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Publicado em 17/02/2020
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Fiocruz organiza talk show para celebrar o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

Autor(a): 
João Marcello Boueri Rossigneux*

No dia 11 de fevereiro de 2020, Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu um talk-show oriundo do projeto Mais Meninas na Ciência. Promovida pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), a atividade está dentro das comemorações dos 120 anos da instituição. A iniciativa foi do Grupo de Trabalho Mulheres e Meninas na Ciência, em parceria com os laboratórios de pesquisa das unidades técnico-científicas, o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde e a Fiocruz Mata Atlântica.

O evento contou com a presença de estudantes da rede pública do estado do Rio de Janeiro que, no dia anterior, visitaram laboratórios da instituição sob a responsabilidade de 63 pesquisadoras mulheres da Fiocruz, com o objetivo de vivenciarem uma imersão monitorada para aproximá-las de atividades científicas. Mais de 150 alunas se inscreveram para o projeto, sendo 50 selecionadas de 7 instituições públicas de ensino médio para participarem das atividades.

Na abertura do dia 11, foi reproduzida uma mensagem em vídeo da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que lembrou da importância da data. ‘‘O mote dessa atividade é pensar que a mulher pode ser o que ela quiser, mas deve ter a oportunidade de ver a carreira científica como uma atividade importante para as mulheres, para a sociedade e para o fortalecimento da presença das mulheres em um trabalho tão importante quanto o trabalho da ciência’’, afirmou a presidente.

Inspiração para futuras cientistas

A primeira roda de conversa contou com a presença de Cristiani Vieira Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação; Mychelle Alves, vice-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (ASFOC); Hilda Gomes, da coordenação colegiada do Comitê Fiocruz Pró-Equidade de Gênero e Raça; e Astrid Bant, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil.

Cristiani Vieira Machado ressaltou a importância do projeto dentro do calendário da comemoração dos 120 anos da Fundação. ''A Fiocruz é uma das instituições mais antigas da América Latina, que trabalha pelos direitos sociais, direito à saúde, geração de conhecimento e em defesa da vida. Aqui há uma variedade grande de atividades de pesquisa, ensino, comunicação, produção de medicamentos e vacinas e divulgação científica. Nesses 120 anos, uma das estratégias prioritárias é o programa Mulheres e Meninas na Ciência, lançado em 2019, com o objetivo de valorizar a trajetória das mulheres cientistas, promover estudo sobre essa temática de gênero e incentivar meninas para que olhem a ciência como uma possibilidade'', afirmou a vice-presidente.

Já Hilda Gomes destacou o orgulho de fazer parte da Fundação e de vivenciar essa oportunidade para refletir sobre a situação da mulher negra na carreira científica. ‘‘Segundo a ONU, apesar dos importantes avanços nas políticas de ações afirmativas, as mulheres negras ainda estão em menor proporção no ensino superior do que a população branca. Apenas 12,8% das mulheres negras têm acesso ao ensino superior contra cerca de 24% de mulheres brancas. Esses dados reforçam a importância de reconhecer este público como um grupo socialmente vulnerabilizado", destacou.

Sobre escolhas, Mychelle Alves comentou a necessidade de aproveitar as oportunidades da vida. ''Eu pensava em cursar Direito, mas tive uma oportunidade em minha vida que mudou a minha escolha. Das três meninas que estiveram comigo na atividade de imersão, duas são alunas do Instituto Federal do Rio de Janeiro, onde cursam o ensino técnico em Química: foi lá que tive a grande oportunidade da minha vida, quando realizei o mesmo curso. Foi através dessa oportunidade que encontrei a ciência e me tornei pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz'', relatou Mychelle.

 “O primeiro passo também é importante. Agarrem oportunidades. Arrisquem-se. Peçam bolsas e estágios. Sejam ativas. Procurem contatos que possam ajudá-las. Em minha trajetória, muitas mulheres generosas me ajudaram. Essas mentoras podem dar oportunidades, dicas e conselhos”, finalizou a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant.

O microfone é delas

Na sequência, Márcia Corrêa e Castro, superintendente do Canal Saúde/Fiocruz, conduziu o talk show, no qual as jovens estudantes da rede pública e pesquisadoras participantes do projeto realizado no dia anterior puderam debater as experiências vividas na Fiocruz. A primeira parte do bate-papo contou com a participação das pesquisadoras Simone Kropf, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e Corina Mendes, do Instituto Nacional de Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), além das alunas que visitaram os laboratórios de pesquisa das referidas pesquisadoras, Ana Carolina Grijó, estudante do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Luana Linda da Silva, estudante do CEFET/RJ, campus Nova Iguaçu.

''Todo mundo carrega um pouco da Fiocruz dentro de si. Gostaria que vocês carregassem um pouco da Fiocruz dentro de vocês também, por essa experiência que estão tendo aqui que vai se tornar passado no dia seguinte, mas carregamos esse passado dentro de nós. Esse passado vai ser o que vai configurar o horizonte de expectativas de vocês'', disse Simone Kropf para as alunas presentes, em uma de suas falas.

Na segunda parte da dinâmica, as alunas Ananda Santana, do Colégio Estadual Círculo Operário, e Mariana Rocha, do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro foram sorteadas. Junto com elas, as pesquisadoras Roberta Olmo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Simone Valverde, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) participaram do bate-papo. A estudante Ananda confidenciou um acontecimento de machismo quando era atleta de Kung Fu. ''A sociedade não imagina uma menina lutando Kung Fu. Você escuta que não pode fazer certa atividade por ser menina. Entretanto, na prática, diversas meninas lutavam Kung Fu e eu conquistei a medalha de ouro à época'', contou a jovem. ''Muitas vezes mulheres e homens dividem o mesmo espaço, mas o que falamos é negado e somos tratadas de forma infantilizada'', acrescentou.

Na parte final do evento, a coordenadora do Grupo de Trabalho Mulheres e Meninas na Ciência, Cristina Araripe, comentou sobre a importância da memória da pesquisadora Drª Virgínia Schall**, do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). ''A presença aqui nesse espaço é simbólico: a Tenda da Ciência recebe o nome da Virgínia Schall, com quem tive a oportunidade de participar de projetos e que me ensinou que a Fiocruz tem um espaço para trabalharmos atentas para a questão da diversidade,  em todos os sentidos'', afirmou Araripe. ''Para construir esse evento nós nos baseamos no trabalho que a ONU realizou em 2018 com os 10 princípios de comunicação, para falar sobre gênero, e quase todos esses princípios estiveram presentes aqui hoje'', concluiu.

Confira a galeria de imagens abaixo para mais fotos do evento!
 

*Colaborou Valentina Leite (Campus Virtual Fiocruz)
**Virgínia Schall foi uma importante pesquisadora da Fundação, que concebeu o primeiro projeto do Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Além disso, participou da equipe de implantação, sendo responsável pela criação do Ciência em Cena, teatro que apresenta peças sobre temas científicos.