O Sextas de hoje traz mais uma vez um poema publicado no projeto Papel Mulher (@papel.mulher). Desta vez, a homenagem é para As Ceguinhas de Campina Grande. Elas são irmãs, cantoras e compositoras de cantigas populares: Mestra Indaiá (Francisca Conceição Barbosa, 1950), Mestra Poroca (Regina Barbosa, 1944) e Mestra Maroca (Maria das Neves Barbosa, 1945-2017†).
Por meio de lambe-lambes - pôster artístico de tamanho variado que é colado em espaços públicos -, o coletivo de mulheres, como se define o projeto Papel Mulher, distribui nas cidades do Brasil palavras de poesia e beleza que reforçam nossa resistência.
De acordo com o Papel Mulher, cegas de nascença, o grupo sempre teve como missão o fazer arte, cantando coco de embolada e tocando ganzá. Infelizmente, no início, com um viés de exploração, ela sustentavam 14 parentes com as doações que recebiam. Tristezas à parte, elas possuem um repertório de linguagens do cancioneiro nordestino, que reprocessam com acréscimos de improvisos.
Em 1997, apareceram no documentário "A Pessoa é Para o Que Nasce", que as apresentou ao mundo profissional das artes. A partir de então, surgiram convites de festivais e prêmios.
#ParaTodosVerem Foto de um lambe-lambe em primeiro plano colado em um poste, ao fundo a foto está desfocada e há carros estacionados, o lambe-lambe está nas cores branca, rosa, azul e amarela e nele está escrito um poema das Ceguinhas de Campina Grande:
Tem quatro coisas
Que o mundo
nunca pôde me ensinar
Qual é a cor desse céu
Qual é a forma do mar
Um modo certo de ser
E um jeito fácil de amar
Nesta semana, em homenagem à luta das mulheres por igualdade de gênero e conquistas sociais, o Sextas abre uma exceção e é publicado na ocasião em que acontecem manifestações e mobilizações em todo o país, organizadas pelo 8M, pelo Dia Internacional da Mulher. Para tanto, o Sextas de Poesia traz um trecho da canção de Francisco el Hombre, triste, louca ou má, em homenagem a todas as mulheres.
O Sextas de Poesia faz uma dupla homenagem esta semana: ao Rio de Janeiro, que completa 460 anos em 1° de março, e ao Carnaval, uma das maiores festas populares brasileira, que é comemorada em nossa cidade, mas também é comemorada em todo país.
O texto escolhido hoje é a música de Noel Rosa, "Cidade mulher", na qual ele exalta o Rio e o samba:
"Cidade que ninguém resiste
Na beleza triste
De um samba-canção".
Parabéns ao Rio, cidade que resiste e que sempre desagua no mar. Bom Carnaval a todos!
O Sextas de Poesia homenageia sua Marina Colassanti, escritora, contista, jornalista, tradutora e artista plástica ítalo-brasileira, nascida na então colônia italiana da Eritreia. A autora publicou mais de setenta obras para crianças e adultos, incluindo Eu Sozinha (1968), Uma Ideia Toda Azul (1979), E por Falar em Amor (1991), A Moça Tecelã (1994), e Passageira em Trânsito (2009).
Aliás, por conta de sua vasta experiências e publicações, em 2023 ganhou um dos maiores reconhecimentos do setor literário, tornando-se a 10ª mulher a conquistar o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Marina faleceu aos 87 anos em 27 de janeiro de 2025.
O Sextas de Poesia desta semana traz a portuguesa Raquel Serejo Martins (Trás-os-Montes, 1974) com um poema do livro Silêncio Sálico, em que ela fala sobre a esperança no amor.
Economista, com pós-graduações em Direito Penal e em Direito Administrativo, Raquel vive em Lisboa, e todos os dias ela ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Chico Buarque, e lê pelo menos um poema.
Ela tem publicados dois romances: A Solidão dos Inconstantes (2009) e Pretérito Perfeito (2013); cinco livros de poesia: Aves de Incêndio (2016), Subúrbios de Veneza (2017), Os Invencíveis (2018), Plantas de Interior (2019) e Silêncio Sálico (2020), além da peça de teatro: Preferia estar em Filadélfia (2019) e a autoria de duas canções.
