Carta repúdio contra o racismo


Olinda, 07 de novembro de 2023
Nós, pescadoras do litoral de Pernambuco e sul da Paraíba, egressas do 1º Curso de Formação de Agentes Populares de Saúde das Águas, tomamos conhecimento do caso de racismo realizado pelo médico MNS na UPA de Ipojuca no dia 29 de setembro contra a pescadora Sandra, estudante do nosso curso, membro da Colônia Z-06 de Sirinhaém e militante da Articulação Nacional das Pescadoras, e sua filha menor de idade.

Na ocasião, o médico constrangeu as duas após atendimento, procurando seu celular, acusando-as de roubo. As duas usavam vestidos e levantaram sua roupa, além de abrirem suas bolsas, para provar sua inocência

Após o ocorrido, trabalhadores informaram que este comportamento é típico do médico, que “perde" seu celular frequentemente e sempre acusa trabalhadores da limpeza. Em nosso curso, discutimos as dificuldades dos povos das águas para garantir seu acesso à saúde, com inúmeros relatos de racismo por parte das equipes de saúde.

Não admitiremos que nossos territórios continuem sofrendo com racismo ambiental, nem que nossos povos sofram racismo por parte das instituições que devem nos proteger, muito menos no Sistema Único de Saúde.

O SUS possui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, Floresta e Águas e nós EXIGIMOS medida de reparação à pescadora Sandra e a todos os povos das águas, de modo a garantir seu direito à saúde. Exigimos que o poder público tome providências.

Convidamos pescadores e pescadoras de todo o litoral a procurar sua Agente Popular de Saúde mais próxima e denunciar qualquer caso de racismo que venha a sofrer.

Já basta de racismo contra os povos das águas!