O Sextas de Poesia desta semana lembra o poeta baiano Castro Alves, nascido em 14 de março, Dia Nacional da Poesia, data criada em sua homenagem.
Castro Alves ou Antônio Frederico Castro Alves, é um poeta romântico do século XIX. Nasceu em Muritiba, no estado da Bahia, em 1847, e morreu em Salvador, no ano de 1871, com apenas 24 anos, vítima da tuberculose. É conhecido como o “Poeta dos Escravos”, em função de suas poesias de cunho abolicionista. O escritor também escreveu poemas de amor, mas sua poesia de caráter social fez dele o principal nome da terceira geração romântica.
O poema escolhido "O navio negreiro" é o mais conhecido de Castro Alves, dada a sua importância histórica e política. A versão aqui publicada traz partes do poema musicado por Caetano Veloso. Em ritmo tenso e crescente, choram os homens do deserto, guerreiros solitários, homens arqueados, mulheres nuas, espantadas.
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: ao carnaval e ao Rio de Janeiro, cidade que completa 457 anos no dia 1°/3. Com a pandemia, este é o segundo ano sem carnaval na cidade que vive o samba, as rodas e a alegria em cada personagem e fantasia. Um Rio que, entre a favela e o asfalto, a beleza e o caos, encanta com os enredos da passarela ou seus cartões postais.
Em 1934, o jovem compositor Antônio André de Sá Filho - nascido na Rua da Carioca em 21 de março de 1906 -, com várias músicas gravadas, criou uma marcha em homenagem ao Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, que acabaria virando um hino para a cidade.
Essa marchinha abre e fecha os bailes e o carnaval. Desejamos que no ano que vem o Rei Momo esteja a postos para abrir a folia e os cariocas possam festejar novamente nas ruas. Parabéns para esta cidade, berço do samba e das lindas canções. Que ela continue sempre sendo um rio desaguando no mar...
O Sextas de Poesia faz sua homenagem à Semana de Arte Moderna, conhecida como a Semana de 22. Escolhemos o poeta Manuel Bandeira, que, na época, doente com tuberculose, não participou ativamente, mas foi um dos autores mais importantes do movimento modernista na poesia. Bandeira teve dois poemas lidos durante a semana que causaram grandes manifestações do publico.
"Poética" expõe os princípios estéticos básicos que impulsionaram a primeira revolta pela liberdade formal da poesia do modernismo brasileiro, juntamente com "Os Sapos".
Nesta semana, trazemos "Poética"no qual Bandeira defende que não há lirismo sem libertação.
100 anos da Semana de 22
Marco oficial do Modernismo brasileiro, a Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo e reuniu artistas das mais diversas áreas no Theatro Municipal de São Paulo, ao longo dos dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Apresentações musicais e conferências intercalavam-se às exposições de escultura, pintura e arquitetura com o intuito de introduzir ao cenário brasileiro as mais novas tendências da arte.
A edição do Sextas de Poesia desta semana faz uma homenagem a Moïse Mugenyi Kabagambe, da República Democrática do Congo, de 24 anos, que veio para o Brasil com sua família, como refugiado político, fugindo da violência, guerra e fome de seu país, e foi brutalmente assassinado no dia 24 de janeiro, na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro.
O poema que homenageia o jovem congolês é de Márcio Barbosa e integra a publicação Cadernos Negros - Poemas Afro-brasileiros, Volume 31, de 2008.
"Não há povo sem história, sem memória coletiva. E é na pele que essa memória continua viva"
#somostodosafrica #somostodoscongo #somostodosmoise
O Sextas desta semana homenageia o poeta amazonense Thiago de Mello com "Mormaço de primavera". Durante toda sua vida foi comprometido com a liberdade e com o amor. Fazia do Amazonas seu lugar de pertencimento e fala. Era o poeta de branco, das águas.
Um escritor premiado e reconhecido nacional e internacionalmente, viveu na ditadura, reagiu contra ela e escreveu a favor da liberdade. Ele é o poeta da liberdade e do amor. Ganhou linda homenagem da 34ª Bienal de São Paulo, quando um de seus versos mais lembrados , "Faz escuro mas eu canto", extraído de “Madrugada Camponesa”, escrito há 60 anos, foi tema da tradicional exposição.
