Formatos Abertos

Last updated: November 14th, 2019

O que são formatos abertos

Formato é um modo específico de codificar a informação para o seu armazenamento e recuperação em um arquivo de computador. Formatos portam padrões e são implementados por softwares, podendo ser abertos ou fechados, livres ou proprietários. Os formatos proprietários representam a privatização da memória digital. Arquivos salvos em formatos abertos são arquivos que seguem padrões abertos, cujas especificações são publicadas e podem ser conhecidas por todos.

Os Formatos abertos permitem que diversos softwares possam implementá-los, independentemente dos direitos de propriedade. Por isso, diversos educadores estão equivocados ao não se importarem com o formato em que salvam seus arquivos. Alguns professores alegam que o software e seus formatos equivaleriam a um caderno de notas. Entretanto, um texto escrito em um caderno poderá ser lido daqui a vinte anos sem nenhuma necessidade especial de intermediação. Já um arquivo salvo em um formato específico só poderá ser aberto e lido por um software. Caso o software proprietário não dê mais suporte àquele formato, ele não poderá ser lido. Não se lê um formato como se lê um texto escrito em folhas de papel.

Um formato aberto deve ser implementável tanto em software proprietário como em software livre, usando as licenças típicas de cada um. Em contraste o formato proprietário é controlado e defendido por interesses particulares da empresa detentora de seus direitos. Os formatos abertos são um subconjunto do padrão aberto.

Para ser aberto um formato precisa ser baseado em padrões abertos. Deve ainda ser desenvolvido de forma transparente e de modo coletivo, tal como ocorre, por exemplo, com o HTML5. As especificações de um formato aberto devem estar documentadas e ser acessíveis para todos os interessados. Por fim, um formato aberto deve ser mantido independente de qualquer produto e não pode ter qualquer extensão proprietária que impeça seu uso livre. Padrões abertos, segundo Bruce Perens, é mais do que apenas uma especificação.

São seus princípios:

1. Disponibilidade - Padrões Abertos estão disponíveis para que todos possam ler e implementar.

2. Maximização da escolha dos usuários finais - Padrões Abertos criam um mercado justo e competitivo para implementações do padrão.

3. Nenhum Royalty - Padrões Abertos são gratuitos para ser implementados, sem nenhum royalty ou taxa.

4. Não Discriminação - Padrões abertos e as organizações que os administram não favorecem um implementador em detrimento de outro.

O objetivo principal dos formatos abertos é garantir o acesso a longo prazo aos dados sem incertezas atuais ou futuras no que diz respeito às direitas legais ou à especificação técnica. Um objetivo secundário dos formatos abertos é permitir a competição, em vez de permitir que o controle de um distribuidor sobre um formato proprietário iniba o uso de um produto de competição.

Um formato é aberto quando:

  • Baseado em padrões abertos;
  • Desenvolvido de forma transparente e de modo coletivo;
  • Suas especificações estão totalmente documentadas e acessíveis a todos;
  • Mantido para ser usado independente de qualquer produto ou empresa;
  • Livre de qualquer extensão proprietária que impeça seu uso livre.

Recursos Educacionais Abertos não podem existir plenamente sem formatos abertos que assegurem a possibilidade de recombinar remixar os conteúdos mantendo livre o fluxo de criação. Portanto, tais formatos para garantirem sua recombinação plena devem ser editáveis.

Exemplos de formatos proprietários:

  • DWG - AutoCad Drawing
  • SWF - Shockwave Flash
  • DOC - formato proprietário de texto
  • PPT - formato proprietário de apresentação de slides

Atualmente o PDF é aberto, mas não permite a edição e a remixagem de seus textos e imagens. Embora os produtos Flash da Adobe estejam amplamente disponíveis, isso não significa que eles sejam abertos, pois eles são controlados totalmente pela Adobe e estão disponíveis somente a partir do Adobe. Por basicamente qualquer definição, o Flash é um sistema fechado. No entanto, o formato HTML5 é totalmente aberto e controlado por um comitê de normas.

A garantia do livre fluxo do conhecimento, bem como os esforços para assegurar o compartilhamento dos recursos educacionais, para avançar a construção do comum e para expandir a diversidade cultural impulsionam os formatos abertos.

Quais formatos devo utilizar

Apesar de atualmente o PDF ser um padrão aberto mantido pela mantido pela International Organization for Standardization (ISO), a sua utilização em recursos educacionais não permitirá que seu conteúdo seja adaptado ou facilmente remixado, pois o formato PDF não permite edição, tornando, assim, difícil a cópia de trechos. Por fim, vale destacar que este formato dificulta sua utilização direta para se criar uma obra derivada.

Portanto, apresentamos abaixo uma lista dos formatos abertos disponíveis para serem utilizados em diversos tipos de Recursos Educacionais.