Com informações de Livraria Almedina
#ParaTodosVerem Foto de um rio, o Sol está no centro da imagem e próximo ao rio, o seu reflexo está na água. No canto direito da imagem há uma pessoa sentada em um banco olhando para a paisagem. No canto direito do banner, o poema de Raquel Serejo Martins, Silêncio Sálico:
Quando eu der à costa
gostava que fosses tu
à minha espera,
à minha procura,
os teus olhos como faróis em flor
e palavras inúteis de amor.
Esta semana, o Sextas ilustra o poema de Ricardo Gil Soeiro "Lição de Botânica", do livro Lições de Miragem. O poeta português tem vários ensaios publicados, entre os quais Gramática da Esperança (2009), Poéticas da Incompletude (2017), Volúpia do Desastre (2019) e O Enigma Claro da Matéria (2019). Ele também organizou o volume 'As Artes do Sentido' e coeditou Paul Celan: Da Ética do Silêncio à Poética do Encontro (2014), Das Cinzas do Silêncio à Palavra do Fogo (2018) e O Nada virado do Avesso (2019).
No âmbito da poesia, publicou obras como Caligraphia do Espanto (2010), Labor Inquieto (2011), Da Vida das Marionetas (2012) ou Pirilampos (2022). Em 2012, publicou a lume L’apprendista di enigmi, uma antologia poética traduzida para italiano. Com Iminência do Encontro foi agraciado com o Prémio PEN Clube Português – Primeira Obra 2010. Com o livro A Sabedoria da Incerteza foi finalista do Prémio PEN de Ensaio 2016. Com o livro Palimpsesto foi finalista do Prémio SPA 2017. Com A Rosa de Paracelso foi finalista do Grande Prémio de Literatura DST 2018. Em 2019, foi homenageado pelo Instituto Cultural Romeno com o título honorário Amicus Romaniae 2019.
Ricardo é pesquisador e professor de Estudos de Literatura, Arte e Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Com informações da Editora Assírio & Alvim
#ParaTodosVerem Banner com fundo rosa, no lado direito há marcas de tinta aquarela em diversas cores, amarelo, verde e azul, no canto inferior esquerdo do banner, ilustrações de passarinhos voando. No centro o poema de Ricardo Gil Soeiro, Lição de Botânica:
A alga queria ser flor,
a flor queria ser árvore,
a árvore queria ser
pássaro.
O homem queria
ser asa.
O Sextas desta semana traz o poeta Nicolas Behr, brasileiro nascido em 1958, em Cuiabá, e um dos principais representantes da poesia marginal, movimento literário que surgiu na década de 1970 como uma alternativa à literatura oficial. Segundo a Revista Vida Secreta, sua obra é marcada por uma linguagem coloquial e descontraída, abordando temas urbanos como a cidade, o amor, a juventude, a tecnologia e as questões sociais. "Com um olhar atento ao cotidiano, Behr busca capturar a essência da vida contemporânea. Seu primeiro livro, "Os livros dos Haicais", de 1983, deu início a uma carreira literária prolífica, com obras como "Poesias Reunidas" (1999), "Simplicidade é Sofisticada" (2001), "Último Dia de Rock" (2008) e "Poemas Tirados de Notícias de Jornal" (2018), consolidando-o como uma figura essencial da literatura brasileira contemporânea".
#ParaTodosVerem Foto de um homem e uma mulher, ambos são brancos, estão um do lado do outro e estão apoiados em uma parede azul. O homem está do lado esquerdo da foto olhando para a mesma direção, tem cabelo escuro, bigode e barba por fazer, veste uma blusa branca de manga curta, a mulher ao seu lado olha para o lado direito, tem cabelos claros e curtos, veste uma camisa branca de manga comprida e botões. No canto direito da foto, um trecho da poesia de Nicolas Behr:
"ENFIM, ERA PRECISO SABER
QUANTO CIMENTO SERÁ GASTO
NUMA PONTE POR ONDE NINGUÉM
PASSARÁ DE MÃOS DADAS".
O Sextas de Poesia desta semana homenageia o Dia Mundial da Cultura Africana e Afrodescendente, comemorado em 24 de janeiro, data que marca a valorização dessas culturas e populações ao redor do mundo. Instituída pela Unesco em 2019, essa celebração busca reconhecer e promover a contribuição dos povos africanos e afrodescendentes para a história global, além de reforçar a importância da preservação de suas tradições e da luta contra o racismo e as desigualdades. Também nesta data, em 1835, aconteceu na cidade de Salvador a Revolta dos Malês, a maior revolta de escravos da história brasileira, mobilizando 600 africanos escravizados que lutaram pela sua liberdade.
