O Sextas de Poesia dessa semana volta a dar espaço para jovens poetas, o poema "Ar" de Patricia Pinheiro, faz parte do seu livro Quadripartida. Nas palavras de outra poeta, Mar Becker, Patrícia Pinheiro é luz e sombra, é temor de que “faltem raízes para nutrir as asas”, mas também “inato desejo de voar”. É a certeza de que o essencial da palavra se acessa pelo interdito, pelo que se apaga na letra, cala-se na boca. Assim ela nasce e renasce centenas de vezes, feita de ar, água, fogo, terra. Quadripartida – e reunida.
Patrícia Pinheiro tem 28 anos e é natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul, morando em Florianópolis, Santa Catarina. É formada em Psicologia e amante das palavras. Poeta e escritora, compartilha seu trabalho em suas redes sociais. É colunista do site CONTI outra. Seu livro Quadripartida foi lançado pela Editora Laranja Original.
O Sextas de Poesia desta semana faz sua homenagem às mulheres, que diariamente lutam por seu espaço, memória, escolhas e contra uma série de desigualdades, violências e submissões.
Um dos nomes mais relevantes e necessários da literatura brasileira contemporânea, a escritora e educadora mineira, Conceição Evaristo, foi a escolhida para ilustrar o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.
No poema "Eu-Mulher", lançando mão de uma complexa estratégia de resistência e reinscrição no mundo – “em baixa voz/violento os tímpanos do mundo” – e usando imagens como a do sangue e a da semente, a autora anuncia a magnitude do poder feminino de gerar a vida, além de denunciar a perversidade a qual, numa sociedade machista, as mulheres são submetidas.
*com informações de Projeto Ocupação - Conceição Evaristo
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: ao carnaval e ao Rio de Janeiro, cidade que completa 457 anos no dia 1°/3. Com a pandemia, este é o segundo ano sem carnaval na cidade que vive o samba, as rodas e a alegria em cada personagem e fantasia. Um Rio que, entre a favela e o asfalto, a beleza e o caos, encanta com os enredos da passarela ou seus cartões postais.
Em 1934, o jovem compositor Antônio André de Sá Filho - nascido na Rua da Carioca em 21 de março de 1906 -, com várias músicas gravadas, criou uma marcha em homenagem ao Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, que acabaria virando um hino para a cidade.
Essa marchinha abre e fecha os bailes e o carnaval. Desejamos que no ano que vem o Rei Momo esteja a postos para abrir a folia e os cariocas possam festejar novamente nas ruas. Parabéns para esta cidade, berço do samba e das lindas canções. Que ela continue sempre sendo um rio desaguando no mar...
A edição do Sextas de Poesia desta semana faz uma homenagem a Moïse Mugenyi Kabagambe, da República Democrática do Congo, de 24 anos, que veio para o Brasil com sua família, como refugiado político, fugindo da violência, guerra e fome de seu país, e foi brutalmente assassinado no dia 24 de janeiro, na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro.
O poema que homenageia o jovem congolês é de Márcio Barbosa e integra a publicação Cadernos Negros - Poemas Afro-brasileiros, Volume 31, de 2008.
"Não há povo sem história, sem memória coletiva. E é na pele que essa memória continua viva"
#somostodosafrica #somostodoscongo #somostodosmoise
O poema escolhido para esta semana no Sextas é de Mar Becker, e nos lembra que a vida é breve e "O amor é longo".
Mar Becker, pseudônimo de Marceli Andresa Becker, nasceu em Passo Fundo (RS) e tem formação em filosofia. Ela já publicou poemas pelo Centro Cultural São Paulo, Coleção Poesia Viva (2013), e pela Editora Quelônio, Coleção Vozes Versos (2017). A mulher submersa (Urutau, 2020, edições no Brasil e em Portugal) é seu livro de estreia. Nele, a poeta trata de temas e imagens ligadas ao feminino, ao espaço doméstico e à história das mulheres na literatura e no mundo.
Mar Becker faz parte de um geração de poetas que usa as redes sociais como caixa de ressonância do seu trabalho.
