O Sextas de Poesias desta semana traz Pablo Neruda com o poema "Para o meu Coração". Nele, o autor reforça o poder do amor dizendo que "para meu coração, basta teu peito. Para tua liberdade, bastam minhas asas". Em tempos de tanto desamor, falar de amor é um ato revolucionário.
Nossa homenagem a Pablo Neruda acontece na semana em que se comemora o seu aniversário. Ele é um dos maiores poetas contemporâneos, que emprestou sua sensibilidade e amor à América Latina.
Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, nasceu na pequena cidade de Parral, em 12 de julho de 1904, no Chile, e ficou conhecido pelo seu pseudônimo: Pablo Neruda. O poeta ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Além disso, foi diplomata, representando seu país como cônsul na Espanha e no México, e abandonou a carreira para se tornar senador em 1945. Neruda morreu em Santiago, em 23 de setembro de 1973. Apoiador do presidente chileno Salvador Allende, o escritor faleceu poucos dias após o golpe militar comandando pelo general Augusto Pinochet, que colocaria o Chile em uma ditadura por 17 longos anos.
As últimas semanas foram de luto, meninas e mulheres violentadas, espancadas e assassinadas. O Sextas de Poesia trás o trabalho de um coletivo de mulheres, o Papel Mulher (@papel.mulher), que através do lambe-lambe - pôster artístico de tamanho variado que é colado em espaços públicos -, distribui nas cidades do Brasil palavras de poesia e beleza que reforçam nossa resistência. A poesia trazida hoje é de Aline Miranda, que integra o coletivo e também desenvolve o projeto Correio do Amor de Outrora. Sigamos resistindo!
Segundo o Papel Mulher, "Aline Miranda é poeta, zineira, escritora, editora, oficineira, e revisora de texto. Nascida em Brasília, mas atualmente mora no meio do mato no Rio de Janeiro. Autora de muitas zines e livretos artesanais, tem textos, poemas e resenhas publicados em plataformas digitais e impressas. É uma das editoras da zine "Que o dedo atravesse a cidade, que o dedo perfure os matadouros" e da @filipaedicoes.
Há três anos, ela vem desenvolvendo o projeto “Correio do Amor de Outrora”, em que escreve, datilografa e entrega cartas de amor por encomenda. Desenvolve oficinas de experimentação poética na máquina de escrever em centros culturais, escolas e espaços públicos. Também faz parte da coletiva de performance poética, sonora e sensorial “Conjuração 44”, com artistas lésbicas e bissexuais. Defensora da sensibilidade como força. Não só espera, mas realiza acontecimentos.
O Sextas desta semana apresenta Cântico Negro, de José Régio, pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira. Nele o autor reforça que a individualidade reside nas escolhas: não seguir o caminho de todos, procurar um caminho diferente, mesmo que seja mais difícil e obscuro.
Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
Cântico Negro é considerado um poema-manifesto, pois dentro dele há elementos comuns da poética de José Régio. Esta poesia, cujo tema central é a religiosidade, foi publicada em seu primeiro livro, chamado Poemas de Deus e do Diabo, publicado em 1926.
Com informações de https://www.culturagenial.com/poema-cantico-negro-de-jose-regio/
O Sextas de Poesia desta semana traz Mário Cesariny, inaugurando o mês de junho com edições dedicadas ao amor e os namorados. Mário Cesariny de Vasconcelos foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador das atividades surrealistas em Portugal.
É dele o poema "Em todas as ruas te encontro", que fala sobre o lirismo, o amor romântico em sua busca infinita, onde "meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura..."
Cesariny nasceu em 9 de agosto de 1923, em Lisboa, Portugal e morreu em 26 de novembro de 2006.
Murilo Mendes, nascido em Minas Gerais em 1901, carrega em si a marca do poeta do século XX. Sua sensibilidade às divergências fizeram dele um autor ímpar no século dos extremos: o século das vanguardas, das guerras, das ciências, da busca pela compreensão do lugar do homem na vida e no Universo.
No poema "Reflexões N° 1", escolhido para esta edição do Sextas de Poesia, Mendes lembra que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, com dialética e incompreensão ou inconformismo com o que é dado, ou o destino das coisas e lugar no mundo. Tão atual quanto desconcertante.
Na esteira do Modernismo brasileiro, Murilo Mendes publicou seu livro inaugural, de título simples, "Poemas", em 1930, com influências do movimento surrealista francês, bem como a crítica ao ufanismo.
Em 1934, Murilo Mendes converte-se ao Catolicismo, então sua veia surrealista, nutrida pela leitura dos franceses, ganha novos motivos. Assim, o poeta dos extremos recebe nova missão: comungar fé, o encanto científico e a crítica modernista em sua poesia.
