Paul Celan, filho de judeus de língua alemã, enaltecido como um dos maiores poetas do pós-guerra, carregou e registrou em sua obra a marca do terror nazista. A desolação pela perda dos pais, mortos em um campo de extermínio do qual fugiria, trouxe até nós um texto denso, vigoroso e envolto em silêncio e dor em "Levado a casa em esquecimento".
"Suas obras revelam uma nova forma de respirar; portanto, exigem uma nova forma de ler, uma nova forma de estar no mundo. Parece ser essa a demanda legada pela obra de Celan: mudar a respiração, suspendê-la, prendê-la ante o salto ou o poema, ante a vida, libertá-la".
Assim como nos dias de Celan, atravessamos, aqui, em nossos tempos – como se algumas datas se reapresentassem, se erguessem outra vez – mais um período sombrio da história da humanidade.
O poeta que fala por aqueles que não puderam falar e também a todos que enfrentaram o desafio de dize-lo.
"Se trata sempre do começo e do final. Entre ambos está o instante", Paul Celan.
Nesta semana, o projeto Sextas de Poesia faz uma homenagens a todas as mães.
Mãe de barriga, coração, escolha e amor. Com o Poema "De mãe", Conceição Evaristo fala sobre acolhimento, criação, admiração e algumas agruras da vida que essas mulheres transformam em amor: "Foi de mãe esse meio riso dado para esconder alegria inteira...".
Assista o vídeo-homenagem de Dia das Mãe feito pelo Campus Virtual Fiocruz:
O que há em comum entre um soldado da coroa portuguesa, o alferes Tiradentes, um santo guerreiro, Jorge da Capadócia, e a revolução dos cravos? Abril marca eventos e personagens que lutaram por justiça e ideais. Nossa escolha para esta semana é o poema canção "Tanto mar", de Chico Buarque, que, com tantas léguas a nos separar, lembra que é preciso navegar.
Como disse Rosa Luxemburgo, lutemos "por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”. Sejamos inconfidentes, guerreiros e revolucionários!
Manuel Alegre, poeta português nos fala de uma Lisboa triste. Com "praças cheias de ninguém", o poema, que foi escrito durante a pandemia, retrata a desolação do isolamento e o vazio da cidade. No Brasil, na semana em que batemos mais uma vez o recorde de vidas perdidas por dia, cidades decretam lockdown na tentativa de evitar o colapso total.
Mas como disse o poeta "ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste e em cada rua deserta ainda resiste". Do lado de cá, resistiremos com Quintana, Barros, Drummond, Clarice, Cecília, toda poesia e tanto (a)mar.
Rose Marie Muraro, escritora, poeta e ativista, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil. Escreveu mais de 40 livros, entre eles a obra "Sexualidade da mulher brasileira: corpo e classe social no Brasil", uma referência no tema.
Rose Marie era uma mulher à frente do seu tempo, de qualquer tempo. Mulher aguerrida, corajosa e que esteve na vanguarda da luta por equidade de gênero no país. Além do legado literário e pensamento revolucionário, ela deixou também como herança o Instituto Cultural Rose Marie Muraro (ICRM). Criado em 2009, tem como objetivo salvaguardar o acervo da intelectual. Hoje, o Instituto luta para seguir com o trabalho valioso dessa escritora, através da contribuição coletiva.
O poema desta edição do "Sextas de poesia" homenageia essa mulher impossível, mulher de mil faces, que mergulhava na dor para tirar de dentro dela a eterna radiância da alegria.
Há um ano nos reinventamos, aprendendo a encontrar, dar as mãos e amar mesmo que distantes. Seguimos com esperança no futuro e na força do amor, como o libelo do poeta russo Vladimir Maiakovski, que ilustra o sextas de poesia desta semana. Confira!
Nesta semana, o Sextas de Poesia homenageia o carnaval. Este ano não teremos os passistas, foliões e a alegria nas ruas... O samba enfrentará mais esse temporal! Vamos nos resguardar para quando o carnaval de 2022 chegar! Neste carnaval, fique em casa!
O Sextas de poesia desta semana traz "Renga da noite", de autoria de Alice Ruiz.