Com o poema "Mas há a vida", o Sextas de Poesia homenageia a grande escritora Clarice Lispector. Nele, Clarice nos convida a viver, com toda sua intensidade. O amor sem medo é o coração selvagem como o dela. Viva Clarice!
A escritora brasileira marcou a literatura do século XX com seu estilo intimista e complexo, linguagem poética e perturbadora. Clarice Lispector (1920-1977) é um marco em nosso Modernismo e suas obras continuam entre as mais lidas no país.
A autora, vale lembrar, figura como uma das primeiras autoras a ganhar notoriedade nacional, ao lado de grandes nomes, como Rachel de Queiroz e Cecília Meireles, tendo, portanto, também um papel fundamental para desconstruir preconceitos e ampliar o horizonte para tantas outras mulheres na literatura.
Com o poema Aquavia, de Maria Lúcia Alvim, o Sextas de Poesia desta semana retrata o amor na força de uma fonte que transborda, na ambivalência dos sentimentos e na leveza da alma que se evapora.
A nova edição homenageia a autora Maria Lúcia, cotemplada em 2021 com o prêmio Jabuti na categoria poesia, mais importante troféu anual da literatura brasileira. A poeta mineira, venceu postumamente pela coletânea de poesias "Batendo Pasto", da Relicário.
Nascida em 4 de outubro de 1932, em Araxá, no Alto Paranaíba, Minas Gerais, a escritora morreu em fevereiro deste ano, vítima da Covid-19, aos 88 anos, em uma casa de repouso de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.
Na obra "O alegre canto da perdiz", que ilustra o Sextas de Poesia desta semana, Paulina Chiziane conta a história de vida de Delfina, “dos contrastes, dos conflitos, das confusões e contradições, é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho". Mas que segue na luta com encanto, com a força da mulher negra, cujo grito de liberdade está sempre sufocado, seja qual for a língua.
Nascida em 1965, Paulina é a vencedora do Prêmio Camões de 2021, e foi a primeira moçambicana a publicar um romance. Autora de "Niketche", lançado pela Companhia das Letras, e "O alegre canto da perdiz" (Editora Dubliense), sua obra tem encontrado grande recepção no Brasil, sendo tema, inclusive, de teses e dissertações defendidas em universidades de todo o país. Na juventude, atuou na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência, e só publicou seu primeiro romance — "Balada de amor ao vento" — em 1990.
O Sextas de Poesia desta semana homenageia o aniversário de Carlos Drummond de Andrade, celebrado em 31 de outubro, com o poema "Confidência do Itabirano". Drummond é considerado um dos poetas brasileiros mais influentes do século XX, e um dos principais artistas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos.
Carlos Drummond de Andrade, que também foi contista e cronista, nasceu em Itabira do Mato Dentro - hoje apenas Itabira -, em Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. E vem de suas memórias de Itabira o poema em sua homenagem: "Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!"
Drummond merece todas as homenagens! É o poeta que traduz o “ferro nas calçadas" e a dor do "ferro nas almas”. O homem que viu o mundo tão grande que cabia na janela sob o mar, e que fazia da poesia seus braços pra alcançar. "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo".
Viva Drummond, o poeta do mundo!
"O Bicho" é o poema de Manuel Bandeira escolhido para ilustrar o Sextas de Poesia desta semana. Escrito no Rio de Janeiro, no dia 27 de dezembro de 1947, o poema retrata a realidade social do Brasil imerso na miséria durante a década da quarenta. "O Bicho" é um típico exemplar da poesia modernista, traz versos que não se deslocam do seu tempo.
Como disse a poeta Ana Hatherly, "quando o poema é bom não te aperta a mão: aperta-te a garganta".
O Sextas de Poesia, na voz de Bandeira, faz sua homenagem aos poetas que enxergam os excluídos no país, e que, estarrecidos, veem gente se alimentar de lixo.
"Tantas caras tristes
Querendo chegar em algum destino
Em algum lugar
Tem gente com fome
Se tem gente com fome
Da de comer... ( Solano Trindade)