Assim, o poeta escolhido para ilustrar o Sextas de hoje é o baiano de Salvador José Carlos Limeira, nascido no bairro de Nazaré, em 1° de maio de 1951. Com origens no Recôncavo Baiano, escreve poemas, contos, crônicas e artigos desde 1971. O poema "Meu sonho jamais faz silêncio" é uma defesa radical de sua ancestralidade, da fúria incansável na luta pela liberdade.
Segundo o portal Geledes, suas incursões poéticas valorizam motivos que representam a beleza e o drama cotidiano pela lente de um homem que acumula a experiência de transitar pela adversidade racial brasileira na condição de negro consciente de si, ciente da grandeza de sua história e admirador da inesgotável beleza de sua gente. José Carlos faleceu em março de 2016, deixando uma vasta obra e uma história de luta, tendo a Literatura Negra como ferramenta de insubmissão social, de contestação ao racismo, de valorização da mulher negra e da religiosidade de matriz africana.
#ParaTodosVerem Banner com fundo escuro, no centro a figura ilustrativa de uma mão negra cerrada, com as cores amarela, vermelha e verde ao seu redor. No canto esquerdo do banner, o trecho do poema "Meu sonho jamais faz silêncio", de José Carlos Limeira:
Meu sonho
jamais faz silêncio
E a ninguém caberá calá-lo!
Trago-o como herança que
me mantém desperto
Como esta cor não traduzida em versos...
É a fúria sem arreios,
Terra farta dos anseios,
Desacato,ato, sem freios!
Vôo livre da águia que não cansa,
Me faz erê, me faz criança.
O Sextas de Poesia de hoje faz sua homenagem ao Rio de Janeiro, cidade que comemora seu padroeiro São Sebastião, em 20 de janeiro, com um trecho do livro de Éle Semog.
Cria do movimento negro, oriundo de Nova Iguaçu, e do subúrbio carioca, em Vila Valqueire e Bangu, Éle Semog está entre os poetas mais genuínos de sua geração, do tipo que empunhou megafones em praça pública, gritando poesia na época do grupo “Garra Suburbana” e do jornal “Maioria Falante”, escrito e editado por ele, Ykenga, Krisnas e Togo Yoruba — o tambor que ecoa sua revolta e dor na forma de verso e prosa.
O trecho escolhido faz parte do livro "Tudo o que está solto: poesias afro-brasileiras".
O Rio de Janeiro "onde ferve o Brasil inteiro", e que entre a beleza e o caos, encanta, seduz, assusta e acolhe entre morros e rios que desaguam sempre no mar.
Parabéns, Rio! ❤️
#ParaTodosVerem Foto do Pão de Açúcar, ele está no canto esquerdo da foto, um morro com um bondinho seguindo em sua direção, em frente, o mar com diversos barcos, na linha do horizonte há outros morros ao fundo, o céu azul e algumas nuvens. No canto direito da foto, o trecho do livro "Tudo que está solto", de Éle Semog:
É nesse Rio de Janeiro,
a cara do Brasil inteiro,
que ferve a luz de vida
que torna tudo
encantado - Éle Semog.
O Sextas de Poesia apresenta Florbela Espanca, escritora portuguesa que escrevia o que sentia em versos quase confessionais. Expressava as dores, escolhas e a vida das mulheres, com seu olhar sensível, triste, mas com enorme vontade e esperança na superação e felicidade. O poema desta semana, "Minha culpa", mostra as muitas mulheres que somos: "Eu sei lá bem quem sou?
Um fogo-fátuo, uma miragem… Sou um reflexo…
Um canto de paisagem, ou apenas cenário!". Somos várias!
#ParaTodosVerem Foto de um monumento de pedra no lado direito da foto, uma parte dele está submerso em um rio, ao fundo da foto um muro com pedras que também está com uma parte submersa no rio, há plantas logo acima e um prédio com diversas janelas, algumas janelas possuem varandas, atrás do prédio o céu azul.
No monumento está um trecho do poema "Minha culpa" de Florbela Espanca:
Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou?! Um fogo-fátuo,
uma miragem...
Sou um reflexo... um canto
de paisagem
Ou apenas cenário!
Um vaivém...
Como a sorte: hoje aqui,
depois além!
Sei lá quem Sou?! Sei lá!
Sou a roupagem
Dum doido que partiu
numa romagem
E nunca mais voltou!
Eu sei lá quem!...