Uma ideia que surgiu durante a visita da cônsul geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Jacqueline Ward, à Fiocruz, em 2021, ganhou forma e se concretizará este ano. A participação de três pesquisadores da Fundação no International Visitor Leadership Program (IVLP), uma iniciativa de intercâmbio financiada pelo Departamento de Estado americano, foi um dos temas da reunião com uma nova delegação da representação diplomática americana na última sexta-feira (28/1). No encontro, na sala do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), no Rio de Janeiro, foram discutidas ainda as ações da Fiocruz no combate à pandemia de Covid-19, assim como uma possível colaboração entre as bibliotecas da Fundação e a do Congresso dos EUA, além de novas áreas de cooperação com instituições científicas e de educação do país.
Sofia M. Khilji, cônsul chefe do Departamento de Política e Economia, Marco S. Sotelino, cônsul para Assuntos Econômicos, e Paul Losch, diretor da Biblioteca do Congresso, trouxeram atualizações sobre o IVLP. No caso do programa deste ano, o tema escolhido foi a Promoção da Colaboração Bilateral na Ciência em Saúde, elaborado especialmente para um grupo de dez brasileiros, dos quais três serão da Fiocruz. De 10 a 18 de abril, os integrantes deverão visitar instituições como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos), e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), além de universidades e empresas de tecnologia em saúde.
A reunião, no entanto, foi além do IVLP. A delegação foi recebida por Cristiani Vieira Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), que deu uma visão geral da atuação da Fiocruz no território brasileiro, destacando os cursos à distância, elaborados pelo Campus Virtual Fiocruz, rapidamente estabelecidos para treinar profissionais de saúde a lidarem com o novo coronavírus. Rodrigo Correa de Oliveira, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), contou sobre o legado das ações contra a Covid-19, como o estabelecimento da Rede Genômica Fiocruz, o Biobanco Covid-19 Fiocruz e a pesquisa com vacina com RNA mensageiro. Já Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), contou não só sobre a realização da G-Stic Rio, conferência global que visa a busca de soluções de desenvolvimento sustentável e que será realizada de 13 a 15 de fevereiro, como sobre o Complexo Industrial e Saúde.
Sofia Khilji lembrou a colaboração de longa data entre a Fiocruz e instituições científicas americanas e destacou o que ouviu sobre tecnologia sustentável. “É muito importante não perdermos o que foi alcançado durante a pandemia, porque outras crises virão. São importantes essa resiliência, as respostas para desastres e em relação a comunidades vulneráveis, como os Yanomamis, assim como defender os recursos naturais da Amazônia e do Pantanal. Essas são áreas em que a parceria pode aumentar com nossos centros epidemiológicos e com os Institutos Nacionais de Saúde”, disse.
Cristiani lembrou a chegada de sete estudantes de Princeton. “Em troca, recebemos duas ‘bolsas sanduíches’. Já chegaram mais propostas. Esse é um tipo de intercâmbio que poderia avançar com outras instituições”.
Participaram ainda do encontro Pedro Burger, coordenador adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz); Valber Frutuoso, assessor de Relações Institucionais da Presidência da Fiocruz; e Vinicius Cotta de Almeida, coordenador adjunto de Educação Internacional (CGE/Vpeic/Fiocruz).
Imagem: Peter Ilicciev
A segunda edição do SciNext: Nova geração de cientistas, organizado pela Fiocruz Bahia, está com as inscrições abertas até 31 de agosto pelo Campus Virtual Fiocruz. O evento tem por objetivo discutir sobre a valorização do cientista, estratégias e oportunidades de carreira científica nacional e internacional. O evento será online e está marcado para o dia 10 de setembro por meio da plataforma Zoom. Ele é voltado a alunos de ensino médio, graduação, pós-graduandos e interessados ligados à Fiocruz e outras instituições de ensino superior.
O SciNext é resultado da parceria entre o Grupo Mulheres do Brasil - núcleo Vale do Silício e Fiocruz Bahia. As palestras e mesas-redondas serão ministradas por pesquisadoras convidadas, cientistas da Fiocruz Bahia e brasileiras que exercem cargos científicos nos Estados Unidos em diversas áreas.
Na programação, também estão previstas oficinas e atividades práticas interativas de posturas, respiração e concentração.