Thiago de Mello morreu em 14 de janeiro, deixa uma vasta obra e uma imensa saudade.
O poema escolhido para sua homenagem lembra que é preciso seguir buscando as cores certas da primavera, esperançar e seguir lutando.
Em homenagem ao aniversário de Rubem Braga, o Sextas de Poesia traz um trecho de "O verão e as mulheres", no qual ele aborda os sentimentos dessa estação.
Rubem Braga nasceu em 12 de janeiro de 1913. Aos 15 anos de idade já escrevia crônicas para o jornal Correio do Sul, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), sua terra natal. Formado em Direito, nunca exerceu a profissão, pois decidiu se dedicar ao jornalismo.
Com forte influência do Modernismo, considerado um dos maiores cronistas brasileiros, Rubem Braga publicou diversos livros, entre eles "Crônicas do Espírito Santo" e "Coisas simples do cotidiano".
No poema, Braga fala do sentimento trazido pelo verão, e, com sua ironia, reflete que talvez tenha chegado o outono mais cedo, pois "sucederam muitas coisas; é tempo de buscar um pouco de recolhimento e pensar em fazer um poema". E quem sabe ele não trouxe nosso sol? Tempos de fazer poema.
O Sextas de Poesia inaugura o ano de 2022 trazendo a coragem de Guimarães Rosa, escritor da alma do sertão, com seu lirismo regional, um recriador da linguagem e inventor de mundos. Para ele, as "pessoas não morrem, ficam encantadas”.
No romance "Grande Sertão: Veredas", o protagonista Riobaldo narra sua trajetória. O trecho escolhido dessa obra reflete sua busca e o correr do caminho, mais do que a chegada.
Como diz mais adiante, " o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando".
E com esses sentimentos, mudança e coragem começamos um novo ano!
A última edição de 2021 do Sextas de Poesia, publicada no último dia do ano, traz Manoel de Barros com o poema "Olhos parados".
Após um ano difícil, de distanciamentos, perdas e superação, esperamos um novo ano de recomeços, pequenos gestos, reencontros e boas vindas... Como nos fala o poeta, como é bom "saber que a gente tem amigos de fato... sentir os ventos pelo rosto...".
Desejamos que todos possam sentir o sol e gostem de ver as coisas todas.
Feliz 2022!!!
O Sextas de Poesia traz "Infância", de Ariano Suassuna. O escritor paraibano fundou, na década de 1970, um movimento intitulado Armorial, que visava à construção de um conjunto de obras artísticas que unia o erudito e a cultura popular, sobretudo a nordestina. Escreveu inúmeros textos teatrais, como, por exemplo, o Auto da Compadecida.
"Infância" foi o poema escolhido para esta edição do Sexta de Poesia, que, além de uma homenagem ao autor, fala sobre o canto e força do sertão.
O mês de dezembro é especial para o Sextas de Poesia, pois foi nele que inauguramos o projeto, em 2020, no meio da pandemia de Covid-19. Nosso objetivo é muito mais do que compartilhar arte em belos versos e estrofes, a ideia é dividir afetos, acolhimento e esperança. Agora, depois de um ano de trabalho, atingimos a marca de 50 edições publicadas.
Com o poema "Mas há a vida", o Sextas de Poesia homenageia a grande escritora Clarice Lispector. Nele, Clarice nos convida a viver, com toda sua intensidade. O amor sem medo é o coração selvagem como o dela. Viva Clarice!
A escritora brasileira marcou a literatura do século XX com seu estilo intimista e complexo, linguagem poética e perturbadora. Clarice Lispector (1920-1977) é um marco em nosso Modernismo e suas obras continuam entre as mais lidas no país.
A autora, vale lembrar, figura como uma das primeiras autoras a ganhar notoriedade nacional, ao lado de grandes nomes, como Rachel de Queiroz e Cecília Meireles, tendo, portanto, também um papel fundamental para desconstruir preconceitos e ampliar o horizonte para tantas outras mulheres na literatura.