O Sextas de Poesia desta semana traz Ana Cristina Cesar, poeta de privilegiada consciência crítica, para quem a literatura e a vida eram indissociáveis. Ana Cristina destacou-se na década de 1970 com uma poesia intimista marcada pela coloquialidade e com seu talento para vertentes diversas da atividade intelectual.
O poema escolhido para esta edição é "Esvoaça", que foi musicado por Paulo Baiano, e nos leva, como bruma, numa ilusão a perguntar: "Pra que tanta dor? Se o amor que vai sumindo, adelgaça, esvoaça, esvoaça..."
Todo seu acervo pode ser consultado no Instituto Moreira Salles.
O poema escolhido para esta semana no Sextas é de Mar Becker, e nos lembra que a vida é breve e "O amor é longo".
Mar Becker, pseudônimo de Marceli Andresa Becker, nasceu em Passo Fundo (RS) e tem formação em filosofia. Ela já publicou poemas pelo Centro Cultural São Paulo, Coleção Poesia Viva (2013), e pela Editora Quelônio, Coleção Vozes Versos (2017). A mulher submersa (Urutau, 2020, edições no Brasil e em Portugal) é seu livro de estreia. Nele, a poeta trata de temas e imagens ligadas ao feminino, ao espaço doméstico e à história das mulheres na literatura e no mundo.
Mar Becker faz parte de um geração de poetas que usa as redes sociais como caixa de ressonância do seu trabalho.
O Sextas desta semana homenageia o poeta amazonense Thiago de Mello com "Mormaço de primavera". Durante toda sua vida foi comprometido com a liberdade e com o amor. Fazia do Amazonas seu lugar de pertencimento e fala. Era o poeta de branco, das águas.
Um escritor premiado e reconhecido nacional e internacionalmente, viveu na ditadura, reagiu contra ela e escreveu a favor da liberdade. Ele é o poeta da liberdade e do amor. Ganhou linda homenagem da 34ª Bienal de São Paulo, quando um de seus versos mais lembrados , "Faz escuro mas eu canto", extraído de “Madrugada Camponesa”, escrito há 60 anos, foi tema da tradicional exposição.
Thiago de Mello morreu em 14 de janeiro, deixa uma vasta obra e uma imensa saudade.
O poema escolhido para sua homenagem lembra que é preciso seguir buscando as cores certas da primavera, esperançar e seguir lutando.
O Sextas de Poesia desta semana traz Chacal, ou Ricardo de Carvalho Duarte, com "Na porta lá de casa". O poema escolhido parece nos falar da percepção de um cotidiano, contraditório entre casa e rua, lúdico e marginal. Chacal é o principal sobrevivente da Poesia Marginal, típico antropófago, que sabe imprimir as marcas da brasilidade carioca em seus versos.
Em 1970, ele escreveu seu primeiro livro, intitulado “Muito Prazer”, uma edição mimeografada, um misto de cartão de apresentação com livro de poesia, pessoalmente distribuído pelo autor, em 1971, com confecção de 100 exemplares. A partir de 1972, passou a colaborar com a revista Navilouca.
Chacal foi um poeta da chamada geração mimeógrafo, que fazia uma poesia que saia da página do livro e ganhava as ruas. A Poesia Marginal é irreverente, descompromissada com qualquer estética.
Como atesta a criação do CEP 20.000 (Centro de Experimentações Poéticas), em 1990, no Rio de Janeiro, como forma de reunir poetas e artistas e agitar a vida política e cultural da cidade. Chacal passou a ler avidamente Guimarães Rosa. Descobriu que “palavras tinham molas, dobravam esquinas”, ao mesmo tempo em que vivia as manifestações nas ruas contra a ditadura.
O Sextas de Poesia desta semana homenageia o poeta, compositor, músico e artista visual Arnaldo Antunes com o poema "Estamos sob o mesmo teto". A sua poesia concreta, na qual a atitude se faz pela linguagem, não só verbal, transgredindo as questões sintáticas e criando combinações raras, tem como influência o concretismo paulista dos anos de 1950. No poema escolhido, o autor brinca com a forma da escrita, desconstruindo a lógica de versos, que podem ser lidos de cima pra baixo, de baixo pra cima ou ainda pulando linhas. São vários poemas dentro do poema, escolha o seu. Viva Arnaldo Antunes!
O poeta nasceu em 2 de setembro de1960 em São Paulo. Ele também foi um dos criadores e membros da banda Titãs, recebeu o Grammy com o grupo Tribalistas, além de outros prêmios durante toda sua carreira. É autor de "Agora aqui ninguém precisa de si", de 2015, e "Como é que chama o nome disso", de 2006, entre outros livros de poesias.