A Fiocruz vai receber um grupo de estudantes americanos vindos da Universidade de Princeton, Estados Unidos. O intercâmbio é fruto de um memorando de entendimento entre as instituições e receberá, ao todo, sete estudantes que atuarão em cinco de nossas unidades. Os quatro primeiros integrantes da comitiva chegaram à Fundação em 9 de junho e foram recepcionados com uma aula sobre a história da Saúde no Brasil, proferida pelo pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Gilberto Hochman, que é também professor do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde e pesquisador (PPGHCS/COC). Os estudantes ficarão na Fiocruz por oito semanas. Os outros três integrantes da missão chegarão na instituição no mês de julho.
O objetivo do memorando de entendimento entre a Universidade de Princeton e a Fiocruz é estabelecer um ambiente cooperativo e definir, em comum acordo, as bases da cooperação internacional a ser desenvolvida nas áreas de ensino, pesquisa e intercâmbio de estudantes no campo da saúde.
Neste primeiro ano, cinco unidades da Fiocruz receberão estudantes
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, destacou o fato de Princeton ter um Programa de Saúde Global bastante expressivo e de caráter interdisciplinar, lembrando que os estágios de verão (summer internship) estão entre suas ações. “Nessa estratégia de fortalecimento da nossa parceria, a expectativa é que os estagiários conheçam o trabalho desenvolvido pela Fiocruz em suas diversas áreas de interesse, tenham a vivência da inserção em projetos de pesquisa, além de colaborarem com elas, sendo uma experiência profissional rica e de muito aprendizado para esses estudantes”, disse Cristiani entusiasmada.
Neste primeiro ano, os estagiários desenvolverão pesquisas no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), sob a coordenação de Leticia Lery e Roberta Olmo; na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) com Carlos Machado; na Casa de Oswaldo Cruz com André Felipe Cândido da Silva; no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) com Marcos Nascimento, Adriana Castro e Paula Gaudenzi; e no Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Evandro Chagas (INI/Fiocruz) com Claudia Valete e Rodrigo Menezes. Os temas tratados serão Resistência antimicrobiana; Pesquisa em hanseníase; Redução de riscos de desastres na saúde; História, ecologia e saúde no antropoceno; e saúde pública e pesquisa aplicada na área da saúde da mulher, criança e adolescente.
Outro propósito da iniciativa, segundo Cristiani, é estreitar a nossa cooperação com a Universidade, “envolvendo outras ações de mobilidade de estudantes, de lá pra cá e daqui pra lá. Essa é a primeira experiência da Summer School de Princeton com a Fiocruz, mas, para além disso, pretendemos ampliar essas estratégias de intercâmbio e de mobilidade e, se possível, em um momento futuro, avançar para outras iniciativas conjuntas mais profícuas, como temos com diversas outras instituições internacionais, incentivando a mobilidade de estudantes de pós-graduação e abarcando o intercâmbio de pesquisadores visitantes”, comentou.
Após quase um mês do início desta ação, em 11/7, a Fiocruz receberá o diretor dos Programas de Pós-graduação de Saúde Global da Universidade de Princeton, Gilbert Collins, para uma agenda estratégica que prevê uma série de reuniões de acompanhamento dos estagiários, visando o debate conjunto de novas iniciativas, e, sobretudo, o fortalecimento da parceria entre as instituições.
A cooperação internacional com a Universidade de Princeton
A iniciativa surgiu a partir de uma visita da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, em outubro de 2021, à Universidade de Princeton, quando ela quando participou de um colóquio sobre saúde global na instituição. O memorando de entendimento foi acordado pela presidência da Fiocruz, mas a condução de todo o processo está a cargo da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fundação.
Já no âmbito desta cooperação, em abril de 2022, dois pesquisadores da Fundação, um do INI e um do IOC, estiveram em Princeton participando de um seminário sobre resistência microbiana. Após o convite de Princeton para a Summer School, Cristiani contou que diferentes áreas foram mobilizadas para receber os alunos neste estágio de verão, pelo período de dois meses. As vagas foram desenhadas nos campos de interesse manifestados por Princeton, que selecionou os estudantes num processo anual tradicional da instituição.
A vice-presidente salientou ainda que a iniciativa está em consonância com a Política de Internacionalização da Fiocruz, que visa fortalecer laços e parcerias com instituições acadêmicas de excelência e cooperações Norte-Sul e Sul-Sul, e, mais especificamente, com as políticas de internacionalização do Ensino e com o envolvimento do maior número possível de programas de pós-graduação e unidades. “Neste momento, os estagiários estão na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, como uma primeira experiência, mas já adiantamos para Princeton o nosso interesse em estender os summer internship para unidades da Fundação de outros estados do Brasil”, concluiu Cristiani.
Imagens: Jeferson Mendonça, fotógrafo da COC/Fiocruz