por meio de e-mail e de acesso à plataforma Zoom, não havendo cobrança de taxa de inscrição para este processo seletivo.
A previsão é que as aulas do mestrado e doutorado tenham início em agosto de 2021, de forma remota, enquanto durarem as precauções relativas à convivência devido à pandemia de coronavírus. Posteriormente, serão disponibilizadas informações sobre atividades presenciais do curso, respeitando todas as normas sanitárias vigentes.
Imagem: Freepik
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) acaba de lançar chamada pública extraordinária de seleção para o curso de doutorado em Saúde da Criança e da Mulher, turma 2020. Ao todo, serão oferecidas 11 vagas. As inscrições acontecerão de 22 a 26 de julho. Vale ressaltar que a chamada destina-se a preencher vagas remanescentes do processo seletivo de 2020. E, por conta da pandemia de Covid-19, todas as etapas previstas no edital serão realizadas remotamente.
A previsão de início das aulas é 10 de agosto. Elas começarão a ser ministradas na modalidade remota, enquanto durarem as precauções relativas à convivência devido à pandemia. Posteriormente, serão disponibilizadas novas informações sobre as atividades presenciais do curso, respeitando as normas sanitárias vigentes. Não será cobrada taxa de inscrição para esse processo seletivo.
Confira aqui o edital de seleção.
Confira aqui a retificação do edital de seleção.
*Imagem: Cartão SUS
Publicação : 21/09/2016
Regulamento geral dos Cursos de pós-graduação Stricto sensu do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).