Manuel Alegre, poeta português nos fala de uma Lisboa triste. Com "praças cheias de ninguém", o poema, que foi escrito durante a pandemia, retrata a desolação do isolamento e o vazio da cidade. No Brasil, na semana em que batemos mais uma vez o recorde de vidas perdidas por dia, cidades decretam lockdown na tentativa de evitar o colapso total.
Mas como disse o poeta "ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste e em cada rua deserta ainda resiste". Do lado de cá, resistiremos com Quintana, Barros, Drummond, Clarice, Cecília, toda poesia e tanto (a)mar.
Encerrando o mês da mulher, o projeto "Sextas" trás o poema Ruínas, de Florbela Espanca, escritora portuguesa que escrevia o que sentia em versos quase confessionais. Expressava as dores, escolhas e a vida das mulheres, com seu olhar sensível, triste, mas com enorme vontade e esperança na superação e felicidade.
Que a chegada do outono faça cair folhas amarelas, derrubar castelos e "sobre as ruínas crescer heras. Deixa-as beijar as pedras e florir!"
Março também é o mês em que se comemora o Dia Mundial da Poesia! Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a poesia é "forte aliada do entendimento entre os povos, uma impulsora da paz e do diálogo. Os versos reafirmam a humanidade e mostram que pessoas em todas as partes do mundo têm os mesmos anseios, compartilham dos mesmos sentimentos e questões".
O Dia Mundial da Poesia foi criado em 1999 durante a 30ª sessão anual da Unesco, em Paris. Um dos principais objetivos da data é apoiar a diversidade linguística por meio da expressão poética e oferecer às línguas sob risco de extinção a oportunidade de serem ouvidas em suas comunidades. A data também quer incentivar a leitura, a escrita e o ensino da poesia promovendo um diálogo cultural com a dança, as artes dramáticas e a pintura. Em 2020, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, declarou que a poesia tem o poder de lembrar a todos da resiliência do espírito humano.
Olga Savary foi poeta, nunca quis ser chamada de poetisa. Foi voz pelos direitos das mulheres, todos eles. Hoje, nossa homenagem é para essa poeta - que morreu ano passado vítima da Covid-19 -, mas também a todas as vidas perdidas nesta semana em que se completa um ano da declaração oficial da pandemia mundial causada pelo coronavírus.
Em seu primeiro livro, Ferreira Gullar escreveu o prefácio, uma tradução perfeita:
"Olga Savary nos parece dizer que a multiplicidade dos fenômenos e das vozes mais encobre que revela a essência real da vida. Por isso mesmo, ela está sempre nos chamando para o silêncio, a quietude, para as coisas que dormem esquecidas ou abandonadas, para o que está aparentemente à margem do mundo. Ela busca, ali, aquela integridade, aquela unidade que daria sentido à existência. Mas onde encontrá-la realmente, “se nada termina tudo se renova?” É uma angústia que a dilacera “como uma garra que fecha e abre dentro da fechada carne”. É quase o desespero".
O poema escolhido para esta edição do Sextas de Poesia nos faz navegar num "Mar de esperança", insistindo na alegria como resistência!
Ela é força e resistência, fez da palavra e da escrita sua luta. Carolina Maria de Jesus, mulher, negra e favelada é a escritora e poetisa que ilustra o Sexta de Poesias desta semana, que também celebra todas as mulheres em suas diferentes representações, lugares e conquistas.
A escritora acaba de receber o título de Doutora Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Caio Fernando Abreu faz falta. Em fevereiro, completa-se 25 anos de sua morte, mas sua poesia e memória seguem vivas, e a cada dia ele é mais lido e compartilhado por um público jovem. Poeta, jornalista e escritor, ele enfrentou seus medos, a ditadura, a luta pelo direito de ser o que quiser, de ter um lado, de fazer escolhas e de mudar. Como no poema que ilustra o 'Sextas de Poesia' desta semana, Caio Fernando Abreu reafirma: "Faz anos navego o incerto". Para ele não há respostas, roteiros nem portos. No entanto, nos deixou a palavra, pontes que atravessam rios e navegam mares.
Leia na íntegra o poema Faz anos navego o incerto.
Nesta semana, o Sextas de Poesia homenageia o carnaval. Este ano não teremos os passistas, foliões e a alegria nas ruas... O samba enfrentará mais esse temporal! Vamos nos resguardar para quando o carnaval de 2022 chegar! Neste carnaval, fique em casa!
O Sextas de poesia desta semana traz "Renga da noite", de autoria de Alice Ruiz.
Com ‘Poemas da recordação e outros movimentos', Conceição Evaristo ilustra o Sextas de Poesia.
Com palavras de empatia, Paulo Leminski ilustra a primeira edição de 2021 do projeto Sextas de Poesia com o poema Contranarciso.
Passamos por um dos momentos mais difíceis da humanidade. São tempos de pandemia, reclusão, distanciamento, isolamento e medo. Como podemos ultrapassar propondo um olhar para o futuro sem deixar de fincar os pés no presente? A Educação, como já disse Paulo Freire, “é feita para esperançar”. Então, como podemos manter essa esperança com ações? Como reinventar nossas perspectivas mirando um mundo melhor? A resposta trazida pelo Campus Virtual Fiocruz é a poesia. Neste espírito, inauguramos hoje, 18 de dezembro, o projeto Sextas de Poesia, cujo objetivo é muito mais do compartilhar arte em belos versos e estrofes, a ideia é dividir afetos, acolhimento e esperança.
Nosso escritor e poeta de estreia é o moçambicano Mia Couto, com sua narrativa emotiva e afetuosa para resgatar a luta, a resistência e a construção de novas vidas, humanizadas. Perguntado sobre como a poesia poderia ajudar nos tempos de pandemia, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense, Mia Couto responde que “o espaço da poesia sempre foi encontrado nos interstícios, nas fendas do muro, em contracorrente. Tudo depende, afinal, do que se entende por poesia. Se poesia constituir uma visão alternativa do mundo, e não apenas uma forma de arte, então ela terá poderes para enfrentar este mundo. Às vezes, tudo o que resta é a palavra. Essa palavra é apenas o rosto de algo que Drummond chamou de um sentimento do mundo. A poesia pode convocar o desejo de um outro mundo que seja mais nosso".
A iniciativa, de responsabilidade da Coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, Ana Furniel, busca, segunda ela, “trazer a beleza, o acolhimento da palavra, o sopro do vento nas tardes de mormaço... aos dias que a pandemia tem tornado duros, estranhos e de muita insegurança e desesperança. Portanto, é também com esse sentimento e desejo que ansiamos a esperança do futuro, com um 2021 de renovações e abraços.
Os trabalhadores e alunos da Fiocruz também podem compartilhar conosco suas sugestões de poemas, fotos ou arte para ilustrar este novo projeto.