Tipos Formatos
Texto .odt
Planilha .ods
Apresentação .odp
Áudio .mp3, .FLAC, .ogg
Vídeos .mkv, .webM, .mp4(codec x264)
Webpage HTML5
e-book epub
Fórmula Matemática MathML
Imagens PNG, SVG

Interoperabilidade em REA

Sempre que for possível é recomendada a construção de objetos autocontidos (todos os arquivos devem estar armazenados dentro o recurso), sem dependências externas, o que garante maior portabilidade e perecibilidade do material, além de facilitar o compartilhamento e reutilização. Porém alguns recursos educacionais podem necessitar recursos tecnológicos particulares que nem sempre estará disponível dentro do Moodle ou outro LMS (Learning Management System) de escolha. No caso de necessidade de desenvolvimento de um REA externo, por exemplo, na criação de um Jogo Educacional, de um Simulador, de experiências em Realidade Virtual, de Vídeos Interativos, de uma trilha de aprendizagem HTML5 ou de um aplicativo educacional, faz-se necessário a utilização de algum mecanismo que permita a interoperabilidade entre o REA externo e o LMS a fim de realizar registros da trilha de aprendizagem ou resultados da experiência de aprendizagem.

O que é interoperabilidade?

Interoperabilidade é a capacidade de um sistema ou um objeto digital trocar informações entre si. Para tal utilizam-se diversos mecanismos, tais como WebService (canal de comunicação direta entre dois sistemas ou objetos) e troca de arquivos (os dados são depositados em um arquivo e esse arquivo é transferido). Para que a comunicação seja estabelecida é necessário adotar ou construir um padrão de comunicação entre esses sistemas ou objetos digitais, de tal forma que seja possível a interpretação dos dados que estão sendo transferidos.

A interoperabilidade pode ser entendida como uma característica que se refere à capacidade de diversos sistemas e organizações trabalharem em conjunto (interoperar) de modo a garantir que pessoas, organizações e sistemas computacionais possam interagir e trocar informações de maneira eficaz e eficiente. Dentre as dimensões que englobam o conceito de interoperabilidade (organizacional, semântica e técnica), pode-se afirmar que ao adotar padrões técnicos para interoperabilidade possibilitamos a recuperação de recursos heterogêneos armazenados em diferentes servidores, construídos em plataformas distintas, sem a necessidade de conhecimento prévio sobre tais aspectos.

A primeira recomendação para a produção de Recursos Educacionais Abertos deste guia é que estes sejam desenvolvidos utilizando o formato HTML5. O HTML5 é a mais recente evolução do padrão que define o HTML com novos elementos, atributos, e comportamentos com um conjunto maior de tecnologias que permite o desenvolvimento de aplicações e websites mais diversos e poderosos, incorporando aspectos como:

  • Semântica: permite você descrever mais precisamente o seu conteúdo;
  • Conectividade: permite uma comunicação com o servidor de formas modernas e inovadoras;
  • Offline e armazenamento: Permite que páginas web armazenem dados localmente do lado do cliente e opere de forma offline mais eficientemente;
  • Multimídia: Viabiliza a utilização de áudio e vídeo de forma primorosa na Web Aberta;
  • Gráficos e efeitos 2D/3D: viabiliza um leque diversificado de opções de representação gráfica;
  • Performace e integração: fornece grande otimização de velocidade e melhor utilização do hardware do computador;
  • Acesso ao dispositivo: viabiliza a utilização de diversos métodos e dispositivos de entrada e saída;
  • Estilização: permite aos autores a escrita de temas mais sofisticados.

Desde o início da adoção de objetos de aprendizagem, os aspectos referentes a interoperabilidade se tornaram um assunto na pauta de diversos grupos de especialistas. Com isso, surgiram alguns como o AICC[1] e SCORM[2].

Um dos padrões abertos de Interoperabilidade disponíveis é o Learning Tools Interoperability (LTI) ou Ferramenta de Interoperabilidade da Aprendizagem criada pelo consórcio IMS Global Learning que é compatível com diversas linguagens de programação e também compatível com a maioria dos LMS do mercado, inclusive com o Moodle e pode ser executado internamente ou externamente ao LMS. Segundo a IMS Global, o LTI constitui uma aplicação de aprendizagem completa (muitas vezes hospedadas remotamente e fornecidas através de serviços de terceiros) com plataformas e sistemas de gerenciamento de aprendizagem (LMS), portais, repositórios de objetos de aprendizagem ou outros ambientes educacionais gerenciados localmente ou na nuvem. No LTI, esses aplicativos de aprendizagem são chamados de Ferramentas, entregues por Provedores (Tool Providers), e o LMS ou plataformas são chamados Consumidores (Tool Consumers) também conhecidos como Clientes ou LTI Player.

