Na obra "O alegre canto da perdiz", que ilustra o Sextas de Poesia desta semana, Paulina Chiziane conta a história de vida de Delfina, “dos contrastes, dos conflitos, das confusões e contradições, é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho". Mas que segue na luta com encanto, com a força da mulher negra, cujo grito de liberdade está sempre sufocado, seja qual for a língua.
Nascida em 1965, Paulina é a vencedora do Prêmio Camões de 2021, e foi a primeira moçambicana a publicar um romance. Autora de "Niketche", lançado pela Companhia das Letras, e "O alegre canto da perdiz" (Editora Dubliense), sua obra tem encontrado grande recepção no Brasil, sendo tema, inclusive, de teses e dissertações defendidas em universidades de todo o país. Na juventude, atuou na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência, e só publicou seu primeiro romance — "Balada de amor ao vento" — em 1990.
O Sextas de Poesia desta semana homenageia o aniversário de Carlos Drummond de Andrade, celebrado em 31 de outubro, com o poema "Confidência do Itabirano". Drummond é considerado um dos poetas brasileiros mais influentes do século XX, e um dos principais artistas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos.
Carlos Drummond de Andrade, que também foi contista e cronista, nasceu em Itabira do Mato Dentro - hoje apenas Itabira -, em Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. E vem de suas memórias de Itabira o poema em sua homenagem: "Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!"
Drummond merece todas as homenagens! É o poeta que traduz o “ferro nas calçadas" e a dor do "ferro nas almas”. O homem que viu o mundo tão grande que cabia na janela sob o mar, e que fazia da poesia seus braços pra alcançar. "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo".
Viva Drummond, o poeta do mundo!
"O Bicho" é o poema de Manuel Bandeira escolhido para ilustrar o Sextas de Poesia desta semana. Escrito no Rio de Janeiro, no dia 27 de dezembro de 1947, o poema retrata a realidade social do Brasil imerso na miséria durante a década da quarenta. "O Bicho" é um típico exemplar da poesia modernista, traz versos que não se deslocam do seu tempo.
Como disse a poeta Ana Hatherly, "quando o poema é bom não te aperta a mão: aperta-te a garganta".
O Sextas de Poesia, na voz de Bandeira, faz sua homenagem aos poetas que enxergam os excluídos no país, e que, estarrecidos, veem gente se alimentar de lixo.
"Tantas caras tristes
Querendo chegar em algum destino
Em algum lugar
Tem gente com fome
Se tem gente com fome
Da de comer... ( Solano Trindade)
A edição desta semana do Sextas de Poesia traz Mário de Andrade com o soneto "Aceitarás o amor como eu o encaro?". Nele, o escritor e poeta, fala sobre a inconstância do amor em um poema de hesitação. Reticências...
Mário de Andrade nasceu em 9 de outubro de 1893, em São Paulo, cidade que tornou-se o centro de sua poesia modernista.
Ele publicou "Pauliceia Desvairada" o primeiro livro de poemas da fase inicial do modernismo. Mário também foi romancista, contista, crítico literário, professor e pesquisador de manifestações musicais e excelente folclorista. Ele interessava-se por tudo aquilo que dissesse respeito ao seu país e teve relevante papel na implantação do Modernismo no Brasil, tornado-se a figura mais importante da geração de 1922. Seu romance "Macunaíma" foi sua criação máxima.
"Sonhar uma outra vida, sonhar como criança e mover o mundo!" Pedra Filosofal, poema escolhido para a edição do Sextas desta semana, foi publicado no livro Movimento Perpétuo, em 1956. Aproveitando sua musicalidade, Manuel Freire apresentou, em 1970, o poema musicado, que, pelas suas características, rapidamente tornou-se um hino e uma bandeira da resistência contra a ditadura.
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (1906 —1997), conhecido pelo pseudônimo António Gedeão, foi um poeta e educador nascido em Lisboa, que se destacou no panorama literário português.
O Sextas de Poesia desta semana brinda a chegada da primavera com "Bela Flor", de Maria Gadú, celebrando o florescer e a esperança do renascimento em cores de vida, força da natureza e tecendo manhãs.
O Sextas de Poesia desta semana é ilustrado pelo poema Cântico XIII, de Cecília Meireles. Nele, a poeta nos convida para um autoencontro, para olhar pra dentro e renovar para transformar e renascer. "Ser sempre o mesmo, mas outro".
O livro Cânticos, de 2003, reúne poemas inéditos de Cecília Meireles, os quais foram transcritos dos manuscritos deixados pela autora. Além de contar com duas ilustrações da própria escritora, os poemas transcritos são reproduzidos em fac-símile e compostos de vinte e seis poemas de extrema beleza e sensibilidade.
Cecília Meireles foi escritora, jornalista, professora e pintora, considerada uma das mais importantes poetisas do Brasil. Sua obra de caráter intimista ,
destacou-se na segunda fase do modernismo no Brasil, no grupo de poetas que consolidaram a "Poesia de 30". Ela ganhou vários prêmios, entre eles o Machado de Assis e o Jabuti.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto era o nome de batismo da poeta Cora Coralina, uma brasileira que começou a publicar os seus trabalhos quando tinha 76 anos.
Um dos poemas mais conhecidos de Cora é "Aninha e suas pedras", que foi escolhido pelo Sextas de Poesia para homenagear Cora no dia de seu aniversário. Ela nasceu em 20 de agosto de 1889.
O poema aborda a resiliência e a urgência de tentar outra vez quando tudo parece ter dado errado...e outra vez sempre....
O Sextas de Poesia desta semana faz uma homenagem a baianidade de dois gênios da cultura popular brasileira - que são também dois aniversariantes de agostoe -, que, com suas escritas poéticas, encantam várias gerações, fazem da resistência um legado e emocionam com o resgate de um Brasil inclusivo e para todos.
A musica "Milagres do povo" foi feita por Caetano Veloso em homenagem a Jorge Amado. A ideia surgiu a partir de uma entrevista que Amado concedeu ao jornal O Pasquim, nos anos 1970, na qual ele dizia, em uma das perguntas, que gostaria de ser místico como Dorival Caymmi, mas que era materialista e não tinha crença no candomblé. E completou: "Mas que já vi o candomblé fazer milagres, já vi, e são milagres do povo". Assim nasceu a canção que é uma defesa da igualdade de direitos.
Deputado do Partido Comunista pelo estado de São Paulo, Jorge Amado foi autor da Emenda 3.218, que inseriu no texto da Constituição de 1946 o §7° do art. 141 que declarava e reconhecia a liberdade de crença. E Caetano eternizou em versos essa luta.
Para celebrar o dia dos Dia dos Pais, que em 2021 acontecerá em 8 de agosto, o Sextas de Poesia traz Vinícius de Moraes com o poema "Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos manchados de terra", que é permeado de lembranças, nostalgia e saudades.