Apresentação

O objetivo principal do curso é propor uma abordagem analítica, baseada em uma ecologia de saberes que consolide epistemologias cidadãs pertinentes à vulnerabilidade social, às mudanças climáticas e aos modos de vida sustentáveis. Essas epistemologias cidadãs emergem das experiências acumuladas de populações locais que apoiam suas ações de ajuda mútua e solidariedade na construção de comunidades que desenvolvem a capacidade de recuperar e restabelecer laços sociais, modos de viver e seus territórios quando confrontados com eventos extremos relacionados à mudança climática.
 
A vulnerabilidade social é um indicador crucial, não só para a gestão de riscos e desastres, mas também para promover a cidadania comunitária. Empiricamente, o curso quer discutir metodologias capazes de elaborar mapeamento participativo de vulnerabilidade social georreferenciada de municípios do Estado do Rio de Janeiro, afetados por inundações e deslizamentos, comparativamente a alguns municípios em Portugal, principalmente aqueles afetados por incêndios florestais e outros eventos extremos, a fim de apoiar políticas públicas de desenvolvimento sustentável e outros estados e regiões brasileiras e na Europa.
 
A discussão dessas metodologias parte do princípio da participação e experimentação baseadas em uma ecologia de saberes, que dá igual peso e importância a todos os saberes pertinentes, para que a mudança possa ser efetiva, principalmente através de novas formas de relacionar e viver, e em articulação com públicos específicos e focalizados através de políticas públicas. O papel da ciência da cidadania, que promove a participação em todas as fases do desenho de políticas públicas, envolvendo tanto os tomadores de decisão quanto as comunidades envolvidas, é um princípio crucial, fornecendo uma base para a consolidação de políticas e práticas de médio e longo prazo. Com destaque para abordagens metodológicas novas e alternativas que favoreçam um compromisso para o desenvolvimento sustentável de longo prazo relacionado à mudança climática e enfrentamento e recuperação a eventos extremos, desastres e emergências.

Para a produção de indicadores de vulnerabilidade social relevantes para a mudança social e para o fomento de modos de vida sustentáveis, as instituições participantes do curso trarão seu know-how e expertise, a saber: índices de produção de cidadania (IBASE, Brasil); determinantes sociais da saúde (FIOCRUZ, Brasil); conhecimento sobre territórios e participação da comunidade na formulação e implementação de políticas públicas (FASE, Brasil); mapeamento georreferenciado (GEOHECO/UFRJ, Brasil e IGOT, Portugal), índices de vulnerabilidade social e mapeamento e cidadania (CES, Portugal). O Projeto agregador das experiências brasileiras será o INCID do IBASE.

Programaticamente, todas as atividades do curso são desenvolvidas e estruturadas de acordo com os princípios da Pesquisa-Ação dos Participantes. Os Laboratórios Sociais (oficinas colaborativas) possibilitarão co-produção e alianças de conhecimento ao longo de todo o processo, inspirando e enfatizando a produção de conhecimento científico mais precisa e relevante e o engajamento cidadão em conhecimento acionável para modos de vida sustentáveis.

O curso será estruturado para explorar um agregado de ferramentas metodológicas que interconectadas buscam dar conta do objetivo geral:

1. Implementação de "laboratórios sociais" relacionados ao conhecimento e eventos extremos do passado;
2. Coleta de dados através da história oral e da Comunidade Ampliada de Pesquisa;
3. Elaboração de mapeamento de vulnerabilidades através de sistemas de informação geográfica participativa pública;
4. Construção de Plataforma de Comunidade de Prática para divulgação e consolidação de resultados.