Interoperabilidade LTI

Usando o LTI, se você possui uma aplicação de avaliação interativa ou um laboratório de química virtual, ele pode ser conectado de forma segura a uma plataforma educacional de forma padrão sem ter que desenvolver e manter integrações personalizadas para cada plataforma, economizando tempo e custos significativos de desenvolvimento. De forma resumida, a função do LTI é estabelecer processos de comunicação segura entre os recursos educacionais e o LMS ao final da execução de um REA, com o objetivo de notificar o resultado final da operação(uma nota, se houve falhas, sucesso e etc). No entanto, o LTI não permite o rastreamento do progresso e interação do usuário com o objeto.

Novos padrões: xAPI e CMI5

Com o objeto de proporcionar a comunicação e rastreabilidade dos REA com o LMS, novos padrões surgiram para cobrir o que os demais não completavam, como o xAPI e CMI5. Estes padrões são melhores descritos abaixo.

xAPI

Também conhecido como TinCan ou ExperienceAPI é uma especificação aberta, conduzida pela ADL(Advanced Distributed Learning Initiative), para tecnologias educacionais que permite que o conteúdo de aprendizagem e os sistemas de aprendizagem falem entre si de uma maneira que registre e rastreie todos os tipos de experiências de aprendizado.

Após serem criadas, as experiências de aprendizagem são armazenadas nos chamados Learning Record Stores(LRS), um conceito introduzido pela xAPI. Um LRS é um serviço Web que provê mecanismos de inserção e consulta de experiências de aprendizagem por meio do protocolo HTTP. Os LRSs podem existir dentro de sistemas tradicionais de gerenciamento de aprendizado (LMSs) (figura 1) ou por conta própria (figura 2)

Características do xAPI:

  • Portabilidade (graças ao Learning Record Store)
  • Independência de navegador
  • Capacidade de rastrear um número maior de atividades
  • Acompanhamento de aprendizado off-line

LRS no LMS

LRS independente

Acessibilidade em REA

Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcançar para utilização, com segurança e autonomia, a espaços físicos, urbanísticos bem como acesso informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. As diretrizes para desenvolvimento de sistemas educacionais com acessibilidade na rede mundial de computadores podem são definidas no âmbito da World Wide Web Consortium (W3C) que possui cartilha atualizada e traduzida para português disponível em http://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-web-fasciculo-I.html.

Não existem regras específicas para uso de acessibilidade no contexto educacional, uma vez que já existem normas como as determinados pelo W3C que orientam o desenvolvimento de objetos digitais em diversos padrões tecnológicos, porém existem estudos que indicam a importância do planejamento pedagógico da informação contida no REA para que a mensagem educacional seja acessível a todos os utilizadores, de forma universal, sem excludentes nem conformação de barreiras ao completo entendimento.

Por exemplo, uma imagem utilizada em um material educacional sem a devida descrição textual, pode ser considerada uma barreira ao entendimento para um usuário cego ou com baixa visão. Assim é necessária a aplicação de algumas boas práticas na construção de REA e de ambientes virtuais de aprendizagem, para se garantir a acessibilidade a todos.

Boas Práticas de acessibilidade

  • Navegação fácil e intuitiva: quem utiliza a navegação pelo teclado ou por software leitor de telas necessita que os links de navegação sejam organizados de forma clara e hierarquizadas em grau de importância, sendo que os links de maior importância devem ser dispostos em seções de conteúdos mais superiores e mais à esquerda da tela. Documentos com grande quantidade de informações, sempre que possível, devem ser acompanhado de índices para facilitar a navegação no documento;
  • Descrição textual de imagens: imagens, gráficos, infográficos, desenhos, ilustrações, fotografias que tenham algum significado devem ser descritas, e bem descritas, de forma a promover o completo entendimento da mensagem em seu contexto educacional. As imagens devem ser acompanhadas de título e descrição e, se necessário, um texto alternativo mais longo e detalhado as informações da imagem.
  • Audiodescrição e legenda em vídeos: a legenda em vídeos é importante para o entendimento por pessoas surdas e cegas, mas para garantir total entendimento a pessoas cegas também é necessário a audiodescrição que consiste numa segunda trilha de áudio onde um narrador descreve as cenas do vídeo com informações importantes para o entendimento do contexto.
  • Formatos de mídias mais acessíveis: recursos educacionais desenvolvidos em HTML ou HTML5 são ideais pois permitem construir recursos plena navegabilidade em todos os dispositivos (mouse, teclado, leitor de tela). Arquivos de textos nos formatos DOC, DOCX, ODT, PDF também possibilitam a criação de conteúdos acessíveis e navegáveis, porém exige do usuário a manipulação de software adicional para acessar o conteúdo. Já o formato PDF apresenta uma outra desvantagem pois o texto não é contido em parágrafos, o que é um dificultador na leitura com software leitor de telas.

Para relembrar

Recursos Educativos Abietos

REAs são:

...materiais de ensino, aprendizado e pesquisa, em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos educacionais abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento..

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