Repensando a Cooperação Internacional Brasileira


Objetivo
Discutir novos caminhos e perspectivas para a cooperação brasileira para o desenvolvimento no contexto de mudança de orientação na política externa norte americana.

Contexto
A cooperação brasileira com parceiros do Sul Global é fenômeno de longa data na atuação externa do Brasil. O eixo político da cooperação Sul-Sul é o mais conhecido e divulgado para o público amplo, seja pelas suas raízes históricas nos movimentos de libertação e descolonização ou das muitas mudanças recentes nas estruturas de governança global promovidas pelos países do Sul.

Igualmente, o eixo econômico da cooperação Sul-Sul também deixa de ser uma expectativa histórica sobre incremento no intercâmbio comercial e investimentos mútuos para se tornar uma realidade particularmente para o Brasil, que vê o crescimento acelerado especialmente nas parcerias com a China. Observando o seu principal bloco, os BRICS têm se ampliado em termos de número de países participantes, já ultrapassando os 20% do volume global de comércio e os 30% do PIB global. O aspecto econômico da cooperação Sul-Sul tem recebido ainda mais atenção em virtude dos recentes questionamentos dos principais países dos BRICS aos pilares do sistema financeiro internacional, calcado no padrão dólar.

Menos conhecido, todavia, é o eixo da cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento, frequentemente focado na melhoria das capacidades de governo entre os parceiros. Materializado em grande medida na cooperação técnica, a cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento do Brasil tem características próprias, com grande foco no desenvolvimento mútuo de capacidades e o gasto de grande monta nas estruturas de governança regionais e multilaterais. Contudo, a abordagem brasileira na cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento não é a norma, havendo grande variação entre os países do Sul Global.

Perguntas Orientadoras
Em tal contexto, quais são as perspectivas para a atuação do Brasil nesses eixos face à mudança de orientação da política externa norte americana? Quais caminhos o Brasil poderia seguir para estreitar ainda mais os laços com seus parceiros do Sul Global, tendo em vista o recrudescimento da Ajuda Oficial para o Desenvolvimento (ODA) dos países doadores tradicionais a partir de 2024? A cooperação triangular seria um caminho viável para o desenvolvimento? E a cooperação com o setor privado ou o estímulo à cooperação direta entre sociedades civis e entes subnacionais? Há lugar para blended finance na cooperação Sul-Sul do Brasil? Há perspectivas de diversificação em investimentos e no comércio exterior com o Sul Global para além da China?

Organização